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Cresce a chance de Meirelles
ficar no BC
Com pouco espaço para concorrer aos cargos que almeja em 2010, ele volta a dizer que pode atender ao pedido de Lula para ficar
Indicação de novo diretor do BC foi saída de Meirelles para acomodar indefinições por causa de sua possível candidatura política
SHEILA D'AMORIM
VALDO CRUZ
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A troca de Mario Torós por
Aldo Luiz Mendes na diretoria
de Política Monetária foi a saída encontrada pelo presidente
do Banco Central, Henrique
Meirelles, que melhor acomoda a indefinição sobre seu futuro político em 2010.
Com pouco espaço para concorrer aos cargos que mais cobiça -uma vaga de vice na chapa presidencial encabeçada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ou ao governo de
Goiás-, a cada dia aumentam
as chances de Meirelles permanecer no comando do BC até o
final do governo Lula.
Ontem, ele mesmo sinalizou
isso ao comentar a troca na diretoria do BC. "A maior probabilidade é que eu atenda o convite do presidente Lula e fique
no banco até o final [do governo]. Mas existe uma possibilidade [de candidatura] que vou
considerar com serenidade, em
março de 2010", disse.
Segundo Meirelles, neste ano
não deverá haver novas substituições no BC. "Não está previsto nenhum movimento próximo no BC." Ao menos dois
outros diretores estão na fila de
saída à espera do melhor momento: Mário Mesquita (Política Econômica) e Antônio Gustavo Matos do Vale (Liquidações). "Esses diretores manifestaram o seu desejo e a sua
concordância de estarem comigo na gestão do banco", disse
Meirelles ontem.
Indicado pelo diretor Alexandre Tombini (Normas) com
o apoio do seu colega Matos do
Vale e a bênção do presidente
do Banco do Brasil, Aldemir
Bendine, e do ex-ministro da
Fazenda Antonio Palocci,
Mendes se encaixa tanto numa
possível nova gestão no BC
quanto na de Meirelles.
No tabuleiro armado por
Meirelles nos últimos dois meses, se ele se desligar do banco
em março de 2010, Tombini -o
candidato mais cotado para
substituí-lo- já terá uma equipe bem afinada, que ele mesmo
ajudou a montar.
Ficará faltando, porém, um
nome para a área de pesquisa
econômica, pilar do regime de
metas de inflação e considerada a diretoria mais importante
no BC. Mário Mesquita já havia
pedido para sair no final deste
ano, mas aceitou adiar a decisão para março do ano que vem.
Segundo a Folha apurou,
diante da dificuldade em achar
um substituto no mercado para
a área, Mesquita fixou a data
como prazo máximo de permanência no BC, independentemente dos desdobramentos da
vida política de Meirelles. Já
Matos do Vale pode ficar para
ajudar Tombini.
Por outro lado, se Meirelles
desistir de se candidatar em
2010, não terá tanto transtorno
para montar sua equipe do último ano de governo. Com a diretoria de Política Monetária já
certa até o final do governo Lula, Tombini poderia ocupar a
vaga de Mesquita, já que vem
da área de pesquisa econômica.
A diretoria de Normas seria
preenchida por alguém da casa.
Negociação
A indicação de Mendes foi
planejada nos últimos 45 dias.
Com três nomes para substituir Torós, Meirelles se convenceu de que Mendes era a peça que melhor se encaixava na
sua estratégia, mesmo não sendo um nome propriamente seu.
No final de outubro, Meirelles
levou o nome ao ministro Guido Mantega (Fazenda).
A conversa sobre Mendes
continuou na viagem dos dois a
Londres para a reunião do G20.
Na quarta-feira passada, dia 11,
Mendes conversou com Meirelles na sede do BC. No mesmo
dia, foi sabatinado por Mantega, na Fazenda, como é praxe
na troca de diretoria. Ali ficou
selada a indicação.
A assessoria parlamentar
tenta marcar a sabatina de
Mendes na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado
(CAE) para a próxima terça-feira. Aprovado na CAE, o nome
de Mendes precisa ser votada
em plenário, o que pode ocorrer no dia seguinte. A ideia é
que Mendes já esteja no BC para participar da próxima reunião do BC para decidir os juros
básicos, em 8 e 9 de dezembro.
Colaborou KENNEDY ALENCAR ,
da Sucursal de Brasília
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