DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo começou ontem a trocar a diretoria do Banco Central, herdada do governo anterior. Deixam a instituição a diretora de Fiscalização, Tereza Grossi, muito criticada pelos congressistas do PT, e o diretor de Política Monetária, Luiz Fernando Figueiredo, responsável pela política de juros.
Figueiredo será substituído pelo economista Luiz Augusto de Oliveira Candiota, indicado pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda). Depois da presidência, ocupada por Henrique Meirelles, essa é o principal cargo da instituição.
Para o lugar de Tereza Grossi, foi indicado outro funcionário do BC: Paulo Sérgio Cavalheiro. Também deixa a instituição o diretor de Administração, Edison Bernardes. Para seu lugar, foi indicado João Antônio Teixeira, também funcionário de carreira.
Os três novos diretores ainda terão de ser aprovados pelo Senado antes de assumirem os cargos. Até lá, os atuais diretores permanecem no cargo.
A troca dos diretores foi anunciada em nota do Ministério da Fazenda por volta das 19h, quando já havia terminado o primeiro dia da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), que hoje deverá anunciar nova alta da taxa de juros, segundo expectativa do mercado. A taxa atual está em 25,5% ao ano.
O presidente do BC, Henrique Meirelles, havia mantido todos os sete diretores da gestão Armínio Fraga a fim de dar mais tranquilidade ao mercado durante a transição. Meirelles e os diretores que deixam o cargo devem dar entrevista hoje para explicar a troca.
Candiota tem experiência no mercado financeiro -já foi diretor dos bancos Fibra, Citibank e Unibanco. É sócio majoritário do grupo Lacan, que presta serviços no mercado financeiro.
No caso de Tereza Grossi, havia uma pressão da bancada do PT no Congresso para que ela fosse retirada. Os congressistas das alas mais radicais do partido lembram a todo momento que Grossi fez parte da equipe que ajudou os bancos Marka e FonteCindam a atravessar a desvalorização do real, em 99.
Em entrevista à Folha publicada na edição de ontem, Grossi, que é funcionária de carreira do BC, negava envolvimento com a decisão sobre o caso e, quando questionada sobre a sua permanência no cargo, dizia que estava pensando na continuidade do seu trabalho.
Palocci também indicou o novo Secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, José Tavares de Araújo Júnior. Economista, Araújo é especialista em defesa da concorrência.


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