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BNDES bate recorde em crédito e lucra R$ 6,7 bi
Ganho do banco em 2009 é 27% maior do que no ano anterior, mas perde para 2007
Segundo o BNDES, lucro não aumentou mais porque o banco trabalhou com taxas baixas de juro para suprir a escassez de crédito global
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
O aumento da participação
do BNDES no mercado de crédito, como forma de compensar a queda mundial nos financiamentos devido à crise, levou
o banco a registrar um lucro de
R$ 6,7 bilhões no ano passado
-26,8% a mais do que os R$ 5,3
bilhões de 2008. No período, o
banco ampliou de 17% para
20% sua fatia na oferta de crédito do país.
O lucro, porém, não é recorde, embora assim tenha sido o
volume de recursos liberados
em 2009, de R$ 137 bilhões. O
resultado está 8,2% abaixo dos
R$ 7,3 bilhões lucrados no ano
de 2007, antes da crise, quando
o banco financiou R$ 65 bilhões, ou menos da metade do
valor de 2009.
Uma das explicações do
BNDES para o "não recorde"
no lucro é a queda no "spread"
-diferença entre a taxa de juros que o banco paga na captação e a taxa com que empresta
ao mercado. "Temos as menores taxas de juros do mercado",
diz o presidente do banco, Luciano Coutinho.
Em meados de 2009, o
BNDES chegou a zerar o
"spread" de algumas linhas para a compra de bens de capital
(máquinas e equipamentos),
cobrando só a inflação do período, como tentativa de fazer o
setor produtivo reagir à crise.
Outro fator que impediu que
o lucro crescesse na velocidade
dos financiamentos foi a piora
do mercado de capitais. O
BNDES costuma vender algumas participações acionárias
de menor relevância em momentos de alta, contabilizando
o lucro.
Com a queda generalizada no
preço das ações, nos meses
após o pior da crise, o banco optou por frear a venda dos papéis
que tem em carteira, como costuma fazer. O resultado com a
venda de títulos e valores mobiliários (principalmente ações)
caiu de R$ 4,6 bilhões para R$
1,2 bilhão, ou 74%.
"No ano passado, aproveitamos a queda nos preços para
comprar ações mais do que
vender", disse Coutinho, sem
detalhar quais.
Para o analista de bancos da
agência de classificação de risco Austin Rating, Luiz Miguel
Santacreu, o resultado é robusto. "O lucro deve colocar o
BNDES entre os quatro melhores resultados do sistema financeiro, junto com Banco do
Brasil, Itaú e Bradesco."
O Bradesco lucrou R$ 8 bilhões em 2009, e o Itaú, R$ 10
bilhões. O Banco do Brasil divulgará o seu resultado no próximo dia 25.
Com a crise, o índice de inadimplência praticamente dobrou, de 0,11% para 0,20% da
carteira. O banco considera o
percentual pequeno. Santacreu
concorda. "Os demais bancos
estão trabalhando com inadimplência média de 4%."
O índice de Basileia -um dos
indicadores de saúde financeira da instituição- está em
17,5%, acima dos 11% mínimos
exigidos. O indicador traduz
quanto um banco pode emprestar em relação a seu patrimônio. Na prática, portanto,
com esse índice o BNDES tem
condições de emprestar mais
sem pôr em risco sua saúde financeira.
O banco também informou
ter sido beneficiado, em R$ 600
milhões, por uma decisão judicial. Esse valor estava provisionado para compensar uma perda que acabou não ocorrendo.
Com isso, acabou sendo revertido para o resultado do banco.
O BNDES não informou a que
empresa ou negociação a provisão se referia.
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