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Comércio tem maior expansão em 7 anos
Varejo registra crescimento de 9,6% no volume de vendas no ano passado e supera recorde de 2004, aponta pesquisa do IBGE
Crédito facilitado e melhora na renda ajudam a explicar o resultado; setores de móveis, eletrodomésticos e informática lideram alta
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O comércio varejista teve, em
2007, o seu melhor desempenho em sete anos: as vendas,
em volume, cresceram 9,6%.
Foi a mais alta de toda a série
histórica da pesquisa do IBGE,
iniciada em 2001. Superou ainda a marca de 2004 (9,3%), o
recorde até então, e a de 2006,
ano que já havia sido bom para
o setor (6,2%).
Segundo o IBGE, crédito em
alta com prazos maiores e juros
mais baixos, renda e emprego
em expansão, maior confiança
de empresários e consumidores em relação à economia e
preços menores em razão do
câmbio explicam o desempenho positivo. "É um excelente
resultado, que se deve à conjuntura econômica propícia para o crescimento do comércio",
disse Reinaldo Pereira, economista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
O desempenho, porém, não
se repetiu no indicador de dezembro, quando as vendas ficaram estagnadas na comparação
livre de influências sazonais
com novembro (alta de 1,7%).
Em relação a dezembro de
2006, cresceram 9%.
Para Pereira, a perda de fôlego retrata apenas uma acomodação após a forte expansão dos
meses anteriores, e não uma
mudança de rota do comércio.
Segundo ele, houve antecipação das compras de Natal com o
pagamento adiantado do 13º de
aposentados e por conta do crédito e das facilidades de pagamento, o que segurou as vendas
de dezembro. "As pessoas não
esperam mais dezembro. Elas
antecipam as compras."
O consultor do IDV (Instituto para Desenvolvimento do
Varejo) Emerson Kapaz também afirmou que o resultado
mais fraco refletiu uma antecipação das compras, mas por
outro motivo: a espera dos consumidores pelas liquidações de
janeiro. Para ele, os primeiros
números de janeiro mostram
que as promoções asseguraram
"um bom crescimento" do comércio no mês. O IDV espera
uma expansão das vendas de
7,5% a 8,5% neste ano.
Menos otimista, o economista Carlos Thadeu de Freitas, da
CNC (Confederação Nacional
do Comércio), prevê um crescimento de 6,5%, "um ótimo resultado" diante da elevada base
de comparação do ano passado.
Tanto Freitas como Pereira
ressaltam que foi mais fácil
crescer na casa dos 9% em
2004 em razão da base deprimida de 2003, quando o país
atravessava uma recessão.
Os economistas dizem que os
fatores que sustentaram o crescimento em 2007 se mantêm
agora. Afirmam ainda que a crise externa e a provável recessão
dos EUA não devem prejudicar
significativamente o setor.
Freitas disse que o crédito
deve continuar aquecido, apesar do aumento das taxas. Emprego e renda também tendem
a crescer, avalia. Já Kapaz afirmou que a confiança do consumidor permanecerá alta, o que
alavanca indiretamente o crédito. "Sem receio de perder o
emprego, as pessoas se sentiram tranqüilas para consumir."
Aliás, o tripé confiança elevada, crédito farto e massa salarial em alta garantiram o forte
crescimento das vendas do varejo em 2007 e devem repetir a
dose em 2008, segundo Kapaz.
A única incógnita, diz Freitas, é a política monetária. Se o
Banco Central aumentar os juros, afirma, pode atrapalhar o
comércio, ao frear o crédito
com prazos mais longos. Tal cenário, segundo ele, preocupa
mais do que a crise externa.
Setores
Lideraram a expansão do varejo os setores de móveis e eletrodomésticos (alta de 15,4%),
equipamentos de informática
(29,4%) e tecidos, vestuário e
calçados (10,7%).
De maior peso, o ramo de super e hipermercados e demais
lojas de alimentos cresceu abaixo da média: 6,8%. Sustentado
pela alta da renda, o setor, diz
Kapaz, teve bom desempenho e
foi o que mais contribuiu para o
resultado geral, apesar de ficar
abaixo da média. O crédito ajudou as áreas de eletrodomésticos, vestuário e informática
-este última também beneficiada pelo câmbio, que barateou importados e insumos.
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