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Retomada da economia reforça ganho salarial
Dieese mostra que inflação baixa e volta da confiança elevaram número de reajustes acima da inflação
VERENA FORNETTI
DA REDAÇÃO
A desaceleração da inflação e
o crescimento da economia no
segundo semestre de 2009 beneficiaram as negociações salariais feitas entre sindicatos e
empresas a partir de julho e reverteram a tendência dos acordos e convenções coletivas observada no início de 2009,
quando os trabalhadores tiveram ganhos menos favoráveis.
Segundo dados do Dieese
(Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos), 79,9% das 692
negociações monitoradas em
2009 obtiveram aumentos salariais acima da inflação. O número é melhor que o do ano anterior, quando o percentual registrado foi de 77,2%. O resultado é pior, porém, que o dos dois
anos anteriores.
Considerados os reajustes
acima ou, pelo menos, iguais ao
INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE,
o percentual alcança 92,6%.
O economista Fábio Romão,
da LCA Consultoria, afirma
que a inflação mais baixa no
ano passado favoreceu as negociações. "A inflação escorregou
três pontos percentuais, na taxa anualizada, ao longo do ano
passado", afirma. Com a inflação baixa, é mais fácil para os
sindicatos igualar o índice de
preço nos reajustes salariais.
Por outro lado, a amplitude
do reajuste foi afetada pela recessão econômica. Em pouco
mais da metade das negociações, os aumentos reais -ou seja, acima da inflação- foram
menores que 1%. Em 2007, ano
que não sofreu influência da
crise, ocorreu o inverso: em
48,5% dos acordos os reajustes
reais variaram de 1% a 3%.
O levantamento do Dieese
também mostra que alguns setores ainda tiveram dificuldades para repor a inflação nas
negociações coletivas. Na indústria urbana (que inclui setores ligados ao saneamento e à
energia), 20,6% dos acordos
não conseguiram sequer repor
a inflação no ano passado.
Perspectiva favorável
José Silvestre, coordenador
de relações sindicais do Dieese,
afirma que a tendência positiva
para as negociações salariais
deve se repetir neste ano, caso a
inflação se mantenha em patamar próximo ao de 2009.
O economista da LCA acrescenta que, embora não haja
perspectiva de desaceleração
para a inflação neste ano, o que
impulsiona os aumentos reais,
a retomada da economia favorecerá os ganhos salariais acima da inflação neste ano.
"Passaremos de uma retração do PIB de 0,2% em 2009
para um crescimento em torno
de 5,8% em 2010. Sem dúvida
será um ano favorável para os
ganhos reais", diz Romão.
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