São Paulo, terça-feira, 18 de novembro de 2008

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Após BrT, Sky pode ser próximo alvo da Oi

Executivos das empresas já conversaram, mas negócio não prosseguiu porque a Oi achou alto o preço pedido, de US$ 5 bi

Acionista minoritária da Sky Brasil, com 26% das ações, Globo diz que venda é apenas uma questão de tempo e de oportunidade

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Depois da Brasil Telecom, a Sky pode ser o próximo alvo de compra da Oi/Telemar. Embora a Sky negue a existência de qualquer negociação de venda, a Folha apurou que, para as Organizações Globo, sua acionista, a venda é apenas questão de preço e de oportunidade.
No início deste ano, o presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, chegou a se reunir, em Nova York, com Bruce Churchill, presidente da DirecTV Latin America, divisão da DirecTV Group, que tem o controle acionário da Sky Brasil.
Várias opções de negócio foram aventadas, mas as negociações não prosseguiram, aparentemente, porque a Oi achou muito salgado o preço que lhe foi apresentado: US$ 5 bilhões.
Um acionista da Oi/Telemar afirmou à Folha que a Sky, a preço justo, interessaria muito à Oi, mas que o preço apresentado foi tão alto que ele tem dúvida sobre se a Sky Brasil, de fato, está à venda.
A Globo é acionista minoritária da Sky Brasil, com 26% das ações, mas o sócio controlador norte-americano só pode vender a operação de TV paga no Brasil com a concordância da família Marinho. Pelo acordo existente entre os acionistas, a Globo pode vetar o nome de um comprador.
Segundo um alto executivo das Organizações Globo, o grupo não considera relevante continuar sócio da Sky, mas também não há razão -nem financeira nem de caráter regulatório - para precipitar a venda da empresa.
Depois que as negociações sobre a Sky esfriaram, a Oi decidiu criar uma operação própria de TV por assinatura com transmissão por satélite, a exemplo do que fez a Telefônica. Em setembro, a empresa pagou R$ 470 mil por uma licença de DTH (sigla do serviço de TV paga com transmissão direta de satélite) da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e anunciou que vai inaugurar seu serviço de TV por satélite no início do ano que vem.
Na avaliação da Globo, a iniciativa não extinguiria o interesse da Oi pela Sky, por causa de sua base de 1,7 milhão de clientes.
As teles estão numa corrida para oferecer telefonia, acesso à internet e TV por assinatura em um mesmo pacote, em reação à Net, que oferece esses serviços e se tornou a segunda empresa em assinantes de banda larga do país.
Segundo dados do site Teleco, especializado em telecomunicações, o país tem 6,1 milhões de assinantes de TV paga, dos quais 2,06 milhões recebem os sinais por satélite. Por esses números, a Sky tem 28% do total de assinantes de TV paga no país.

Mudança de foco
A Globo diz que seu foco atual é a produção de conteúdo e que nenhum ativo de distribuição de conteúdo para TV paga é considerado estratégico pelo grupo. É uma mudança radical, comparando-se com a política de verticalização que predominou no grupo nos anos 90, quando a Globo se tornou acionista controladora da Net -um conglomerado de operações de TV a cabo- e da Sky.
A Sky foi constituída há 12 anos numa associação entre a família Marinho e a News Corporation, do magnata mundial das comunicações Rupert Murdoch. A Globo (com o grupo gaúcho RBS) tinha 60% das ações. Ao longo dos anos, essa participação foi diminuindo.
Em 2002, a Globo deixou de ser acionista controladora. O grupo enfrentava uma crise financeira, por causa do endividamento externo da Net. Ao deixar o controle da Sky, a Globo livrou-se da responsabilidade de garantir a compra de satélites e de acompanhar a News nos investimentos na Sky.
A News comprou a DirecTV, nos Estados Unidos, em novembro de 2003. Com exceção do Brasil e do México, os clientes da Sky migraram para a DirecTV. No Brasil e no México, a marca Sky é que sobreviveu.
Em 2006, o grupo Liberty, presidido por John Malone, ficou com a participação da News na DirecTV. Na avaliação de executivos ouvidos pela Folha, Malone não tem projeto de longo prazo para a DirecTV, assim como a Globo não tem projeto de longo prazo para a Sky.


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