São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

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Emprego formal quebra recorde no 1º bimestre

Ministério do Trabalho prevê a criação de 1,8 milhão de empregos neste ano

Para especialista da Unicamp, se houver "contágio" da crise nos EUA, impacto no crescimento do país poderá reduzir previsão

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O mercado de trabalho formal apresentou expansão recorde no primeiro bimestre de 2008. Nos dois primeiros meses do ano, o número de novos postos com carteira assinada alcançou 347.884 vagas, o que representa o melhor resultado para o primeiro bimestre desde 1992. O saldo ficou 37% acima do registrado no período janeiro-fevereiro de 2007.
Na avaliação do Ministério do Trabalho, o desempenho do mercado formal nos próximos meses (março, abril e maio) será ainda melhor, já que tradicionalmente se trata de um período de forte geração de emprego.
"Começou muito turbinado o primeiro bimestre. Vamos viver o melhor ano do emprego. A demanda interna está aquecida, e os setores produtivos estão produzindo mais. Não há risco de inflação", disse ontem o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
Nas contas de Lupi, 2008 deve gerar o recorde de 1,8 milhão de vagas formais. No ano passado, melhor ano do emprego com carteira assinada, foi criado 1,617 milhão de postos.
Nem a crise financeira que sacode os mercados globais abala o otimismo do ministro. "Mesmo assim, a economia brasileira tem resistido com muita calmaria e tranqüilidade", disse.
Para o professor de economia da Unicamp Cláudio Dedecca, ainda é cedo para tanto otimismo. Segundo ele, o mercado vem embalado pelo forte crescimento do emprego nos últimos meses de 2007, ano em que o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 5,4%, e a tendência é que, se a economia continuar crescendo no atual ritmo, a geração de emprego se mantenha elevada.
"Mas, até o momento, não sabemos o tamanho da bomba externa. Na perspectiva mais otimista, a recessão nos EUA durará dois a três trimestres e poderemos passar incólumes, sem o crescimento e o emprego serem afetados. No cenário mais negativo, porém, não temos como escapar sem redução no crescimento e na geração de emprego", afirmou Deddeca.
Uma eventual elevação dos juros no Brasil, disse o especialista, comprometeria o nível de emprego no país. "Acho difícil isso acontecer [aumento de juros no Brasil]. Mas, se houver, seria muito difícil não reduzir o emprego", afirmou.
Os dados do emprego formal divulgados ontem fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O levantamento é divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho desde 1992. Todos os trabalhadores com carteira assinada estão incluídos, exceto empregados domésticos.

Serviços
Somente em fevereiro, foram gerados 204.963 postos. O número é o melhor para o mês na série histórica do Caged.
Todos os setores da economia apresentaram saldos positivos. Os destaques ficaram para serviços, com 74.441 vagas criadas, e indústria da transformação, com 46.812 postos.
A contratação no segmento de ensino, com o fim das férias escolares, foi o principal motivo para o avanço do emprego em serviços. A indústria foi influenciada pelas admissões no segmento alimentício e de bebidas e de maquinário.
Entre as regiões, o saldo de vagas foi negativo apenas no Nordeste, por conta do fim do ciclo da cana-de-açúcar, afetando o setor sucroalcooleiro.


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