São Paulo, quinta-feira, 19 de fevereiro de 2004

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MERCADO FINANCEIRO

Preocupação com denúncias de corrupção faz Bolsa paulista recuar 1,9% e risco-país subir 3,88%

Crise política faz dólar ter maior alta do mês

DA REPORTAGEM LOCAL

A crise política no governo Lula determinou uma sensível piora nos indicadores financeiros ontem. O dólar registrou a maior alta do mês (a quarta seguida), a Bovespa fechou em queda de quase 2% e o risco-país fechou em 557 pontos, com a desvalorização dos papéis da dívida do Brasil.
O primeiro impacto foi causado pelas declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa, que sugeriu o afastamento de José Dirceu (Casa Civil) enquanto durarem as investigações envolvendo denúncias de corrupção contra o ex-assessor Waldomiro Diniz.
Seguiram-se rumores de que Dirceu pediria demissão na reunião que manteve com o presidente Lula. De pouco serviram os desmentidos da Presidência sobre a demissão.
O dólar teve alta de 0,75%, para R$ 2,942. Desde o dia 29 de janeiro (quando subiu 1,2%) a moeda norte-americana não experimentava alta tão expressiva em um só dia. No mês, no entanto, a valorização é de apenas 0,24%.
A Bolsa paulista fechou em baixa de 1,9%, aos 22 mil pontos. O caso Waldomiro, somado à queda nas Bolsas americanas, motivou a decisão de investidores de se desfazerem de ativos.
"O Waldomiro é um belo ruído, mas o mercado tem oscilado muito e aproveita essas ocasiões para se ajustar", diz Álvaro Bandeira, da corretora Ágora Sênior. "O problema é que se perde tempo apagando incêndios, e o governo deixa de lado a agenda que precisa cumprir", completa.
Na avaliação de analistas, se a crise política não for contornada, os investidores estrangeiros podem começar a retirar dinheiro da Bovespa -e foram eles que impulsionaram a alta aos 25 mil pontos em 2003. Nos dez primeiros dias deste mês o fluxo estava positivo em R$ 731,6 milhões.
Igualmente preocupante, argumenta Bandeira, é a contínua deterioração dos indicadores nos últimos dias. Somente ontem, o risco-país subiu 3,88%, chegando a 561 pontos. Em de 30 janeiro último estava em 493 pontos.
O C-Bond, título da dívida mais negociado, caiu 1,36%, cotado a 95,187% do valor de face. Nem a notícia de que a inflação medida pela Fipe recuou de 0,46% para 0,26% serviu de alento. Na BM&F, os contratos com vencimento em janeiro de 2005 subiram de 15,31% para 15,47%. (JOSÉ ALAN DIAS)


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