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Emprego formal quebra recorde no 1º bimestre
Ministério do Trabalho prevê a criação de 1,8 milhão de empregos neste ano
Para especialista da Unicamp, se houver "contágio" da crise nos EUA, impacto no crescimento do país poderá reduzir previsão
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O mercado de trabalho formal apresentou expansão recorde no primeiro bimestre de
2008. Nos dois primeiros meses do ano, o número de novos
postos com carteira assinada
alcançou 347.884 vagas, o que
representa o melhor resultado
para o primeiro bimestre desde
1992. O saldo ficou 37% acima
do registrado no período janeiro-fevereiro de 2007.
Na avaliação do Ministério
do Trabalho, o desempenho do
mercado formal nos próximos
meses (março, abril e maio) será ainda melhor, já que tradicionalmente se trata de um período de forte geração de emprego.
"Começou muito turbinado
o primeiro bimestre. Vamos viver o melhor ano do emprego. A
demanda interna está aquecida, e os setores produtivos estão produzindo mais. Não há
risco de inflação", disse ontem
o ministro do Trabalho, Carlos
Lupi.
Nas contas de Lupi, 2008 deve gerar o recorde de 1,8 milhão
de vagas formais. No ano passado, melhor ano do emprego
com carteira assinada, foi criado 1,617 milhão de postos.
Nem a crise financeira que
sacode os mercados globais
abala o otimismo do ministro.
"Mesmo assim, a economia
brasileira tem resistido com
muita calmaria e tranqüilidade", disse.
Para o professor de economia da Unicamp Cláudio Dedecca, ainda é cedo para tanto
otimismo. Segundo ele, o mercado vem embalado pelo forte
crescimento do emprego nos
últimos meses de 2007, ano em
que o PIB (Produto Interno
Bruto) cresceu 5,4%, e a tendência é que, se a economia
continuar crescendo no atual
ritmo, a geração de emprego se
mantenha elevada.
"Mas, até o momento, não sabemos o tamanho da bomba externa. Na perspectiva mais otimista, a recessão nos EUA durará dois a três trimestres e poderemos passar incólumes,
sem o crescimento e o emprego
serem afetados. No cenário
mais negativo, porém, não temos como escapar sem redução
no crescimento e na geração de
emprego", afirmou Deddeca.
Uma eventual elevação dos
juros no Brasil, disse o especialista, comprometeria o nível de
emprego no país. "Acho difícil
isso acontecer [aumento de juros no Brasil]. Mas, se houver,
seria muito difícil não reduzir o
emprego", afirmou.
Os dados do emprego formal
divulgados ontem fazem parte
do Caged (Cadastro Geral de
Empregados e Desempregados). O levantamento é divulgado mensalmente pelo Ministério do Trabalho desde 1992.
Todos os trabalhadores com
carteira assinada estão incluídos, exceto empregados domésticos.
Serviços
Somente em fevereiro, foram
gerados 204.963 postos. O número é o melhor para o mês na
série histórica do Caged.
Todos os setores da economia apresentaram saldos positivos. Os destaques ficaram para serviços, com 74.441 vagas
criadas, e indústria da transformação, com 46.812 postos.
A contratação no segmento
de ensino, com o fim das férias
escolares, foi o principal motivo para o avanço do emprego
em serviços. A indústria foi influenciada pelas admissões no
segmento alimentício e de bebidas e de maquinário.
Entre as regiões, o saldo de
vagas foi negativo apenas no
Nordeste, por conta do fim do
ciclo da cana-de-açúcar, afetando o setor sucroalcooleiro.
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