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Receita intimará sonegadores de IR
A partir de segunda-feira, 1.470 contribuintes receberão notificação para prestar esclarecimentos
Em São Paulo estão 494 contribuintes suspeitos de sonegar; retificar declaração
antes da intimação evita ter de pagar multa de até 150%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A partir de segunda-feira, dia
23, a Receita Federal começará
a intimar 1.470 contribuintes
pessoas físicas em todo o país
suspeitos de sonegação fiscal.
Ao todo, o fisco estima arrecadar R$ 475 milhões (já incluídos multa e juros) desses contribuintes.
O valor estimado das autuações indica que a Receita está
em busca de contribuintes de
alta renda, conforme a secretária Lina Maria Vieira informou
em entrevista publicada pela
Folha em 9 deste mês.
Na média, cada um dos que
estão na mira do fisco estaria
devendo R$ 323 mil entre imposto, multa e juros. A maioria
dos suspeitos de sonegação está
em São Paulo -no Estado serão
enviadas 494 intimações.
O subsecretário de fiscalização da Receita, Henrique Freitas, sugeriu que os contribuintes que tenham sonegado IR
procurem regularizar sua situação. Não serão autuados e
processados aqueles sonegadores que fizerem a declaração retificadora espontaneamente
-para os que serão intimados,
o prazo para regularizar a situação vai até o final de semana.
Uma vez intimado, o sonegador não poderá mais corrigir as
informações prestadas. Nesse
caso, ele só poderá apresentar
os documentos exigidos pela
fiscalização para provar que
não deve nada. Além de arcar
com o processo administrativo
para cobrança, o contribuinte
fica sujeito a multas que variam
de 75% a 150%. Se for comprovada fraude, o sonegador será
processado criminalmente -e
poderá até ser preso.
Se fizer a retificação antes de
ser intimado, o contribuinte só
terá de pagar o IR devido (aquele resultante da retificação)
acrescido de juros pela Selic e
de multa de mora de 1% ao mês,
limitada a 20%. Exemplo: uma
declaração entregue em 2008,
com incorreções, e que fosse
retificada hoje, teria juros a
partir de maio de 2008 e multa
de 11% sobre o imposto devido.
Grandes valores
Segundo Freitas, a Receita
identificou os sonegadores
principalmente pelas movimentações financeiras e com o
uso de cartões de crédito. Muitos deles fizeram transações
bancárias de grande porte, mas
nem sequer entregam a declaração do imposto.
Alguns exemplos de irregularidade comprovados em São
Paulo: em 2006, um contribuinte vendeu ações na Bolsa
acima de R$ 200 milhões e não
pagou nada de imposto; outros
investidores ganharam mais de
R$ 2 milhões em 2006 em operações "day-trade" (compra e
venda de ações no mesmo dia) e
não declararam nada ao fisco;
um contribuinte fez compras
de mais de R$ 11 milhões com
cartões de crédito e não entregou a declaração de 2006.
Outro critério usado pela Receita foi cruzar as informações
prestadas pelos contribuintes
com seus bens. Muitos sonegadores têm imóveis, carros e outros bens ou aplicações financeiras que o seu rendimento
não pode comprar, o que indica
sonegação de renda.
Freitas disse que o foco da
operação -a primeira de quatro neste ano da chamada Enaf
(Estratégia Nacional de Autuação da Fiscalização)- são pessoas que não declaram IR mas
apresentam indícios de que recebem rendimentos tributáveis em valores elevados.
Freitas disse que o fisco não
tem mais a intenção de fazer
operações de fiscalização sobre
contribuintes que declaram IR.
Para ele, nesses casos a sonegação será detectada pela malha
fina. Mas a Receita terá de fazer
ajustes no sistema para não aumentar o número de contribuintes retidos pela malha.
"Estamos desenvolvendo um
sistema em que o contribuinte
que cai na malha todo ano, mas
declara corretamente todo ano,
possa sair da malha", disse.
As próximas três operações
de fiscalização da Receita terão
como foco tanto pessoas físicas
como empresas. A Receita também está mais focada em encontrar sonegadores entre empresas de grande porte. O alvo
principal atualmente são as
instituições financeiras, responsáveis por 30% da arrecadação administrada pela Receita, exceto a previdência.
Colaborou a Reportagem Local
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