|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VINICIUS TORRES FREIRE
A crise, a Bolsa e os bolsos
Variação forte nas Bolsas e perspectiva de alta dos juros
sugerem "hora de reflexão" para o pequeno investidor
O PÂNICO passou nos EUA. Isto
é, o pânico das duas últimas
semanas. Novos poderão vir,
quiçá ainda nesta semana. O estado
clínico da economia americana e o
mais recente "pulo do gato" (morto?) das Bolsas diz algo sobre aplicações financeiras? Em parte. No que
diz respeito a juros, a conversa é
quase toda doméstica. O Banco Central está com a mão no gatilho para
aumentar juros em abril, dada a inflação. Os juros já subiram na praça,
e aqueles pagos pelo governo para
remunerar os títulos de sua dívida
parecem ter subido de patamar.
As ações brasileiras têm sofrido
muito menos que as americanas.
Mas o Ibovespa parece um joão-bobo a oscilar entre 57 mil e 65 mil
pontos, se tanto. No final de 2007,
dizia-se que o Ibovespa iria a 80 mil
pontos no final de 2008. Agora, os
chutes ficam entre 70 mil e 75 mil.
Aceitando a pior dessas hipóteses,
o ganho seria de 13% até dezembro.
Mas, dado o furacão de incertezas no
curto prazo (este ano), tais palpites
são loteria. E quem quer ganhar com
a gangorra do Ibovespa deve lembrar que o brinquedo pode em certo
momento parar perto do chão.
Os juros sobem, embora também
variem diariamente. Tome-se por
exemplo um título público, oferecido também no Tesouro Direto, uma
NTN-B que vence em maio de 2011
(paga juros semestrais, com taxa fixada no momento da compra e, no
vencimento, o valor investido corrigido pelo IPCA). Em dias de pânico,
como 16 de agosto de 2007, o título
chegou a pagar 8% ao ano, contra 7%
uma semana antes. Mas, desde meados de 2007, a taxa desses títulos
tende à alta. Estavam anteontem em
8,12% ao ano, fora a inflação. E o BC deve elevar juros.
Parêntese: títulos do Tesouro Direto pagam o rendimento fixado se
forem "carregados" até o vencimento. Se vendidos antes, estão sujeitos
aos preços de mercado (assim como
cotas de fundos de investimento).
Informações sobre o Tesouro Direto em www.stn.fazenda.gov.br.
Se o BC elevar juros, fundos com
juros prefixados (de renda fixa)
perdem um pouco. Mais de metade
das subcategorias de fundos de investimento está no vermelho neste
ano. Vão bem os conservadores
fundos DI e fundos multimercado
sem renda variável (ações), em especial os com alavancagem (de risco bem alto). Para aplicadores pequenos, fundos referenciados, como os DI, pagam bem menos que
títulos do Tesouro Direto, pois os
bancos cobram os olhos da cara em
taxa de administração e pela intermediação.
Este texto NÃO É recomendação
de investimento. Decisões sobre
onde aplicar dependem de quando
será preciso resgatar o dinheiro, da
idade do aplicador, de quanto dinheiro tem, da diversificação da
carteira etc. Isto é só um cenário
sumaríssimo e modestíssimo sobre riscos da renda variável no curto prazo, a tendência de alta nos juros e a perspectiva de rendimento
nos dois casos.
vinit@uol.com.br
Texto Anterior: Lucros de bancos caem pela metade, mas superam expectativa de investidores Próximo Texto: Crise nos EUA é 30 vezes mais grave que a da Ásia, diz Lula Índice
|