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Em Sorocaba,
quadrilha tinha
"braço jurídico"
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
O gerente-executivo do
INSS em Sorocaba (100
km a oeste de São Paulo),
Décio Araújo, diz que desmantelou, nos últimos
três anos, três quadrilhas
que agiam na região emitindo atestados médicos
falsos, o que chamou de
"indústria" de concessões
de benefícios. Segundo ele,
as quadrilhas tinham até
um "braço jurídico".
Auditoria do Tribunal
de Contas da União apontou Sorocaba e duas agências de Campinas (95 km a
noroeste da capital) como
as que possuem o maior
índice de concessões de
auxílio-doença do país.
"O índice de negativa
dos benefícios requeridos
chegou a ser de 20% em
2003, mas agora é de 52%.
Havia uma verdadeira indústria de concessões de
auxílios-doença em Sorocaba, e estamos investindo
no combate às fraudes",
afirma Araújo.
As dez agências do INSS
sob direção da gerência de
Sorocaba abrangem 50 cidades e uma população estimada em 2,1 milhões de
pessoas. "O índice de requerimentos continua alto, mas as concessões diminuíram muito. A região
é muito industrializada, e
é natural que ocorram
muitos pedidos", afirma.
O gerente afirma ainda
que, quando assumiu o
cargo, em 2003, chegou a
sofrer ameaças de grupos
especializados em fraudar
o INSS. "Havia escritórios
especializados em fraudar
essas concessões."
Araújo diz que uma das
providências adotadas para acabar com as fraudes
foi a realização de concursos para a contratação de
médicos. "Antes trabalhávamos com médicos terceirizados." Outra medida
que ajudou a combater a
falsificação, segundo ele,
foi a realização de perícias
médicas mais criteriosas.
O gerente diz desconhecer o conteúdo do relatório elaborado pelo TCU.
Nas dez agências de Sorocaba, são protocolados
cerca de 7.500 processos
por incapacidade por mês
-60% deles, em média,
são negados. "Concedemos, em média, 3.000 processos por mês. Em 2003,
quando começamos os
trabalhos nos benefícios
de auxílio-doença, concedíamos cerca de 5.500
processos por mês."
Campinas
Sobre Campinas, a gerência regional da Previdência Social, em São Paulo, informou, por meio de
nota oficial, que as duas
agências da cidade citadas
pelo TCU "apresentam dados positivos".
Segundo a nota, na
agência Amoreiras, o número de requerimentos
desse benefício em 2004
foi de 5.343 e o número de
concessões foi de 3.566, o
que resulta em índice de
67% de benefícios concedidos. Em 2005, apesar de
o número de requerimentos ter subido para 8.901,
os processos concedidos
ficaram em 4.693, o que
fez o índice cair para 53%.
Na agência Carlos Gomes, que foi criada em setembro de 2004, o índice
de requerimentos de auxílios-doença concedidos foi
de 58%, e, em 2005, de
49%. "O índice de indeferimentos em 2005 foi de
47% na Amoreiras e de
51% na Carlos Gomes."
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