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Coutinho, ligado ao PMDB, assume BNDES
Lula não atende a pressões de Mantega e Miguel Jorge e faz nomeação pessoal para presidência do banco de fomento
Economista da Unicamp, ligado ao PMDB, vai chefiar banco de fomento com orçamento maior que o de muitos ministérios
Roberto Stuckert Filho - 10.nov.06/O Globo
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O economista Luciano Coutinho deixa o Palácio do Planalto após encontro com Lula em novembro |
SHEILA D'AMORIM
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de 20 dias de negociação no governo, o economista
Luciano Coutinho foi anunciado ontem como novo presidente do BNDES. Ligado ao PMDB
e consultor informal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
nos últimos anos, ele substituirá Demian Fiocca no cargo.
Coutinho vai comandar o
banco de fomento que desembolsou R$ 51,3 bilhões em
2006, orçamento muito superior ao da maioria dos ministérios. Seu nome era citado para
um cargo no governo desde o
primeiro mandato. Chegou a
ser cogitado para o Planejamento na cota do PMDB.
Fiocca, amigo do ministro
Guido Mantega (Fazenda)
-que trabalhou até o último
momento por sua manutenção
no comando do banco-, deverá
permanecer no governo.
"O presidente Lula julga que
Demian Fiocca ainda pode contribuir por ser um excelente
quadro. No entanto, não está
definido ainda qualquer outro
cargo", afirmou o porta-voz
Marcelo Baumbach.
Uma das alternativas é Fiocca ir para o Tesouro Nacional,
hoje comandado por um técnico de carreira, Tarcísio Godoy.
Em outra situação, ele teria
condições de se manter no cargo, mas Mantega não quer deixar Fiocca desempregado.
A escolha do novo presidente
do BNDES foi o primeiro confronto travado nos bastidores
do governo entre o novo ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Mantega.
Desde que assumiu oficialmente, no dia 29 de março, Jorge foi taxativo ao dizer que a escolha do presidente do BNDES
havia sido previamente acertada com Lula. O banco está no
organograma de sua pasta, embora seu antecessor, Luiz Fernando Furlan, não tenha conseguido indicar seu presidente.
Mantega, por sua vez, quis
manter Fiocca e, com isso, sua
influência no banco.
Coutinho foi uma terceira
opção entre Mantega e Jorge.
Mas o economista da Unicamp
tem bom relacionamento com
o ministro do Desenvolvimento. Os dois já acertaram, inclusive, que vão despachar juntos
todas as sextas em São Paulo.
Isso apesar de a sede do
BNDES ser no Rio e a do ministério, em Brasília. Com isso, o
governo tentará melhorar a relação com o empresariado.
Na última sexta, Lula já havia
avisado Fiocca, em audiência
reservada no Planalto, que ele
não ficaria no cargo. O governador do Rio, Sérgio Cabral, era
um dos que lideravam o movimento para derrubar Fiocca.
Com ótimas relações com Lula,
Cabral havia pedido pessoalmente sua substituição por
considerar sua gestão ruim.
Ontem, ao anunciar a troca, o
porta-voz fez questão de enfatizar o agradecimento de Lula a
Fiocca. Para Lula, ele consolidou a instituição como um banco de desenvolvimento ao atingir recordes de aprovações de
financiamentos e desembolsos
nos últimos 12 meses.
Coutinho assumirá o cargo
após deixar sua consultoria, a
LCA, e conselhos de empresas.
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