São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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MAIS DO MESMO

Só corte de dois pontos percentuais tiraria Brasil da liderança

País mantém topo em juros reais

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil manteve-se com folgada margem no primeiro posto do ranking mundial de juros reais.
Com a manutenção da taxa básica de juros em 16,5%, os juros reais projetados para os próximos 12 meses ficaram em 10,2%, segundo levantamento da consultoria Global Invest. Juros reais consideram a taxa básica de juros (a Selic), descontada a inflação.
Ou seja, em uma situação na qual os juros básicos se mantêm inalterados e as projeções de inflação recuam, os juros reais sobem. É exatamente o que ocorre agora.
A consolidação do Brasil na liderança dos juros reais projetados acontece porque as estimativas de inflação em 12 meses recuaram de 5,96%, em janeiro, para os atuais 5,69%, segundo a pesquisa Focus, do Banco Central.
No ranking da Global Invest, o segundo lugar entre as maiores taxas de juros reais (projetadas) é da Turquia, com 8,4%. África do Sul (8%) e Hungria (7,8%) são os países imediatamente a seguir. O Brasil deixaria a liderança somente se o Copom, na decisão de ontem, tivesse cortado a Selic em dois pontos percentuais (para 14,5%). Isso faria com que a taxa de juros reais projetada recuasse a 8,3%. Os juros reais projetados são indicador importante porque servem de baliza para decisões do chamado setor produtivo e demais investidores.
A consultoria segue a avaliação unânime do mercado de que o BC retomará a trajetória decrescente dos juros, mas sustenta que, depois da parada técnica, os juros cairão menos. Prevê que os juros estarão em 15% em dezembro -quando a maioria do mercado aposta em torno de 13% a 13,5%.
No ranking de juros reais que considera a inflação passada (a terminada nos últimos 12 meses), o Brasil é superado somente pela Turquia. A taxa brasileira ficou em 13,8% contra os 15,8% da Turquia. Em janeiro, os juros reais estavam em 13,6%, mas subiram porque houve um recuo no IPCA acumulado em 12 meses (de 7,7%, em janeiro para 6,8% em fevereiro). (JOSÉ ALAN DIAS)


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