São Paulo, domingo, 19 de abril de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Setor de bens de capital cai 15% em março

O volume de encomendas no setor de máquinas e equipamentos não para de cair na indústria brasileira. A retração nos pedidos em março chegou a 15% na comparação com fevereiro e a 30,7%, em relação a março de 2008, segundo dados da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).
Segundo o presidente da associação, Luiz Aubert Neto, dos 30 segmentos da indústria de máquinas, 28 tiveram queda de faturamento no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2008. "As empresas estão queimando sua carteira de projetos e não entram pedidos novos."
O setor, que registrou recordes de exportação no ano passado, soma um déficit comercial de US$ 3 bilhões de janeiro a março de 2009. Segundo Aubert, as exportações de máquinas caíram 30%, e as importações subiram 8% no período.
O desaquecimento do setor faz com que os fabricantes de máquinas "demitam todos os dias", diz Aubert. A Abimaq já contabilizou a demissão de cerca de 15 mil pessoas entre outubro de 2008 e março -80% delas no Estado de São Paulo. Se o setor não se reaquecer, a expectativa dele é que o fechamento de postos continue nos próximos meses.
Além da queda da demanda, o setor de máquinas e equipamentos ainda sente os efeitos da restrição de crédito. Segundo pesquisa da Abimaq, mais da metade dos empresários teve dificuldades para obter capital de giro e desconto de duplicatas em março.
O otimismo entre os empresários ainda é pequeno, mas melhorou um pouco em relação a fevereiro, segundo a sondagem da Abimaq. No mês passado, 12% deles acreditavam que a economia vai melhorar daqui para a frente, contra apenas 3% que estavam otimistas em fevereiro.
Aubert, que participa do comitê de monitoramento da crise, tem pedido ao governo medidas de incentivo ao setor.
"As ações adotadas pelo governo para estimular o consumo são corretas. Mas é preciso que uma segunda fase de incentivos venha para pressionar os investimentos", afirma Aubert.

MUDANÇA DE PLANOS
A Vicunha Têxtil reativou uma linha de produção de fibra de viscose na fábrica de Americana (SP) após a aprovação de uma medida antidumping do fio de viscose pelo governo brasileiro em março. A empresa ameaçou fechar a unidade no começo deste ano por conta da demora no processo.

TERMÔMETRO
A onda de demissões provocada pela crise resultou no aumento do gasto de empresas com plano de saúde, diz a Quórum Corretora, especializada em gestão de saúde e risco industrial. O motivo: por medo de perder o plano, funcionários estão antecipando exames, consultas e cirurgias.

PREVIDÊNCIA
A Bradesco Seguros e Previdência foi escolhida, em pesquisa realizada pela revista britânica "Euromoney", como "A Melhor Seguradora do Brasil em 2009". O levantamento foi realizado entre outubro e dezembro do ano passado, com consulta a mais de 400 profissionais em 59 países.

VERDE
O Wal-Mart abre neste mês sua primeira loja ecoeficiente em São Paulo. A loja terá mais de 60 iniciativas sustentáveis estabelecidas internacionalmente pela rede. Héctor Núñez, presidente da rede, diz que agora todos os novos hipermercados Wal-Mart construídos no Brasil serão ecoeficientes.

OMBREIRA
Sami Arap Sobrinho (Arap Nishi Uyeda Advogados), Werner Grau Neto (Pinheiro Neto Advogados) e Eduardo Mufarej (Tarpon Investimentos) uniram esforços para buscar empresas interessadas em patrocinar a seleção brasileira de rúgbi. Ex-jogadores, eles lançaram nesta semana a Grab (Associação Grupo de Apoio ao Rugby Brasileiro). "Queremos mostrar às empresas que o rúgbi tem o terceiro campeonato de esporte mais visto no mundo, depois da Copa e da Olimpíada", diz Arap. Segundo ele, a seleção não tem patrocínio e, na prática, os próprios jogadores financiam sua participação em campeonatos. Com recursos, a Grab defende que a equipe pode chegar à categoria mundial em 2015.

EM CASA
A marca de móveis Artefacto abriu na última semana sua nova mostra com tendências e criações da coleção 2009. Desta vez, fez parceria com a Aymoré Financiamentos. Wair de Paula, diretor, diz que a marca já fez parcerias com bancos em outros momentos, pois a "acessibilidade" sempre foi preocupação da empresa, que vende móveis de alto padrão. Mas agora o cliente ficou mais rigoroso, diz Paula. "O cliente mudou depois da crise."

TRAJETÓRIA
Será lançado em maio o livro "José Luiz Bulhões Pedreira-A Invenção do Estado Moderno Brasileiro" (280 págs.), escrito pelos jornalistas Luiz Faro, Coriolano Gatto e Rodrigo de Almeida e editado pela Insight Engenharia de Comunicação. O livro aborda a participação do jurista de 1950 a 1990 na elaboração de leis de vários segmentos, como mercado de capitais, sistema financeiro e sociedades anônimas.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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