São Paulo, terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

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Vale acerta reajustes de até 71%

Alta para o minério de ferro é a 2ª maior da história; para analista, compra da Xstrata acelerou negociações

Porcentagem superou a expectativa de analistas; australiana Rio Tinto quer preço maior, devido ao frete mais barato para a Ásia

ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO

No momento em que negocia a aquisição da mineradora suíça Xstrata, a Vale fechou acordo com algumas das principais siderúrgicas mundiais que prevê aumento de até 71% nos preços do minério de ferro (usado na fabricação do aço) -a segunda maior alta da história. A expectativa entre analistas era um aumento de até 50%, sinalizando que as perspectivas de desaceleração da economia global ainda não chegaram ao setor.
Para Alan Cardoso, analista da Prosper Corretora, as negociações da Vale com a Xstrata aceleraram o acordo sobre o preço do minério, que começaram no final do ano passado e pareciam que iam se arrastar por mais tempo.
Ele diz que "havia espaço para conseguir um preço mais alto", mas que a empresa brasileira deve ganhar um maior poder de barganha caso as suas ações continuem a subir devido ao acordo -o negócio com a Xstrata envolve uma parte em dinheiro e outra em ações da Vale. Ontem, os papéis preferenciais da Vale subiram 5,07%, e os ordinários, 4,29%.
Eduardo Roche, gerente de análise do Modal Asset Management, afirma que não é possível falar que a mineradora brasileira abriu mão de um valor maior pelo minério de ferro. Diz, porém, que ela deve conseguir melhores condições de financiamento com os bancos na aquisição da companhia suíça -em um negócio que pode ficar em US$ 90 bilhões.
A empresa brasileira, a maior produtora mundial de minério de ferro, fechou um aumento de 65% no preço da commodity com as japonesas JFE Steel e Nippon Steel (a segunda maior siderúrgica mundial, atrás da ArcelorMittal) e a sul-coreana Posco, para US$ 78,90 a tonelada. No caso do minério de Carajás (Pará), de maior qualidade, a alta foi de até 71%.
O aumento conseguido pela Vale só não é superior ao de 2005, quando as mineradoras conseguiram uma alta de 71,5% no preço. No ano passado, foi de 9,5%, e, em 2006, de 19%.
A cotação do minério é negociada anualmente e, geralmente, o primeiro acordo é seguido pelas demais empresas do setor. A siderúrgica alemã ThyssenKrupp, por exemplo, já disse que aceitou o aumento. A alta deve ter impacto nos preços do aço e, portanto, nos de produtos como automóveis.
A chinesa Baosteel, que negocia pelas empresas do país, deve finalizar o acordo ainda neste mês, segundo a agência Xinhua. A tendência, segundo analistas, é que a siderúrgica aceite o valor oferecido para a Vale. A China é o maior consumidor e produtor mundial de aço e, no ano passado, importou 383 milhões de toneladas de minério de ferro, aumento de 17,4% ante 2006.
Um dos fatores que podem frear as negociações é a decisão da australiana Rio Tinto, a segunda maior produtora de minério de ferro, de querer um preço maior pelo produto. Favorecida pela proximidade maior da Ásia, ela deseja um adicional pelo custo menor do frete. A rival BHP Billiton já tentou fazer o mesmo anteriormente, mas não conseguiu.


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