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BNDES facilita crédito a usinas do Madeira
Banco de fomento concede empréstimo-ponte para linhas de transmissão de energia que pode chegar a US$ 7 bilhões
Crise global seca linhas de financiamento também para grandes projetos de
infra-estrutura, e BNDES oferece crédito mais barato
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Para evitar o fracasso do leilão da linha de transmissão das
usinas do Rio Madeira (RO), o
BNDES anunciou ontem condições mais favoráveis de financiamento do empreendimento, orçado em R$ 7 bilhões.
O banco estatal oferecerá um
empréstimo-ponte até que o
crédito definitivo seja aprovado, alongará o prazo de pagamento e abrirá uma linha para
financiar equipamentos importados.
Pela primeira vez, o BNDES
concederá um empréstimo-ponte para uma operação de
grande porte. O crédito serve
para que os vencedores do leilão toquem o projetos até que o
financiamento de longo prazo,
também concedido pelo
BNDES, seja aprovado, o que
pode levar mais de seis meses.
Tal modalidade é oferecida
por bancos privados, mas, por
causa da crise, essas linhas se
fecharam. Diante disso, os interessados no leilão procuraram
o BNDES, que atendeu ao pleito. Também em razão da crise,
a oferta da linha de transmissão, marcada inicialmente para
31 de outubro, foi adiada para o
final deste mês.
"Estamos cobrindo essa falha de mercado, provocada pela
crise. Vamos substituir essas
fontes, que se fecharam agora",
disse Wagner Bittencourt, diretor de infra-estrutura do
BNDES.
Ele disse, porém, que as taxas
de juros não serão subsidiadas
e seguiram o padrão de mercado antes da crise. O juro será de
14,5% ao ano, com "spread" básico de 1,3% e mais taxa de risco
de 0,46% a 3,5%, dependendo
do perfil do tomador.
O empréstimo-ponte está limitado a até 21% do valor total
do projeto. Ao todo, o BNDES
financiará 70% do empreendimento.
Quando o financiamento definitivo for aprovado pelo banco, o vencedor do leilão pagará
o empréstimo-ponte. Ele será
substituído pelo crédito de longo prazo do BNDES, cuja taxa
de juro é menor -6,25% da
TJLP (Taxa de Juro de Longo
Prazo) ao ano, mais "spread" de
1,3%.
O banco estatal também ampliou o prazo total de pagamento -de 16 para 20 anos- e o período de carência -de dois para
quatro anos.
"É uma operação muito complexa, com muitas dificuldades
técnicas e um custo muito elevado", afirmou Bittencourt, ao
justificar as condições especiais para a linha do Madeira
-que terá 2.500 km de extensão.
O BNDES financiará ainda a
compra de equipamentos no
exterior, desde que não exista
similar fabricado no Brasil.
Nesse caso, o custo do empréstimo será a variação do IPCA.
Bittencourt afirmou que o
BNDES tem realizado captações para atender à crescente
demanda em razão da crise,
que secou as linhas de crédito
bancária. Esses recursos, diz,
têm custo mais alto, que será
repassado ao clientes.
Um exemplo é a captação de
R$ 2,5 bilhões obtida junto à
Caixa e ao Banco do Brasil, ao
custo do CDI. Parte desses recursos será destinada aos empréstimos-ponte.
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