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São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2003

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AVIAÇÃO

Perdas podem ser de US$ 13 bi

Aéreas temem prejuízo dobrado e mais falências

ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

A guerra com o Iraque pode até dobrar o prejuízo, já grande, estimado para as companhias aéreas dos EUA neste ano e abrir a temporada de falências no setor.
A previsão aparece em dois relatórios divulgados ontem -um da Air Transport Association, que reúne as empresas do setor, e outro da Merrill Lynch.
Inicialmente, o rombo estava estimado em US$ 6,4 bilhões ou US$ 6,7 bilhões, de acordo com uma e outra previsão. Com o ataque, pode saltar para até US$ 13 bilhões, numa indústria já combalida pelas perdas estimadas em US$ 18 bilhões desde os ataques terroristas em 11 de setembro de 2001.
"A indústria aérea é a mais atingida por uma guerra", aponta Michael Linenberg, da Merrill Lynch. "A procura por viagens internacionais vai diminuir ainda mais, e o preço dos combustíveis e o custo dos seguros vão subir."
Até o governo americano engrossou o coro do pessimismo. Em seu relatório anual, a FAA (Federal Aviation Administration), órgão responsável pela aviação na administração federal, disse ontem que a guerra poderá afetar sua previsão de recuperação das companhias aéreas neste ano.
O pior, porém, é que essa previsão já era ruim. O retorno aos níveis de passageiros transportados antes do 11 de setembro, previsto inicialmente para o ano que vem, tinha sido adiado, no cenário anterior à guerra, para 2005 ou 2006.
Em Genebra (Suíça), a Iata, associação mundial das empresas aéreas, disse que sua previsão é de queda de 15% a 20% no movimento de passageiros por causa do conflito no Iraque.
"Há sério risco de um quadro caótico no setor, e a perspectiva de uma nacionalização forçada da indústria não é irreal", diz o relatório da Air Transport Association, que tenta arrancar verbas do governo para ajudar na reestruturação das companhias.
Ontem, ao menos, ouviu uma declaração favorável do secretário americano de Transporte, Norman Mineta -ele afirmou que o governo estará pronto para ajudar rapidamente se preciso.
Segundo a associação, a penúltima elevação do nível de alerta terrorista nos EUA, no mês passado, derrubou em 20% o nível de reservas, mesmo com as tarifas no menor preço em 15 anos.
No cenário que consideram mais provável hoje, já levando em conta um ataque ao Iraque, as companhias americanas prevêem um ano com perdas de US$ 10,7 bilhões, o fim de 2.200 vôos e 70 mil demissões.
As maiores fontes de preocupação, no momento, são a United Airlines e a US Airways Group, já operando em condições de concordata, além da American Airlines, maior transportadora do mundo, também no vermelho.
A primeira Guerra do Golfo, em 1991, levou à liquidação de quatro companhias, uma delas a Pan American. A diferença, dizem as empresas, é que o setor estava muito mais sólido no início daquele conflito do que agora.


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