São Paulo, quinta-feira, 19 de abril de 2007

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Coutinho, ligado ao PMDB, assume BNDES

Lula não atende a pressões de Mantega e Miguel Jorge e faz nomeação pessoal para presidência do banco de fomento

Economista da Unicamp, ligado ao PMDB, vai chefiar banco de fomento com orçamento maior que o de muitos ministérios


Roberto Stuckert Filho - 10.nov.06/O Globo
O economista Luciano Coutinho deixa o Palácio do Planalto após encontro com Lula em novembro


SHEILA D'AMORIM
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de 20 dias de negociação no governo, o economista Luciano Coutinho foi anunciado ontem como novo presidente do BNDES. Ligado ao PMDB e consultor informal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos anos, ele substituirá Demian Fiocca no cargo.
Coutinho vai comandar o banco de fomento que desembolsou R$ 51,3 bilhões em 2006, orçamento muito superior ao da maioria dos ministérios. Seu nome era citado para um cargo no governo desde o primeiro mandato. Chegou a ser cogitado para o Planejamento na cota do PMDB.
Fiocca, amigo do ministro Guido Mantega (Fazenda) -que trabalhou até o último momento por sua manutenção no comando do banco-, deverá permanecer no governo.
"O presidente Lula julga que Demian Fiocca ainda pode contribuir por ser um excelente quadro. No entanto, não está definido ainda qualquer outro cargo", afirmou o porta-voz Marcelo Baumbach.
Uma das alternativas é Fiocca ir para o Tesouro Nacional, hoje comandado por um técnico de carreira, Tarcísio Godoy. Em outra situação, ele teria condições de se manter no cargo, mas Mantega não quer deixar Fiocca desempregado.
A escolha do novo presidente do BNDES foi o primeiro confronto travado nos bastidores do governo entre o novo ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) e Mantega.
Desde que assumiu oficialmente, no dia 29 de março, Jorge foi taxativo ao dizer que a escolha do presidente do BNDES havia sido previamente acertada com Lula. O banco está no organograma de sua pasta, embora seu antecessor, Luiz Fernando Furlan, não tenha conseguido indicar seu presidente.
Mantega, por sua vez, quis manter Fiocca e, com isso, sua influência no banco.
Coutinho foi uma terceira opção entre Mantega e Jorge. Mas o economista da Unicamp tem bom relacionamento com o ministro do Desenvolvimento. Os dois já acertaram, inclusive, que vão despachar juntos todas as sextas em São Paulo.
Isso apesar de a sede do BNDES ser no Rio e a do ministério, em Brasília. Com isso, o governo tentará melhorar a relação com o empresariado.
Na última sexta, Lula já havia avisado Fiocca, em audiência reservada no Planalto, que ele não ficaria no cargo. O governador do Rio, Sérgio Cabral, era um dos que lideravam o movimento para derrubar Fiocca. Com ótimas relações com Lula, Cabral havia pedido pessoalmente sua substituição por considerar sua gestão ruim.
Ontem, ao anunciar a troca, o porta-voz fez questão de enfatizar o agradecimento de Lula a Fiocca. Para Lula, ele consolidou a instituição como um banco de desenvolvimento ao atingir recordes de aprovações de financiamentos e desembolsos nos últimos 12 meses.
Coutinho assumirá o cargo após deixar sua consultoria, a LCA, e conselhos de empresas.


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