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Preços de commodities voltam a ter recordes
JAVIER BLAS
CHRIS GILES
HAL WEITZMAN
DO "FINANCIAL TIMES", EM CHICAGO
Os preços mundiais dos alimentos voltaram a sofrer pressão ontem, com a entrada em
vigor de preços de referência
muito mais elevados para os cereais, o que torna quase inevitável que uma segunda onda de
inflação de preços nos alimentos atinja as principais economias do mundo.
Em Chicago, os preços do trigo e do arroz para entrega em
março de 2008 saltaram para
um recorde de alta; os preços da
soja estão em seu ponto mais
alto em 34 anos e os preços do
milho se aproximam do seu pico mais elevado em 11 anos.
Os aumentos de preços devem ser transferidos aos consumidores nos próximos meses, o
que elevará as pressões inflacionárias e restringirá a capacidade dos bancos centrais para
diminuir a desaceleração em
suas economias.
Uma primeira onda de alta
nos preços dos cereais atingiu o
mercado de atacado no terceiro
trimestre e se espalhou pela cadeia de suprimentos, contribuindo para a alta da inflação.
A alta da inflação nos preços
dos alimentos na zona do euro,
que chegou a 4,3% em novembro, é um dos motivos para que
o índice anualizado de inflação
geral da área tenha subido de
2,6% em outubro para 3,1% no
mês passado -a taxa mais alta
em seis anos. Nos Estados Unidos, a taxa anualizada de inflação, de 4,8%, registrada pelos
alimentos em novembro contribuiu para uma alta mais ampla na inflação, que atingiu
4,3%. No Reino Unido, a inflação nos preços dos alimentos já
havia atingido índice anualizado de 5,1% em outubro, e os
analistas antecipam que os preços mais altos dos alimentos
causem elevação da taxa mais
ampla de inflação do país em
novembro.
Na abertura do pregão, ontem, o novo preço de referência
para o contato de trigo com entrega em março subiu US$
0,30, para US$ 10,095 por bushel, alta de mais de 7,5% com
relação ao contrato de dezembro, que está vencendo, com
cotação de US$ 9,39.
Essa é a primeira vez que
contratos futuros são negociados acima da marca de US$ 10
por bushel.
Os novos preços de referência do milho também estão 5%
mais altos do que no contrato
anterior. O milho para março
de 2008 subiu para US$ 4,4325
por bushel, o nível mais elevado
em 11 anos para um contrato de
referência. Os preços de referência da soja para entrega em
janeiro subiram na sexta-feira
para o recorde de US$ 1,9225
por bushel, a cotação mais alta
em 34 anos.
Pico
Bill Lapp, analista da Advanced Economic Solutions, uma
consultoria norte-americana,
disse que "já vimos aumentos
de preços mais rápidos neste
ano do que em qualquer momento desde o começo da década de 80, mas o peso completo
da alta só atingirá os mercados
em 2008".
A alta nos preços das commodities agrícolas resulta da alta demanda, das safras inadequadas e dos baixos estoques de alimentos. As economias emergentes, nas quais a alta da renda
está elevando o consumo de laticínios e carne, vêm reforçando a pressão que o setor de biocombustível já vinha gerando.
Clima
O suprimento de cereais foi
inferior ao esperado em diversos países, nesta temporada,
devido a perdas causadas pelo
clima. Jean Bourlot, diretor de
commodities agrícolas no Morgan Stanley de Londres, disse
que "os preços altos dos cereais
chegaram para ficar".
O Departamento da Agricultura dos Estados Unidos previu
que os estoques mundiais de
milho cairão ao mais baixo nível em 33 anos, o equivalente a
apenas 75 semanas de consumo, e os estoques mundiais de
trigo despencarão ao seu mais
baixo nível em 47 anos, com o
equivalente a 9,3 semanas de
consumo.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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