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Banco ganha mais estímulo para emprestar
Fundo Garantidor será usado para apoiar banco pequeno em operações de crédito no paralisado mercado de carros usados
Entre novas medidas de estímulo à economia,
Caixa poderá emprestar a exportadores e IPI de caminhões será reduzido
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou ontem
medidas que permitirão injetar
até R$ 94,5 bilhões na economia neste momento de escassez de crédito. Elas envolvem
desde um maior volume de empréstimos que os bancos podem realizar ao aumento do limite de operações do FGC
(Fundo Garantidor de Crédito)
para compra de carteiras de
bancos médios e pequenos, como a Folha antecipou.
Essa última medida é um socorro aos pequenos e médios
bancos, especialmente os que
operam com financiamento de
automóveis novos e usados e
não estão conseguindo obter
recursos no mercado para fazer
novas operações. Assim, o FGC
poderá disponibilizar até R$ 9
bilhões (50% do seu patrimônio de R$ 18 bilhões) para dar
um alívio de caixa a essas instituições. Antes, o limite era de
20% e não previa aquisição antecipada dos financiamentos.
Com o fundo já usou R$ 2,5
bilhões para comprar carteiras
dos bancos, na prática, ele terá
mais R$ 6,5 bilhões para atuar
no mercado. Para evitar que o
dinheiro fique empoçado em
instituições que não são necessariamente as que mais precisam dos recursos, como aconteceu com o dinheiro dos depósitos compulsórios que o Banco Central liberou, o FGC fará
as operações com bancos com
patrimônio até R$ 2,5 bilhões.
Além disso, o governo decidiu reduzir do IPI para compra
de caminhões, e foi autorizada
a entrada da Caixa Econômica
Federal no financiamento ao
comércio exterior. Além de garantir o depósito dos clientes
em caso de quebra de uma instituição, o FGC terá a missão
também de fomentar a concessão de empréstimos por causa
da falta de crédito.
Para isso, ontem, o CMN
(Conselho Monetário Nacional) aprovou mudança no estatuto do FGC, criado a partir de
contribuições dos bancos sobre
os recursos captados dos clientes, e permitiu que ele possa
comprar antecipadamente
operações que ainda ocorrerão.
"Essa é uma regra que deverá
constar dos regimentos internos", disse o diretor de Desestatização do BC, Gustavo Matos do Vale. Além disso, o FGC
deverá limitar o valor individual de cada operação em 50%
do patrimônio do banco tomador dos recursos. Segundo ele,
a medida não põe em risco a
saúde do FGC. "Tenho certeza
absoluta que não é arriscado."
Carros usados
A nova função do FGC tentará reverter um problema no
mercado de automóveis que se
agravou com a decisão do governo de reduzir o IPI sobre
carros novos. Apesar da redução no preço final, o consumidor que precisa dar seu carro
usado como entrada para adquirir um 0 km teve prejuízo.
"A queda no valor de mercado dos automóveis usados é superior à redução no preço dos
novos com a diminuição do IPI.
No final, esse benefício é anulado", diz Leonardo De Filippo,
empresário do ramo há mais de
20 anos, dono de loja de venda
de carros novos e usados em Pinheiros, na capital paulista.
Ele explica que um Pálio Fire
1.0, básico, zero-quilômetro era
vendido na sua loja há dois meses por R$ 27 mil. "Hoje, com o
reflexo da crise, que reduziu as
vendas, e a queda no IPI, ele sai
por R$ 23,5 mil", diz Filippo.
Com isso, o ganho seria de R$
3.500. No entanto, se ele der de
entrada um carro igual, ano
2005, esse benefício seria anulado. "O mesmo carro, ano
2005, era vendido a R$ 22 mil
há dois meses. Agora, ele sai por
R$ 16 mil". Assim, o cliente receberia R$ 6.000 a menos pelo
seu carro usado.
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