São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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CONTAS PÚBLICAS

Endividamento com o mercado chega a R$ 813,52 bilhões

Dívida do governo aumenta 3,35%

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O endividamento total do governo com o mercado cresceu 3,35% entre dezembro e janeiro, quando chegou a R$ 813,52 bilhões. O Banco Central teve que retirar R$ 20,5 bilhões do mercado para evitar que a taxa de juros caísse. Essa retirada aconteceu com a emissão de títulos, o que elevou a dívida pública.
Uma parte dos reais retirados, R$ 7,4 bilhões, entrou no mercado devido às compras de dólares feitas pelo BC para elevar as reservas internacionais. Quando o mercado tem muito dinheiro, a taxa de juros -que é o custo do dinheiro- cai. Mas o BC tem que manter a meta da taxa Selic, que foi de 16,5% em janeiro.
O BC também teve de retirar R$ 5,2 bilhões que ficaram no mercado porque o Tesouro Nacional resgatou mais títulos do que emitiu no mês passado.
O restante das emissões do BC está ligado, segundo o chefe do Departamento de Mercado Aberto do BC, Sérgio Goldenstein, às características do mês. As pessoas normalmente sacam mais em dezembro para gastar o dinheiro nas férias. Portanto, o dinheiro volta para o mercado em janeiro.
O governo tem informado, porém, que os títulos emitidos pelo BC não podem ser considerados dívida porque são de muito curto prazo. A maior parte das operações tem prazo inferior a um mês.
De qualquer forma, se forem considerados apenas os títulos emitidos pelo Tesouro, um estoque de R$ 737,34 bilhões em janeiro, houve um aumento do endividamento de 0,8%. Outros R$ 76,17 bilhões são responsabilidade do BC. Os títulos de curto prazo emitidos pelo BC aumentaram 36,73% entre dezembro e janeiro.

Dívida cambial
Embora o Tesouro tenha resgatado títulos, a parcela da dívida corrigida pelo câmbio sofreu um impacto por causa da valorização de 1,79% do dólar no mês passado. Além disso, a dívida sobe mensalmente porque metade dela é corrigida pela taxa Selic.
A parcela da dívida corrigida pelo câmbio acabou caindo de 22,1% para 21% do total porque o governo não vem rolando (substituindo papéis velhos por novos) os títulos cambiais. Em janeiro, foram retirados do mercado R$ 9,9 bilhões em papéis e contratos cambiais. O valor dessa dívida caiu menos porque a valorização do dólar teve um impacto de R$ 2,8 bilhões.
Em fevereiro, a dívida cambial deverá sofrer uma redução maior -chegando a 19% do total- porque o real está se valorizando e o governo já retirou do mercado R$ 12,1 bilhões de títulos corrigidos pelo dólar.
O coordenador da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Paulo Valle, disse que é intenção do governo fazer mais emissões do que resgatar papéis entre fevereiro e março. Segundo ele, o Tesouro quer aproveitar que os vencimentos desses meses são baixos para poder emitir papéis com prazos mais longos. Em fevereiro e março, o governo terá que negociar vencimentos de menos de R$ 9 bilhões em cada mês.
Valle explica que a redução da dívida mobiliária (em títulos) depende da capacidade do governo de economizar receitas de impostos para pagar juros. O governo elevou a economia em 2003, mas espera uma redução ainda maior das taxas de juros para que os encargos da dívida também caiam.


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