São Paulo, quarta-feira, 18 de novembro de 2009

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Cresce a chance de Meirelles
ficar no BC

Com pouco espaço para concorrer aos cargos que almeja em 2010, ele volta a dizer que pode atender ao pedido de Lula para ficar

Indicação de novo diretor do BC foi saída de Meirelles para acomodar indefinições por causa de sua possível candidatura política

SHEILA D'AMORIM
VALDO CRUZ
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A troca de Mario Torós por Aldo Luiz Mendes na diretoria de Política Monetária foi a saída encontrada pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que melhor acomoda a indefinição sobre seu futuro político em 2010.
Com pouco espaço para concorrer aos cargos que mais cobiça -uma vaga de vice na chapa presidencial encabeçada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ou ao governo de Goiás-, a cada dia aumentam as chances de Meirelles permanecer no comando do BC até o final do governo Lula.
Ontem, ele mesmo sinalizou isso ao comentar a troca na diretoria do BC. "A maior probabilidade é que eu atenda o convite do presidente Lula e fique no banco até o final [do governo]. Mas existe uma possibilidade [de candidatura] que vou considerar com serenidade, em março de 2010", disse.
Segundo Meirelles, neste ano não deverá haver novas substituições no BC. "Não está previsto nenhum movimento próximo no BC." Ao menos dois outros diretores estão na fila de saída à espera do melhor momento: Mário Mesquita (Política Econômica) e Antônio Gustavo Matos do Vale (Liquidações). "Esses diretores manifestaram o seu desejo e a sua concordância de estarem comigo na gestão do banco", disse Meirelles ontem.
Indicado pelo diretor Alexandre Tombini (Normas) com o apoio do seu colega Matos do Vale e a bênção do presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, e do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, Mendes se encaixa tanto numa possível nova gestão no BC quanto na de Meirelles.
No tabuleiro armado por Meirelles nos últimos dois meses, se ele se desligar do banco em março de 2010, Tombini -o candidato mais cotado para substituí-lo- já terá uma equipe bem afinada, que ele mesmo ajudou a montar.
Ficará faltando, porém, um nome para a área de pesquisa econômica, pilar do regime de metas de inflação e considerada a diretoria mais importante no BC. Mário Mesquita já havia pedido para sair no final deste ano, mas aceitou adiar a decisão para março do ano que vem.
Segundo a Folha apurou, diante da dificuldade em achar um substituto no mercado para a área, Mesquita fixou a data como prazo máximo de permanência no BC, independentemente dos desdobramentos da vida política de Meirelles. Já Matos do Vale pode ficar para ajudar Tombini.
Por outro lado, se Meirelles desistir de se candidatar em 2010, não terá tanto transtorno para montar sua equipe do último ano de governo. Com a diretoria de Política Monetária já certa até o final do governo Lula, Tombini poderia ocupar a vaga de Mesquita, já que vem da área de pesquisa econômica.
A diretoria de Normas seria preenchida por alguém da casa.

Negociação
A indicação de Mendes foi planejada nos últimos 45 dias. Com três nomes para substituir Torós, Meirelles se convenceu de que Mendes era a peça que melhor se encaixava na sua estratégia, mesmo não sendo um nome propriamente seu. No final de outubro, Meirelles levou o nome ao ministro Guido Mantega (Fazenda).
A conversa sobre Mendes continuou na viagem dos dois a Londres para a reunião do G20. Na quarta-feira passada, dia 11, Mendes conversou com Meirelles na sede do BC. No mesmo dia, foi sabatinado por Mantega, na Fazenda, como é praxe na troca de diretoria. Ali ficou selada a indicação.
A assessoria parlamentar tenta marcar a sabatina de Mendes na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) para a próxima terça-feira. Aprovado na CAE, o nome de Mendes precisa ser votada em plenário, o que pode ocorrer no dia seguinte. A ideia é que Mendes já esteja no BC para participar da próxima reunião do BC para decidir os juros básicos, em 8 e 9 de dezembro.


Colaborou KENNEDY ALENCAR , da Sucursal de Brasília


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