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Bolsa perde R$ 247 bi em valor de mercado
Propostas de Bush não animam investidores; Bovespa acumula recuo de 10% no ano, enquanto dólar tem alta de 0,45%
Em dia de muitas oscilações, Dow Jones fecha com baixa de 0,49%, enquanto Bolsa paulista sobe 0,82% e a de Frankfurt recua 1,34%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A baixa de 10% registrada
neste início de 2008 fez com
que cerca de R$ 247 bilhões
evaporassem da Bovespa, até
anteontem. Essa cifra representa a queda no valor das companhias com ações negociadas
na Bolsa paulista -montante
que está atualmente em torno
de R$ 2,23 trilhões- e pode ser
recuperado com altas nos pregões futuros.
Apenas nesta semana, a desvalorização acumulada pela
Bolsa alcançou 7,16%. Mas ontem a Bovespa conseguiu interromper seqüência de três dias
de perdas e subiu 0,82%, atingindo 57.506 pontos.
Mas a divulgação do plano de
incentivos fiscais, feita pelo
presidente dos EUA, George W.
Bush, não foi suficiente para
reanimar os investidores: as
Bolsas de Valores caíram nos
EUA e na Europa, com dia marcado por muitas oscilações.
Em Wall Street, o índice Dow
Jones, após abrir em alta com a
expectativa em relação ao pacote americano, fechou em baixa de 0,49%. A Bolsa eletrônica
Nasdaq recuou 0,29%.
"As medidas apresentadas
focam no estímulo aos indivíduos por meio da restituição
fiscal e às empresas por incentivos fiscais. Mas apenas o plano do presidente Bush não será
suficiente para evitar uma recessão na maior economia do
mundo", afirma Alex Agostini,
economista da consultoria
Austin Rating.
Perdas registradas por ações
de bancos e seguradoras puniram as Bolsas européias. A Bolsa de Frankfurt teve queda de
1,34%, seguida pela de Paris,
com baixa de 1,25%. Já Londres
encerrou ontem praticamente
estável (-0,01%).
A crise no setor de crédito habitacional de alto risco dos
EUA, conhecido como "subprime", contaminou todo o mercado financeiro do país e ameaça levá-lo a uma recessão.
Grandes instituições financeiras internacionais, como o Citigroup e o Merrill Lynch, tiveram perdas bilionárias.
O que mais tem desagradado
analistas e investidores é a contaminação do resto da economia pela crise financeira. Dados do setor varejista americano divulgados nesta semana
mostraram queda acima do esperado, sinalizando um desaquecimento econômico mais
forte. Como uma desaceleração
econômica mais contundente
piorará os resultados das empresas, os investidores têm preferido se desfazer de muitas
ações.
"Os indicadores econômicos
têm confirmado a temida fragilidade da economia norte-americana", diz Agostini. "Esse vai
ser um ano de ajustes, marcado
pela cautela e o conservadorismo no mercado."
Para o mercado acionário
brasileiro, a venda de ações feita por estrangeiros têm sido especialmente negativa, devido
ao peso que a categoria tem nas
operações.
Dados computados pela própria Bovespa mostram que os
estrangeiros têm mais vendido
que comprado ações brasileiras. E o saldo negativo é bastante expressivo.
Em 2008, até o dia 15, as operações realizadas pelos estrangeiros na Bolsa paulista ficaram
negativas em R$ 2,3 bilhões.
Apesar dessa saída, o dólar
até tem resistido à pressão. Ontem a moeda americana recuou
0,11%, a R$ 1,785. No ano, o dólar registra alta de 0,45%.
Ações depreciadas
O balanço da semana na Bovespa ilustra bem o que foram
os últimos pregões, com perdas
afetando o resultado de ações
dos mais variados setores.
O índice Ibovespa é composto pelas 64 ações mais negociadas na Bolsa. Dessas, 56 tiveram perdas na semana.
No topo das quedas ficou a
ação ON da Perdigão, que teve
baixa de 15,45%. Outras fortes
desvalorizações foram registradas pelos papéis Duratex PN
(-14,82%), Light ON (-13,85%)
e Petrobras ON (-12,71%).
Dentre as que escaparam das
perdas no período, destacaram-se Usiminas PNA (6,21%
de alta) e Transmissão Paulista
PN (5,94%).
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