São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

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"Não acompanho o Brasil", diz o economista

EM CAMBRIDGE (EUA)

O economista Lawrence Henry "Larry" Summers, 53, é protagonista de vários episódios marcantes.
O mais recente foi sua renúncia em 2006 ao cargo de reitor de Harvard, a mais antiga universidade dos Estados Unidos (criada em 1636).
Summers se indispôs com os professores por uma série de declarações polêmicas. Uma delas sobre as diferenças fisiológicas entre os sexos que supostamente explicariam por que há menos mulheres bem-sucedidas em alguns campos da ciência.
Com fama de arrogante, Summers afastou-se de quase tudo por um ano. Acaba de voltar a lecionar em Harvard.
Todas as terças e quintas-feiras, ministra com outro colega economista, Lant Pritchett, o curso "O conteúdo da globalização: assuntos, atores e decisões". É comum ser aplaudido ao final das sessões. Cerca de 300 alunos assistem à sua aula.
A carreira de Summers foi meteórica. Aos 16 anos, entrou para o prestigiado MIT (Massachusetts Institute of Technology). Queria estudar física. Acabou em economia.
Com 28 anos, ele já era professor titular em Harvard. Deixou a universidade em 1991. Tornou-se economista-chefe do Banco Mundial.
Logo depois de assumir o cargo, envolveu-se numa polêmica ao assinar um memorando interno no qual afirmava ser "impecável" a lógica econômica de despejar lixo tóxico em países subdesenvolvidos. Desculpou-se quando o papel vazou.
Na metade dos anos 1990, Summers ocupou vários postos na equipe econômica do então presidente Bill Clinton (democrata).
De 1999 a 2001, foi secretário do Tesouro (o equivalente ao ministro da Fazenda no Brasil).
Descontraído, sem gravata, na segunda-feira à tarde deu uma entrevista para a Folha com os pés sobre uma mesa de centro em sua sala em Harvard.
Falou pouco sobre assuntos dos quais considera ter pouca informação. "Eu não acompanho o Brasil", disse. A declaração é útil e contém, pelo menos, duas revelações. Primeiro, sabe-se que um dos principais economistas dos Estados Unidos é desinformado deliberadamente sobre o Brasil. Segundo, que o otimismo panglossiano do presidente Lula e de seu governo ainda não atingiu nem contagiou parte do establishment do mundo desenvolvido. (FR)


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