|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SALÁRIO
Segundo cálculo oficial, gasto pode chegar a R$ 7,8 bi
Lula estuda formas de minimizar custo extra do reajuste do mínimo
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os cálculos encomendados pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva para definir o novo valor do salário mínimo mostram que o custo extra para os cofres públicos ficará entre R$ 572 milhões e R$ 7,8
bilhões. Cabe a Lula escolher.
Esse é o gasto estimado pelos
técnicos com o repasse do reajuste de R$ 4 a R$ 44 acima da inflação para aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional
do Seguro Social), idosos e portadores de deficiências pobres e desempregados cujos benefícios valem hoje R$ 240. São quase 14 milhões de pessoas, que representam a principal pedra no caminho
do reajuste do mínimo, do ponto
de vista das contas públicas.
Para driblar o custo da decisão
nas contas da Previdência Social,
Lula tende a combinar um aumento menor do mínimo (dentro
das alternativas, que elevam o mínimo para até R$ 300) com o reajuste acima da inflação do salário-família, que iria dos atuais R$
13,48 para até R$ 25 por filho até
14 anos. Nesse caso, seriam beneficiados os trabalhadores segurados com salários até R$ 560,81 e
com maior número de filhos.
Ficariam de fora os trabalhadores do mercado informal -mais
de 40% dos empregados com rendimento igual ao mínimo- e os
trabalhadores domésticos, com
ou sem carteira assinada.
As simulações apresentadas a
Lula por um grupo de técnicos
coordenados pelo Ministério do
Trabalho estimam o impacto de
um eventual reajuste do mínimo
para uma faixa de R$ 260 a R$ 300.
Mas essa última hipótese (R$
300), reivindicada por parte da
oposição, é considerada remota.
O mais provável na sexta-feira
era que o mínimo chegasse em
maio a R$ 270, combinado a um
reajuste do salário-família.
A fórmula apresentada pelo ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) e que conta hoje com a simpatia do presidente -de combinar o reajuste do mínimo com o
aumento do salário-família-
desvincula "suavemente" os benefícios previdenciários e assistenciais do salário mínimo.
Ainda que os empregadores
descontem integralmente os pagamentos do salário-família das
contribuições à Previdência
-cerca de R$ 70 milhões por
mês, segundo o ministério-, reajustar esse benefício sai mais em
conta do que aumentar todas as
aposentadorias, pensões e pagamentos a idosos e deficientes.
A principal preocupação do governo no debate do salário mínimo até aqui foi o peso do reajuste
nas contas públicas. Mas a equipe
de Lula não vê chances de levar
adiante, por ora, a proposta de
desvincular o mínimo dos benefícios da Previdência, o que exigiria
mudança na Constituição.
Texto Anterior: Atrasados do INSS: Aposentado que foi à Justiça receberá antes Próximo Texto: Salário: Bancos divergem sobre aumento do mínimo Índice
|