|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CÂMBIO
Cotação vai a R$ 1,809, com queda de 1,6%, a maior desde setembro; país atraiu até US$ 400 mi ontem
Entrada de capital derruba o dólar
MAURO TEIXEIRA
da Reportagem Local
A forte entrada de recursos no
país levou ontem o dólar comercial ao seu mais baixo patamar em
quase cinco meses. A moeda norte-americana fechou o dia sendo
negociada a R$ 1,8090, o que representa uma queda de 1,57% em
relação a anteontem.
Foi a maior desvalorização do
dólar em um só dia desde o dia 8
de setembro. A menor cotação
anterior foi registrada em 30 de
julho (R$ 1,8020).
Durante o dia, no entanto, o dólar chegou a ser negociado a R$
1,7960, taxa mínima. A máxima
foi de R$ 1,8260.
Segundo analistas, o comportamento do mercado de câmbio
nos últimos dias se deve ao fluxo
positivo de recursos. Ontem, as
entradas foram estimadas entre
US$ 300 milhões e US$ 400 milhões, segundo operadores.
Na outra ponta, as saídas de dólares do país têm ficado abaixo
das expectativas. Neste mês, os
vencimentos de dívidas contraídas no exterior somente do setor
privado totalizavam cerca de US$
1,3 bilhão.
A avaliação do mercado é a de
que parte das empresas antecipou
as remessas, enquanto outras fizeram rolagem de suas dívidas, o
que ajudou a aliviar a demanda
por dólares.
No rol das boas notícias que
melhoraram o humor do mercado está a melhora das notas atribuídas pela Moody's ao país. A
agência aumentou a nota do risco
da dívida interna do Brasil e as
notas de algumas instituições financeiras.
Atuação do BC
Acima de tudo, a opinião predominante entre analistas e profissionais do mercado é a de que a
atuação do Banco Central nos últimos dois meses foi a principal
razão para a queda do dólar.
Por trás dessa atuação da autoridade monetária está a preocupação com os índices inflacionários, que tiveram um repique nos
meses de outubro e novembro.
O dólar influencia diretamente
o índice de preços no atacado
(IPA), que é componente importante do IGP (Índice Geral de Preços). O IGP é usada como espécie
de indexador das tarifas públicas,
o que leva o governo a tentar
mantê-lo sob controle.
No final de outubro, o BC conseguiu aumentar em US$ 2 bilhões a sua capacidade para intervir no câmbio. Desde então, foram realizadas seis intervenções
diretas, com venda de moeda.
Além disso, a venda antecipada
de dólares pelo BC para garantir a
liquidez no mercado na virada do
ano parece ter afastado de vez os
temores pelo bug do milênio.
O BC fez dois leilões de venda e
compra casadas da ordem de US$
1,3 bilhão. O dinheiro será entregue às instituições no dia 29 de
dezembro, e recomprado pelo BC
nos dias 5 e 10 de janeiro.
"Esses leilões mudaram completamente o cenário e praticamente eliminaram a capacidade
de especulação por causa do bug
do milênio", diz João Medeiros,
da corretora Pioneer.
Outro fator positivo tem sido a
recuperação das exportações brasileiras nos últimos dois meses.
Neste mês, têm sido detectadas
fortes entradas de pagamentos
aos exportadores.
"Meta informal" furada
A cotação de ontem deixa longe
o que o mercado considerava a
"meta informal" do BC para o final deste mês -R$ 1,85.
Agora, a preocupação revelada
por alguns analistas é que, se a
desvalorização se mantiver neste
ritmo, pode afetar a competitividade das exportações brasileiras.
Sobre isso, o diretor de Política
Monetária do BC, Luiz Fernando
Figueiredo, disse ontem que estão
descartadas intervenções para segurar a cotação do dólar.
Segundo ele, a atual política
cambial permite a competitividade do setor exportador. "O valor
do dólar depende do fluxo de recursos e da percepção que o mercado tem da economia."
Em dezembro, a desvalorização
do dólar no mercado comercial já
atinge 6%. Desde o pico mais recente, em 19 de outubro, quando
sua cotação atingiu R$ 2,003, a
queda já alcança 9,7%. No ano, o
dólar registrou uma alta de 49,6%.
A valorização real da moeda
norte-americana neste ano, considerada a taxa de 9% estimada
pelo governo para o IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo), atinge 37,3%.
Colaborou o FolhaNews
Texto Anterior: Painel S/A Próximo Texto: Por que o dólar está caindo Índice
|