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CONTAS PÚBLICAS
Endividamento com o mercado chega a R$ 813,52 bilhões
Dívida do governo aumenta 3,35%
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O endividamento total do governo com o mercado cresceu
3,35% entre dezembro e janeiro,
quando chegou a R$ 813,52 bilhões. O Banco Central teve que
retirar R$ 20,5 bilhões do mercado para evitar que a taxa de juros
caísse. Essa retirada aconteceu
com a emissão de títulos, o que
elevou a dívida pública.
Uma parte dos reais retirados,
R$ 7,4 bilhões, entrou no mercado devido às compras de dólares
feitas pelo BC para elevar as reservas internacionais. Quando o
mercado tem muito dinheiro, a
taxa de juros -que é o custo do
dinheiro- cai. Mas o BC tem que
manter a meta da taxa Selic, que
foi de 16,5% em janeiro.
O BC também teve de retirar R$
5,2 bilhões que ficaram no mercado porque o Tesouro Nacional
resgatou mais títulos do que emitiu no mês passado.
O restante das emissões do BC
está ligado, segundo o chefe do
Departamento de Mercado Aberto do BC, Sérgio Goldenstein, às
características do mês. As pessoas
normalmente sacam mais em dezembro para gastar o dinheiro nas
férias. Portanto, o dinheiro volta
para o mercado em janeiro.
O governo tem informado, porém, que os títulos emitidos pelo
BC não podem ser considerados
dívida porque são de muito curto
prazo. A maior parte das operações tem prazo inferior a um mês.
De qualquer forma, se forem
considerados apenas os títulos
emitidos pelo Tesouro, um estoque de R$ 737,34 bilhões em janeiro, houve um aumento do endividamento de 0,8%. Outros R$
76,17 bilhões são responsabilidade do BC. Os títulos de curto prazo emitidos pelo BC aumentaram
36,73% entre dezembro e janeiro.
Dívida cambial
Embora o Tesouro tenha resgatado títulos, a parcela da dívida
corrigida pelo câmbio sofreu um
impacto por causa da valorização
de 1,79% do dólar no mês passado. Além disso, a dívida sobe
mensalmente porque metade dela é corrigida pela taxa Selic.
A parcela da dívida corrigida
pelo câmbio acabou caindo de
22,1% para 21% do total porque o
governo não vem rolando (substituindo papéis velhos por novos)
os títulos cambiais. Em janeiro,
foram retirados do mercado R$
9,9 bilhões em papéis e contratos
cambiais. O valor dessa dívida
caiu menos porque a valorização
do dólar teve um impacto de R$
2,8 bilhões.
Em fevereiro, a dívida cambial
deverá sofrer uma redução maior
-chegando a 19% do total-
porque o real está se valorizando e
o governo já retirou do mercado
R$ 12,1 bilhões de títulos corrigidos pelo dólar.
O coordenador da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Paulo
Valle, disse que é intenção do governo fazer mais emissões do que
resgatar papéis entre fevereiro e
março. Segundo ele, o Tesouro
quer aproveitar que os vencimentos desses meses são baixos para
poder emitir papéis com prazos
mais longos. Em fevereiro e março, o governo terá que negociar
vencimentos de menos de R$ 9 bilhões em cada mês.
Valle explica que a redução da
dívida mobiliária (em títulos) depende da capacidade do governo
de economizar receitas de impostos para pagar juros. O governo
elevou a economia em 2003, mas
espera uma redução ainda maior
das taxas de juros para que os encargos da dívida também caiam.
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