São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

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BNDES tem lucro recorde de R$ 7,3 bilhões em 2007

Banco aumenta ganhos no mercado financeiro e reduz provisões de crédito

Para Júlio de Almeida, do Iedi, BNDES poderia estar emprestando mais e tendo lucro menor; desembolsos crescem 26,5% no ano

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou lucro recorde de R$ 7,314 bilhões no ano passado, um aumento de 15,5% em relação ao ganho de R$ 6,331 bilhões de 2006.
O resultado coloca o BNDES em patamar próximo dos principais bancos comerciais do país, como Itaú (R$ 8,474 bilhões) e Bradesco (R$ 8,01 bilhões) e bastante acima do Unibanco (R$ 3,448 bilhões).
Segundo Maria Isabel Aboim, superintendente da Área Financeira do banco, o desempenho pode ser atribuído principalmente ao resultado da carteira de renda variável. Em 2007, o Ibovespa teve alta de mais de 40%. Os ganhos do BNDES com a venda de ações, receita de dividendos e equivalência patrimonial saltaram de R$ 3,5 bilhões em 2006 para R$ 6,1 bilhões no ano passado.
"Tivemos algumas operações conhecidas como a venda de ações do Banco do Brasil no final do ano e vendas pulverizadas de ações", afirmou. O banco arrecadou R$ 1,079 bilhão com a venda das ações do BB.
O BNDES teve ganhos também com a reversão de provisão para risco de crédito, de R$ 1,4 bilhão. De 2002 a 2006, o banco reservou em média montantes de R$ 1,2 bilhão por ano para cobrir eventuais perdas. Em 2007, o banco recuperou parte dos recursos reservados para cobrir o eventual não pagamento de empréstimos.
Um dos itens que contribuíram para o resultado foi a recuperação de R$ 424 milhões devidos pela SEB (Southern Electric Brasil), controlada pela AES. A SEB conseguiu um empréstimo, na década de 90, para compra de ações da Cemig.
"As empresas estão indo muito bem, e pudemos recuperar créditos passados. Com o resultado do ano passado, estamos quase esgotando essa receita de reversões de crédito. Ainda há mais uma ou duas operações grandes para recuperar no futuro", afirmou.
O banco destacou ainda a criação de uma metodologia para classificação de risco de Estados e municípios. Antes, esses empréstimos eram enquadrados de forma conservadora, que não fazia grandes distinções entre a situação de cada Estado ou município.

Fomento
Para Júlio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o resultado mostra a solidez do banco, mas também indica que ele poderia estar contribuindo mais para o desenvolvimento da economia.
"O BNDES está usufruindo do "boom" do mercado de capitais como qualquer outra instituição financeira, mas não é uma instituição financeira qualquer, é um banco de fomento. Há uma diferença entre um banco de desenvolvimento não dar prejuízo e ter um lucro fabuloso. O banco poderia correr mais risco e fomentar mais novos negócios", disse.
Segundo Aboim, o maior crescimento da economia e os melhores resultados das empresas contribuíram para reduzir a inadimplência nos empréstimos concedidos pelo banco, de 0,68% em 2006 para 0,11% no ano passado.
A rentabilidade com os empréstimos concedidos ficou em R$ 4,8 bilhões, um resultado 2,04% inferior ao de 2006. Segundo o BNDES, o recuo é resultado da queda de "spreads" (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa que cobram) nos empréstimos.
No ano passado, o BNDES desembolsou R$ 64,9 bilhões, o que representa um aumento de 26,5% em relação ao resultado de 2006.
O patrimônio de referência do banco atingiu R$ 41,5 bilhões. Ele é usado como parâmetro para a definição do limite de empréstimos para cada tomador. Quanto maior é o patrimônio, mais o banco pode emprestar a uma mesma empresa.
As despesas administrativas somaram R$ 1,4 bilhão, e as despesas com imposto de renda e contribuição social somaram R$ 2,7 bilhões.


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