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"Não acompanho o Brasil", diz o economista
EM CAMBRIDGE (EUA)
O economista Lawrence
Henry "Larry" Summers, 53,
é protagonista de vários episódios marcantes.
O mais recente foi sua renúncia em 2006 ao cargo de
reitor de Harvard, a mais antiga universidade dos Estados Unidos (criada em 1636).
Summers se indispôs com
os professores por uma série
de declarações polêmicas.
Uma delas sobre as diferenças fisiológicas entre os sexos que supostamente explicariam por que há menos
mulheres bem-sucedidas em
alguns campos da ciência.
Com fama de arrogante,
Summers afastou-se de quase tudo por um ano. Acaba de
voltar a lecionar em Harvard.
Todas as terças e quintas-feiras, ministra com outro
colega economista, Lant
Pritchett, o curso "O conteúdo da globalização: assuntos,
atores e decisões". É comum
ser aplaudido ao final das
sessões. Cerca de 300 alunos
assistem à sua aula.
A carreira de Summers foi
meteórica. Aos 16 anos, entrou para o prestigiado MIT
(Massachusetts Institute of
Technology). Queria estudar
física. Acabou em economia.
Com 28 anos, ele já era
professor titular em Harvard. Deixou a universidade
em 1991. Tornou-se economista-chefe do Banco Mundial.
Logo depois de assumir o
cargo, envolveu-se numa polêmica ao assinar um memorando interno no qual afirmava ser "impecável" a lógica econômica de despejar lixo tóxico em países subdesenvolvidos. Desculpou-se
quando o papel vazou.
Na metade dos anos 1990,
Summers ocupou vários postos na equipe econômica do
então presidente Bill Clinton
(democrata).
De 1999 a 2001, foi secretário do Tesouro (o equivalente ao ministro da Fazenda no
Brasil).
Descontraído, sem gravata, na segunda-feira à tarde
deu uma entrevista para a
Folha com os pés sobre uma
mesa de centro em sua sala
em Harvard.
Falou pouco sobre assuntos dos quais considera ter
pouca informação. "Eu não
acompanho o Brasil", disse.
A declaração é útil e contém,
pelo menos, duas revelações.
Primeiro, sabe-se que um
dos principais economistas
dos Estados Unidos é desinformado deliberadamente
sobre o Brasil. Segundo, que
o otimismo panglossiano do
presidente Lula e de seu governo ainda não atingiu nem
contagiou parte do establishment do mundo desenvolvido.
(FR)
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