São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Fiesp reclama de protecionismo argentino

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Paulo Skaf, participou na sexta-feira de uma reunião em Buenos Aires com a ministra argentina da Produção, Débora George, para reclamar das dificuldades que os exportadores brasileiros estão encontrando para os produtos entrarem nos país vizinho.
Desde o agravamento da crise econômica, em meados de setembro, a Argentina tem criado embaraços para a importação de produtos brasileiros. As licenças de importação, que antes eram automáticas, hoje precisam ser submetidas à burocracia das autoridades do governo argentino.
A aprovação tem sido bastante lenta e muitos produtos não conseguem superar essa barreira. "Muitas empresas estão aguardando há meses essas licenças", diz Skaf.
O presidente da Fiesp também discutiu um outro tema na reunião com a ministra argentina, que foi a ameaça de o país vizinho entrar com um processo de "dumping" [exportação a preços abaixo dos preços internos] contra alguns produtos brasileiros. Ele não informou quais seriam esses produtos.
A reunião com a ministra argentina não chegou a nenhuma conclusão final, mas Skaf já tem marcado um encontro na Fiesp com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, quando esses assuntos voltarão a ser discutidos.
No próximo dia 26, está agendada uma reunião do Mercosul, e o protecionismo deve ser um dos temas da pauta.
De acordo com o presidente da Fiesp, em um momento de crise como esse, Brasil e Argentina devem procurar se unir contra a ameaça da invasão dos produtos asiáticos e não brigar entre si.
"O nosso objetivo deve ser o de adotar medidas preventivas contra importações predatórias da China", diz Skaf.

"O nosso objetivo [de brasileiros e argentinos] deve ser o de adotar medidas preventivas contra importações predatórias da China."
PAULO SKAF
presidente da Fiesp

MENOS PARA O LEÃO

A Bycon, fornecedora de equipamentos e serviços de segurança digital, refez seu planejamento tributário para encontrar possibilidades de cortes de custos. "Sempre quisemos fazer essa revisão. Mas, com o acirramento da concorrência e com a crise, isso passou a ser uma questão de sobrevivência", diz Antonio José Cláudio Filho, sócio da Bycon. Uma das soluções apontadas pelos consultores foi a abertura de uma fábrica em Extrema (MG), em busca de benefícios fiscais. O empresário, que conseguiu a redução de 15% para 5% no IPI do produto, também quer cortes no ICMS, no PIS e na Cofins. Com as ações, a Bycon visa manter os preços e crescer 30% neste ano, mais que a expansão de 28% de 2008.

Déficit comercial de produtos plásticos cresce 79% em 2008
A balança comercial brasileira de produtos plásticos transformados registrou aumento do déficit em dezembro do ano passado com relação a 2007.
No ano passado, o déficit foi de US$ 1,034 bilhão, com exportações de US$ 1,454 bilhão e importações de US$ 2,488 bilhões. No ano anterior, o déficit ficara em US$ 579 milhões -exportações de US$ 1,285 bilhão e importações de US$ 1,864 bilhão.
Em 2008, o déficit vinha em alta acelerada com aumento contínuo das importações. A partir de setembro, porém, as importações começaram a cair. Em dezembro a queda foi de 14,8% em relação a novembro.
O recuo nas compras externas, natural nos últimos meses de todos os anos, foi potencializado no fim de 2008 pela volatilidade do câmbio e pela incerteza dos empresários por conta da crise, segundo Otávio Carvalho, diretor da MaxiQuim.
Em novembro, a retração havia sido de 16,3%, e em outubro houve uma queda de 1%. Em 2007, outubro apresentou um crescimento de 25,5% nas importações. Em novembro daquele ano, o recuo foi de 9,7%, e, em dezembro, houve uma redução de 16,9%.
Já as exportações permaneceram mais estáveis. "As variações foram mais suaves nas exportações, com exceção de novembro, quando houve um baque por causa da falta de crédito para o embarque de produtos brasileiros ao exterior."
A alta nas importações vinha acontecendo desde abril. Em setembro o volume de importações chegou a US$ 258 milhões, o maior registrado em toda a série histórica, desde 1996.


Próximo Texto: Chineses desovam no país o "encalhe" da crise, diz indústria
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.