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BNDES tem lucro recorde de R$ 7,3 bilhões em 2007
Banco aumenta ganhos no mercado financeiro e reduz provisões de crédito
Para Júlio de Almeida, do Iedi, BNDES poderia estar emprestando mais e tendo lucro menor; desembolsos crescem 26,5% no ano
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro recorde de R$ 7,314 bilhões no
ano passado, um aumento de
15,5% em relação ao ganho de
R$ 6,331 bilhões de 2006.
O resultado coloca o BNDES
em patamar próximo dos principais bancos comerciais do
país, como Itaú (R$ 8,474 bilhões) e Bradesco (R$ 8,01 bilhões) e bastante acima do Unibanco (R$ 3,448 bilhões).
Segundo Maria Isabel
Aboim, superintendente da
Área Financeira do banco, o desempenho pode ser atribuído
principalmente ao resultado da
carteira de renda variável. Em
2007, o Ibovespa teve alta de
mais de 40%. Os ganhos do
BNDES com a venda de ações,
receita de dividendos e equivalência patrimonial saltaram de
R$ 3,5 bilhões em 2006 para R$
6,1 bilhões no ano passado.
"Tivemos algumas operações
conhecidas como a venda de
ações do Banco do Brasil no final do ano e vendas pulverizadas de ações", afirmou. O banco
arrecadou R$ 1,079 bilhão com
a venda das ações do BB.
O BNDES teve ganhos também com a reversão de provisão para risco de crédito, de R$
1,4 bilhão. De 2002 a 2006, o
banco reservou em média
montantes de R$ 1,2 bilhão por
ano para cobrir eventuais perdas. Em 2007, o banco recuperou parte dos recursos reservados para cobrir o eventual não
pagamento de empréstimos.
Um dos itens que contribuíram para o resultado foi a recuperação de R$ 424 milhões devidos pela SEB (Southern Electric Brasil), controlada pela
AES. A SEB conseguiu um empréstimo, na década de 90, para
compra de ações da Cemig.
"As empresas estão indo
muito bem, e pudemos recuperar créditos passados. Com o
resultado do ano passado, estamos quase esgotando essa receita de reversões de crédito.
Ainda há mais uma ou duas
operações grandes para recuperar no futuro", afirmou.
O banco destacou ainda a
criação de uma metodologia
para classificação de risco de
Estados e municípios. Antes,
esses empréstimos eram enquadrados de forma conservadora, que não fazia grandes distinções entre a situação de cada
Estado ou município.
Fomento
Para Júlio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), o resultado mostra
a solidez do banco, mas também indica que ele poderia estar contribuindo mais para o
desenvolvimento da economia.
"O BNDES está usufruindo
do "boom" do mercado de capitais como qualquer outra instituição financeira, mas não é
uma instituição financeira
qualquer, é um banco de fomento. Há uma diferença entre
um banco de desenvolvimento
não dar prejuízo e ter um lucro
fabuloso. O banco poderia correr mais risco e fomentar mais
novos negócios", disse.
Segundo Aboim, o maior
crescimento da economia e os
melhores resultados das empresas contribuíram para reduzir a inadimplência nos empréstimos concedidos pelo
banco, de 0,68% em 2006 para
0,11% no ano passado.
A rentabilidade com os empréstimos concedidos ficou em
R$ 4,8 bilhões, um resultado
2,04% inferior ao de 2006. Segundo o BNDES, o recuo é resultado da queda de "spreads"
(diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa que
cobram) nos empréstimos.
No ano passado, o BNDES
desembolsou R$ 64,9 bilhões, o
que representa um aumento de
26,5% em relação ao resultado
de 2006.
O patrimônio de referência
do banco atingiu R$ 41,5 bilhões. Ele é usado como parâmetro para a definição do limite de empréstimos para cada
tomador. Quanto maior é o patrimônio, mais o banco pode
emprestar a uma mesma empresa.
As despesas administrativas
somaram R$ 1,4 bilhão, e as
despesas com imposto de renda e contribuição social somaram R$ 2,7 bilhões.
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