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Vale acerta reajustes de até 71%
Alta para o minério de ferro é a 2ª maior da história; para analista, compra da Xstrata acelerou negociações
Porcentagem superou a expectativa de analistas; australiana Rio Tinto quer preço maior, devido ao frete mais barato para a Ásia
ÁLVARO FAGUNDES
DA REDAÇÃO
No momento em que negocia
a aquisição da mineradora suíça Xstrata, a Vale fechou acordo
com algumas das principais siderúrgicas mundiais que prevê
aumento de até 71% nos preços
do minério de ferro (usado na
fabricação do aço) -a segunda
maior alta da história. A expectativa entre analistas era um
aumento de até 50%, sinalizando que as perspectivas de desaceleração da economia global
ainda não chegaram ao setor.
Para Alan Cardoso, analista
da Prosper Corretora, as negociações da Vale com a Xstrata
aceleraram o acordo sobre o
preço do minério, que começaram no final do ano passado e
pareciam que iam se arrastar
por mais tempo.
Ele diz que "havia espaço para conseguir um preço mais alto", mas que a empresa brasileira deve ganhar um maior poder de barganha caso as suas
ações continuem a subir devido
ao acordo -o negócio com a
Xstrata envolve uma parte em
dinheiro e outra em ações da
Vale. Ontem, os papéis preferenciais da Vale subiram
5,07%, e os ordinários, 4,29%.
Eduardo Roche, gerente de
análise do Modal Asset Management, afirma que não é possível falar que a mineradora brasileira abriu mão de um valor
maior pelo minério de ferro.
Diz, porém, que ela deve conseguir melhores condições de financiamento com os bancos na
aquisição da companhia suíça
-em um negócio que pode ficar
em US$ 90 bilhões.
A empresa brasileira, a maior
produtora mundial de minério
de ferro, fechou um aumento
de 65% no preço da commodity
com as japonesas JFE Steel e
Nippon Steel (a segunda maior
siderúrgica mundial, atrás da
ArcelorMittal) e a sul-coreana
Posco, para US$ 78,90 a tonelada. No caso do minério de Carajás (Pará), de maior qualidade,
a alta foi de até 71%.
O aumento conseguido pela
Vale só não é superior ao de
2005, quando as mineradoras
conseguiram uma alta de 71,5%
no preço. No ano passado, foi
de 9,5%, e, em 2006, de 19%.
A cotação do minério é negociada anualmente e, geralmente, o primeiro acordo é seguido
pelas demais empresas do setor. A siderúrgica alemã
ThyssenKrupp, por exemplo, já
disse que aceitou o aumento. A
alta deve ter impacto nos preços do aço e, portanto, nos de
produtos como automóveis.
A chinesa Baosteel, que negocia pelas empresas do país,
deve finalizar o acordo ainda
neste mês, segundo a agência
Xinhua. A tendência, segundo
analistas, é que a siderúrgica
aceite o valor oferecido para a
Vale. A China é o maior consumidor e produtor mundial de
aço e, no ano passado, importou 383 milhões de toneladas
de minério de ferro, aumento
de 17,4% ante 2006.
Um dos fatores que podem
frear as negociações é a decisão
da australiana Rio Tinto, a segunda maior produtora de minério de ferro, de querer um
preço maior pelo produto. Favorecida pela proximidade
maior da Ásia, ela deseja um
adicional pelo custo menor do
frete. A rival BHP Billiton já
tentou fazer o mesmo anteriormente, mas não conseguiu.
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