São Paulo, terça, 19 de janeiro de 1999

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NEGÓCIO
O valor da transação não foi divulgado; grupo do empresário Abílio Diniz faturou R$ 5,2 bilhões no ano passado
Pão de Açúcar adquire a rede Peralta

SILVANA QUAGLIO
da Reportagem Local

Nem mesmo a crise amainou o apetite por incorporações que o grupo Pão de Açúcar vem demonstrando desde 1997. O grupo anunciou ontem a compra da rede de supermercados Peralta.
Com isso, o Pão de Açúcar amplia seus domínios no litoral paulista, com especial atenção à Baixada Santista, onde está localizada a maioria das lojas. O valor do negócio ainda não foi divulgado, até porque a concretização só acontecerá em 30 dias.
O que houve ontem foi a assinatura do acordo de intenções. O Pão de Açúcar terá os próximos 30 dias para fazer auditorias na rede Peralta e bater o martelo sobre detalhes do acordo, como o preço final.
"O negócio está fechado. Agora estamos cumprindo formalidades", afirmou ontem o dono do grupo Pão de Açúcar, Abílio Diniz.
Até em respeito às leis que regem as sociedades anônimas, como é o caso do Pão de Açúcar -que negocia ações na Bolsa de Valores- , o capitão do grupo não quis dar detalhes financeiros do negócio.
Mas, de acordo com informações que circulavam ontem pelo mercado, o negócio pode girar em torno de R$ 170 milhões. A cifra corresponde à metade das vendas brutas anunciadas pelo Peralta para 98.
O pagamento, também segundo o mercado, deverá ser feito parceladamente, de acordo com a geração de caixa das lojas adquiridas.

Estratégia
Desde o segundo semestre de 97, o grupo Pão de Açúcar deflagrou um plano de expansão, enquanto reformava as lojas já existentes e modernizava seus sistemas de compras e distribuição.
Entre outubro de 97 e setembro de 98, o grupo investiu R$ 922,8 milhões em aquisições de concorrentes, compra de terrenos, construção de novas lojas, modernização de sistemas etc.
Abílio Diniz tem seu objetivo muito bem definido: levar o faturamento do grupo para R$ 7,5 bilhões, no final do ano 2000. Em 97, ano em que o grupo retomou o processo de expansão -interrompido por um período de reestruturação- o faturamento foi de R$ 3,6 bilhões.
Mesmo com a turbulência que sacode a economia desde a semana passada, Diniz afirma que não modificou seus planos e se mostra cauteloso, porque "o país ainda precisa de fortes ajustes". Mas o tom é de otimismo: "O país vai voltar a crescer. É inevitável".
Com relação ao negócio do Peralta, Diniz disse que negociava com a rede havia meses e que fechou o negócio por três motivos:
"1) A rede Peralta era um alvo do Pão de Açúcar pela sinergia com as nossas lojas; 2) apesar das tensões, acreditamos que o país vai superá-las; 3) temos recursos, não poderíamos fazer o negócio se não tivéssemos."

Resultado
O grupo anunciou ontem o resultado das vendas líquidas (faturamento menos impostos) em dezembro de 98: R$ 590,6 milhões. As vendas líquidas no ano foram de R$ 4,43 bilhões, um crescimento de 42,2% em relação a 97. O faturamento em 98 foi de R$ 5,2 bilhões.
De acordo com dados publicados no terceiro trimestre de 98, o grupo Pão de Açúcar tem dívidas totais de R$ 1 bilhão -12% disso foi contraído no exterior. Considerando o dinheiro em caixa e o que o grupo tem a receber, o valor cai para R$ 340 milhões.
Antes do negócio, o grupo somava 287 lojas, entre supermercados, hipermercados e lojas da cadeia Eletro. Das lojas Peralta, 10 ficam na Grande São Paulo. O nome Peralta vai desaparecer. Os supermercados passarão a ser Pão de Açúcar e Barateiro, e o hipermercado será Extra.



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