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MERCADO FINANCEIRO
Preocupação com denúncias de corrupção faz Bolsa paulista recuar 1,9% e risco-país subir 3,88%
Crise política faz dólar ter maior alta do mês
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise política no governo Lula
determinou uma sensível piora
nos indicadores financeiros ontem. O dólar registrou a maior alta do mês (a quarta seguida), a
Bovespa fechou em queda de quase 2% e o risco-país fechou em 557
pontos, com a desvalorização dos
papéis da dívida do Brasil.
O primeiro impacto foi causado
pelas declarações do presidente
do Supremo Tribunal Federal,
Maurício Corrêa, que sugeriu o
afastamento de José Dirceu (Casa
Civil) enquanto durarem as investigações envolvendo denúncias de corrupção contra o ex-assessor Waldomiro Diniz.
Seguiram-se rumores de que
Dirceu pediria demissão na reunião que manteve com o presidente Lula. De pouco serviram os
desmentidos da Presidência sobre a demissão.
O dólar teve alta de 0,75%, para
R$ 2,942. Desde o dia 29 de janeiro (quando subiu 1,2%) a moeda
norte-americana não experimentava alta tão expressiva em um só
dia. No mês, no entanto, a valorização é de apenas 0,24%.
A Bolsa paulista fechou em baixa de 1,9%, aos 22 mil pontos. O
caso Waldomiro, somado à queda nas Bolsas americanas, motivou a decisão de investidores de
se desfazerem de ativos.
"O Waldomiro é um belo ruído,
mas o mercado tem oscilado muito e aproveita essas ocasiões para
se ajustar", diz Álvaro Bandeira,
da corretora Ágora Sênior. "O
problema é que se perde tempo
apagando incêndios, e o governo
deixa de lado a agenda que precisa cumprir", completa.
Na avaliação de analistas, se a
crise política não for contornada,
os investidores estrangeiros podem começar a retirar dinheiro
da Bovespa -e foram eles que
impulsionaram a alta aos 25 mil
pontos em 2003. Nos dez primeiros dias deste mês o fluxo estava
positivo em R$ 731,6 milhões.
Igualmente preocupante, argumenta Bandeira, é a contínua deterioração dos indicadores nos últimos dias. Somente ontem, o risco-país subiu 3,88%, chegando a
561 pontos. Em de 30 janeiro último estava em 493 pontos.
O C-Bond, título da dívida mais
negociado, caiu 1,36%, cotado a
95,187% do valor de face. Nem a
notícia de que a inflação medida
pela Fipe recuou de 0,46% para
0,26% serviu de
alento. Na BM&F, os contratos
com vencimento em janeiro de
2005 subiram de 15,31% para
15,47%.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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