|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MERCADO FINANCEIRO
Concursado do BC, afastado era da área de Relações com Empresas e estava no órgão desde 1978
CVM afasta superintendente e faz apuração
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Uma comissão de sindicância
nomeada pelo presidente da
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), José Luiz Osório, investiga supostas irregularidades dentro da mais importante superintendência da casa: a de Relações com Empresas.
No final de março, o então superintendente da área, Fábio dos
Santos Fonseca, foi afastado e devolvido ao Banco Central, do qual
é funcionário concursado. Ele estava cedido à CVM desde que a
comissão foi criada, em 1978, e,
antes de assumir o cargo de superintendente, foi gerente de empresas durante sete anos.
Além de Fonseca, foram exonerados os três gerentes subordinados a ele: Sophia Maia Daniel, Flávio Gori e Wagner de Aquino, que
também estão sendo investigados
pela comissão de sindicância. A
investigação é presidida pelo superintendente regional da CVM
em São Paulo, Eli Loria.
Órgão regulador e fiscalizador
do mercado financeiro, a CVM
confirma a instauração da sindicância, mas não informa o motivo
que levou à investigação nem os
fatos que estão sendo apurados.
Segundo informações do mercado, a demissão de Fábio Fonseca estaria ligada, entre outros casos, ao processo de cisão do grupo
Suzano. No final do ano passado,
a Companhia Suzano de Papel e
Celulose (holding do grupo) decidiu separar as atividades de petroquímica e celulose, sendo criada a
Suzano Petroquímica S.A.
A cisão foi autorizada em assembléia de acionistas do grupo
no final de novembro. Pela legislação das sociedades anônimas,
os acionistas controladores têm
até 120 dias para registrar a nova
companhia na CVM, contados a
partir da aprovação da assembléia
dos acionistas. Caso contrário, a
empresa pode ser obrigada a recomprar as ações em poder dos
acionistas minoritários, pagando,
o valor patrimonial do papel, em
vez da cotação em Bolsa. A isso se
chama direito de recesso.
A Suzano entrou na CVM com a
documentação para sua reestruturação -atas das assembléias de
acionistas e laudos de avaliação
das empresas de celulose e petroquímica- em 4 de dezembro.
A companhia sofreu vários
questionamentos da Superintendência de Relações com Empresas
e a aprovação do registro foi se arrastando. O advogado Luiz Cantidiano, que assessorou a Suzano
no processo, recorreu três vezes
ao colegiado da comissão, pedindo a suspensão de exigências e foi
atendido, de forma liminar.
Faltando dez dias para a data-limite do registro, houve um novo
questionamento à empresa e
Cantidiano (que já foi diretor da
CVM) recorreu diretamente a José Luiz Osório, pedindo que o colegiado expedisse o registro, que
estaria sendo dificultado pela superintendência.
No dia 24 de março, faltando,
portanto, quatro dias para o término do prazo, Osório autorizou
o registro de companhia aberta
para a Suzano Petroquímica. No
dia seguinte, Fábio Fonseca foi
devolvido ao Banco Central e os
três gerentes da área foram afastados dos cargos.
Texto Anterior: Evento: Folha realiza debate para lançar livro Próximo Texto: Outro lado: Afastado diz não saber por que caiu Índice
|