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Argentina ameaça reestatizar telefonia
Ministro diz que, se Telecom Italia vencer batalha jurídica com governo, projeto de reestatização pode ser enviado ao Congresso
Governo Kirchner quer que tele se desfaça de ativos no país, onde tem cerca de 50% do mercado de telefonia fixa e 30% da móvel
DE BUENOS AIRES
O governo argentino indicou
ontem que poderá empreender
a reestatização no setor de telefonia caso perca a batalha jurídica que vem travando com a
Telecom Italia.
A empresa resiste a abrir
mão de seus ativos no país, determinação feita pela Casa Rosada, com base em parecer da
Comissão de Defesa da Concorrência, que assinala "posição
dominante" da companhia no
mercado argentino.
O ministro do Planejamento,
Julio de Vido, afirmou ontem
que, se persistirem "as artimanhas jurídicas" e numa eventual derrota da Casa Rosada, o
governo encaminhará ao Congresso projeto para revogar a
concessão de serviços da empresa italiana.
De Vido disse que "não faltará pulso" ao governo para defender o país e os consumidores dos "monopólios" e lembrou que a garantia da concorrência foi uma das exigências
no processo de privatização
empreendido sob a Presidência
de Carlos Menem (1989-1999) .
Questionado se era plano do
governo manter a empresa
reestatizada, De Vido se esquivou, dizendo preferir não fazer
"futurologia". Afirmou que o
desejo do governo é que a tele
se desprenda voluntariamente
de seus ativos, para que se repita o cenário "de quando a Petrobras comprou a Transener;
teve o tempo necessário para
fazer o desinvestimento que
pedimos e isso se deu".
Na semana passada, a Telecom Italia obteve na Justiça argentina liminar suspendendo a
ordem oficial que a obrigava a
desinvestir até agosto.
A liminar é válida até conclusão da Justiça sobre se há prática monopolista. A empresa detém cerca de metade do mercado argentino de telefonia fixa e
30% da telefonia móvel.
A Comissão de Defesa da
Concorrência apontou monopólio a partir de 2007, quando a
Telefónica espanhola, sua principal rival na Argentina, adquiriu ativos da Telecom Italia.
A fusão desagradou aos sócios argentinos da Telecom Italia na Telecom -a família Werthein, empresários considerados próximos da presidente
Cristina Kirchner e de seu marido, o ex-presidente Néstor
Kirchner.
Entre os principais interessados na compra dos ativos da
Telecom Italia estão o Grupo
Clarín e uma sociedade entre
dois empresários alinhados ao
kirchnerismo -Eduardo Eurnekian e Ernesto Gutiérrez.
Segundo a imprensa argentina, a Telecom Italia julga temerário fechar negócio com o
Grupo Clarín, considerando
que há atrito entre o conglomerado de comunicações e a Casa
Rosada, que poderia levar a entraves burocráticos na conclusão do acordo. Aos outros compradores faltaria suficiente garantia de capital.
Ontem, o presidente da Telecom Italia, Gabriele Galateri di
Genola, classificou a decisão judicial a favor da empresa como
"uma novidade interessante" e
disse ter "convicção de que ao
menos uma parte das instituições argentinas disponham
efetivamente da capacidade e
do juízo equilibrado indispensáveis nestes casos".
Após o anúncio de De Vido,
as ações da Telecom negociadas na Bolsa argentina caíram
até 4%.
(SILVANA ARANTES)
Com agências internacionais
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