|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NEGÓCIO
O valor da transação não foi divulgado; grupo do empresário Abílio Diniz faturou R$ 5,2 bilhões no ano passado
Pão de Açúcar adquire a rede Peralta
SILVANA QUAGLIO
da Reportagem Local
Nem mesmo a crise amainou o
apetite por incorporações que o
grupo Pão de Açúcar vem demonstrando desde 1997. O grupo
anunciou ontem a compra da rede
de supermercados Peralta.
Com isso, o Pão de Açúcar amplia seus domínios no litoral paulista, com especial atenção à Baixada Santista, onde está localizada a
maioria das lojas. O valor do negócio ainda não foi divulgado, até
porque a concretização só acontecerá em 30 dias.
O que houve ontem foi a assinatura do acordo de intenções. O Pão
de Açúcar terá os próximos 30 dias
para fazer auditorias na rede Peralta e bater o martelo sobre detalhes
do acordo, como o preço final.
"O negócio está fechado. Agora
estamos cumprindo formalidades", afirmou ontem o dono do
grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz.
Até em respeito às leis que regem
as sociedades anônimas, como é o
caso do Pão de Açúcar -que negocia ações na Bolsa de Valores- ,
o capitão do grupo não quis dar
detalhes financeiros do negócio.
Mas, de acordo com informações
que circulavam ontem pelo mercado, o negócio pode girar em torno
de R$ 170 milhões. A cifra corresponde à metade das vendas brutas
anunciadas pelo Peralta para 98.
O pagamento, também segundo
o mercado, deverá ser feito parceladamente, de acordo com a geração de caixa das lojas adquiridas.
Estratégia
Desde o segundo semestre de 97,
o grupo Pão de Açúcar deflagrou
um plano de expansão, enquanto
reformava as lojas já existentes e
modernizava seus sistemas de
compras e distribuição.
Entre outubro de 97 e setembro
de 98, o grupo investiu R$ 922,8
milhões em aquisições de concorrentes, compra de terrenos, construção de novas lojas, modernização de sistemas etc.
Abílio Diniz tem seu objetivo
muito bem definido: levar o faturamento do grupo para R$ 7,5 bilhões, no final do ano 2000. Em 97,
ano em que o grupo retomou o
processo de expansão -interrompido por um período de reestruturação- o faturamento foi de R$
3,6 bilhões.
Mesmo com a turbulência que
sacode a economia desde a semana
passada, Diniz afirma que não modificou seus planos e se mostra
cauteloso, porque "o país ainda
precisa de fortes ajustes". Mas o
tom é de otimismo: "O país vai voltar a crescer. É inevitável".
Com relação ao negócio do Peralta, Diniz disse que negociava
com a rede havia meses e que fechou o negócio por três motivos:
"1) A rede Peralta era um alvo do
Pão de Açúcar pela sinergia com as
nossas lojas; 2) apesar das tensões,
acreditamos que o país vai superá-las; 3) temos recursos, não poderíamos fazer o negócio se não tivéssemos."
Resultado
O grupo anunciou ontem o resultado das vendas líquidas (faturamento menos impostos) em dezembro de 98: R$ 590,6 milhões. As
vendas líquidas no ano foram de
R$ 4,43 bilhões, um crescimento
de 42,2% em relação a 97. O faturamento em 98 foi de R$ 5,2 bilhões.
De acordo com dados publicados
no terceiro trimestre de 98, o grupo Pão de Açúcar tem dívidas totais de R$ 1 bilhão -12% disso foi
contraído no exterior. Considerando o dinheiro em caixa e o que
o grupo tem a receber, o valor cai
para R$ 340 milhões.
Antes do negócio, o grupo somava 287 lojas, entre supermercados,
hipermercados e lojas da cadeia
Eletro. Das lojas Peralta, 10 ficam
na Grande São Paulo. O nome Peralta vai desaparecer. Os supermercados passarão a ser Pão de
Açúcar e Barateiro, e o hipermercado será Extra.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|