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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO
Para o presidente, enquadrar Antonio Carlos Valente na Comissão de Ética "foi além do desejado"
Acionar ética contra Anatel é demais, diz FHC
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que "foi
além do desejado" o enquadramento do presidente interino da
Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), Antonio Carlos
Valente, na Comissão de Ética Pública, por suas críticas ao Banco
Central.
FHC fez a afirmação a pelo menos um interlocutor que esteve
ontem com ele, segundo a Folha
apurou. Para FHC, ainda de acordo com o que a Folha apurou, o
assunto poderia estar encerrado
com a nota de Valente esclarecendo suas afirmações.
Na nota, Valente diz que "são
inverídicas as afirmações de que o
presidente em exercício da Anatel
tenha atribuído juízo de valor ao
documento como instrumento de
"pacto", "lobby", "em defesa de interesses privados" ou qualquer outra caracterização, dirigida ao
Banco Central, à Câmara de Política Econômica, ou a seus respectivos dirigentes ou membros".
O enquadramento de Valente
na Comissão de Ética Pública foi
sugerido pelo ministro Pedro Parente (Casa Civil). Ele se baseou
em dois artigos do Código de
Conduta da Alta Administração
Federal, que proíbe manifestação
pública de autoridades sobre divergências internas.
As afirmações de Valente foram
feitas na terça-feira depois de ter
vazado a informação de que o
presidente do Banco Central, Armínio Fraga, apresentou documento elaborado pela empresa de
telefonia celular BCP durante reunião da Câmara de Política Econômica com pesadas críticas à
Anatel e com sugestões de mudanças nas regras do setor de telecomunicações.
Valente declarou que não havia
crise no setor, como o documento
sugeria. Ele deixou claro também
que o documento se tratava de
mais um lobby das empresas interessadas em mudar as regras do
jogo no setor.
A BCP decidiu tornar público
ontem o polêmico documento sobre o setor de telecomunicações
que gerou atritos entre o Banco
Central e a Anatel. A BCP não revela, no entanto, os autores do documento. De acordo com a assessoria da BCP, o estudo foi feito pelo "departamento de estratégia"
da empresa.
No trabalho, a BCP diz que o
modelo criado para o setor de telecomunicações à época da privatização está esgotado e precisa ser
revitalizado. De acordo com o documento, "a Anatel vive ainda hoje da memória das inegáveis realizações patrocinadas pelo ex-ministro Sérgio Motta, sem conseguir agregar contribuições de valor ao modelo para adequá-lo à
realidade nacional e internacional
do setor".
O documento critica também o
fato de as tarifas de celulares estarem contingenciadas em níveis
muito inferiores aos estabelecidos
nos contratos de concessão (menos da metade). "Isso provoca
forte impacto negativo no fluxo
de caixa dessas empresas de telecomunicações", diz o trabalho.
Além de criticar o controle de
preços no setor, o documento da
BCP diz que "a Anatel deveria
atuar mais firmemente no sentido
de reduzir a carga tributária recordista mundial -superior a
40%- que recai sobre as contas
dos consumidores".
O trabalho da BCP também pede a antecipação de permissão para fusões entre as empresas.
Telemar
O presidente-executivo da Telemar, José Fernandes Pauletti, afirmou que o mercado de telefonia
no país é pequeno para o número
de empresas em operação e, portanto, seria bom antecipar para
este ano o processo de fusões no
setor, previsto para 2003.
"É inegável. Não tem espaço. O
mercado é menor que o número
de empresas que tem", declarou
Pauletti, depois de audiência com
o ministro das Comunicações,
Juarez Quadros.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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