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AÇÕES
Grupo italiano evita pagamento de US$ 400 milhões
Crise financeira da Parmalat envolve subsidiária brasileira
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A subsidiária brasileira da Parmalat esteve ontem no centro da
crise financeira que chacoalha o
grupo italiano desde o início de
novembro. A Parmalat italiana tinha até ontem para pagar US$ 400
milhões ao Bank of America e a
um grupo de investidores que em
1999 aplicaram esse valor na Parmalat Empreendimentos e Administração, a controladora da Parmalat brasileira.
A matriz italiana, entretanto,
conseguiu evitar o pagamento
que aprofundaria ainda mais a
crise de liquidez da empresa. Os
investidores receberam, na época,
18,8% das ações da Parmalat do
Brasil S/A Indústria de Alimentos,
a empresa de capital aberto que
possui hoje nove fábricas no país.
O contrato entre o grupo italiano e os investidores previa que
após quatro anos eles teriam a opção de revender as ações da subsidiária brasileira à própria Parmalat, obtendo ganhos com a valorização dos papéis. Ou devolver os
papéis pelo valor original.
Como as ações da Parmalat brasileira desvalorizaram-se 78,8%
no período, os investidores tinham o direito de resgatar o principal aplicado. Mas a empresa italiana, que não tem o dinheiro necessário para honrar o compromisso, persuadiu os investidores a
não exercer o direito de venda.
Esse é o terceiro episódio envolvendo problemas de liquidez enfrentado pelo grupo desde novembro. No mês passado, as
ações da Parmalat começaram a
despencar na Bolsa de Milão e
chegaram a ser cotadas a menos
de 1.
O inferno astral da empresa no
mercado acionário começou
quando os investidores passaram
a questionar aplicação de US$ 500
milhões feita no fundo Epicurum,
localizado nas ilhas Cayman. Por
pressão dos investidores, a Parmalat comprometeu-se a resgatar
o dinheiro, mas o fundo não tinha
recursos para pagá-la.
Como a empresa tem um nível
elevado de alavancagem (opera
com grande volume de recursos
de terceiros), o mercado financeiro começou a suspeitar da qualidade dos seus investimentos.
Suas suspeitas aumentaram
quando, no último dia 8 venceu
um título de dívida emitido pela
empresa, no valor de US$ 150 milhões, que não foi pago no vencimento. O resgate acabou acontecendo no último dia 12.
A sucessão de problemas levou
os bancos que têm investimentos
no grupo italiano a intervir na sua
gestão. Na semana passada eles
colocaram Enrico Bondi, um executivo especialista em recuperar
empresas em crise, para assessorar a direção da empresa. Na última segunda-feira ele foi nomeado
presidente do grupo, substituindo Calisto Tanzi, fundador e
maior acionista da Parmalat.
Ontem a Parmalat brasileira virou a bola da vez. A empresa que
atua no Brasil há 16 anos, teve prejuízos durante 14 anos. Cresceu
nos anos 80 comprando empresas
locais do setor de leite e derivados,
e depois estendeu seus negócios
para sucos, molhos e outros segmentos. No final do ano 2000 a divisão brasileira possuía 20 fábricas. Após um processo de reestruturação está hoje com 9 unidades.
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