São Paulo, sábado, 19 de janeiro de 2008

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Bolsa perde R$ 247 bi em valor de mercado

Propostas de Bush não animam investidores; Bovespa acumula recuo de 10% no ano, enquanto dólar tem alta de 0,45%

Em dia de muitas oscilações, Dow Jones fecha com baixa de 0,49%, enquanto Bolsa paulista sobe 0,82% e a de Frankfurt recua 1,34%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A baixa de 10% registrada neste início de 2008 fez com que cerca de R$ 247 bilhões evaporassem da Bovespa, até anteontem. Essa cifra representa a queda no valor das companhias com ações negociadas na Bolsa paulista -montante que está atualmente em torno de R$ 2,23 trilhões- e pode ser recuperado com altas nos pregões futuros.
Apenas nesta semana, a desvalorização acumulada pela Bolsa alcançou 7,16%. Mas ontem a Bovespa conseguiu interromper seqüência de três dias de perdas e subiu 0,82%, atingindo 57.506 pontos.
Mas a divulgação do plano de incentivos fiscais, feita pelo presidente dos EUA, George W. Bush, não foi suficiente para reanimar os investidores: as Bolsas de Valores caíram nos EUA e na Europa, com dia marcado por muitas oscilações.
Em Wall Street, o índice Dow Jones, após abrir em alta com a expectativa em relação ao pacote americano, fechou em baixa de 0,49%. A Bolsa eletrônica Nasdaq recuou 0,29%.
"As medidas apresentadas focam no estímulo aos indivíduos por meio da restituição fiscal e às empresas por incentivos fiscais. Mas apenas o plano do presidente Bush não será suficiente para evitar uma recessão na maior economia do mundo", afirma Alex Agostini, economista da consultoria Austin Rating.
Perdas registradas por ações de bancos e seguradoras puniram as Bolsas européias. A Bolsa de Frankfurt teve queda de 1,34%, seguida pela de Paris, com baixa de 1,25%. Já Londres encerrou ontem praticamente estável (-0,01%).
A crise no setor de crédito habitacional de alto risco dos EUA, conhecido como "subprime", contaminou todo o mercado financeiro do país e ameaça levá-lo a uma recessão. Grandes instituições financeiras internacionais, como o Citigroup e o Merrill Lynch, tiveram perdas bilionárias.
O que mais tem desagradado analistas e investidores é a contaminação do resto da economia pela crise financeira. Dados do setor varejista americano divulgados nesta semana mostraram queda acima do esperado, sinalizando um desaquecimento econômico mais forte. Como uma desaceleração econômica mais contundente piorará os resultados das empresas, os investidores têm preferido se desfazer de muitas ações.
"Os indicadores econômicos têm confirmado a temida fragilidade da economia norte-americana", diz Agostini. "Esse vai ser um ano de ajustes, marcado pela cautela e o conservadorismo no mercado."
Para o mercado acionário brasileiro, a venda de ações feita por estrangeiros têm sido especialmente negativa, devido ao peso que a categoria tem nas operações.
Dados computados pela própria Bovespa mostram que os estrangeiros têm mais vendido que comprado ações brasileiras. E o saldo negativo é bastante expressivo.
Em 2008, até o dia 15, as operações realizadas pelos estrangeiros na Bolsa paulista ficaram negativas em R$ 2,3 bilhões.
Apesar dessa saída, o dólar até tem resistido à pressão. Ontem a moeda americana recuou 0,11%, a R$ 1,785. No ano, o dólar registra alta de 0,45%.

Ações depreciadas
O balanço da semana na Bovespa ilustra bem o que foram os últimos pregões, com perdas afetando o resultado de ações dos mais variados setores.
O índice Ibovespa é composto pelas 64 ações mais negociadas na Bolsa. Dessas, 56 tiveram perdas na semana.
No topo das quedas ficou a ação ON da Perdigão, que teve baixa de 15,45%. Outras fortes desvalorizações foram registradas pelos papéis Duratex PN (-14,82%), Light ON (-13,85%) e Petrobras ON (-12,71%).
Dentre as que escaparam das perdas no período, destacaram-se Usiminas PNA (6,21% de alta) e Transmissão Paulista PN (5,94%).


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