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São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 2003

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Empresa vê boato e mentira em críticas de manutenção

DA REPORTAGEM LOCAL

A manutenção dos Fokker-100 pela TAM passou a ser alvo de críticas de especialistas e consultores a partir do trágico acidente de 1996, quando um dos aviões caiu em São Paulo e causou a morte de 99 pessoas.
As principais críticas dizem respeito ao excesso de produtividade das aeronaves, pouco querosene de reserva nos aviões e alto índice de acidentes aéreos.
O diretor de segurança dos vôos da TAM, Marco Rocha, afirma que todas essas histórias são boatos, sem fundamento. O site americano AirSafe, por exemplo, afirma que a TAM tem alto índice de acidentes ou incidentes (abertura de portas, problemas no trem de pouso ou queda com mortes) por milhão de vôos.
Segundo o AirSafe, a TAM teria uma média de 5,68 acidentes a cada milhão de vôos, contra 1,81 da Vasp. A TAP teria um índice de 0,94, enquanto a Varig estaria com 0,90, e a American Airlines com 0,54, por exemplo. A média incluiria vôos realizados entre 1970 e julho de 2002.
"Os dados estão errados e foram colocados na internet por pessoas que não conhecem aviação", afirma Rocha. O site diz, por exemplo, que a TAM fez 600 mil vôos desde que virou empresa regional, em 1976. "Isso está errado. Só em 2002 fizemos 224.337 vôos."
Outra crítica de consultores e especialistas diz respeito ao tempo que a TAM daria para resfriar os freios dos seus aviões, antes de novos vôos. Seriam 15 minutos, quando as outras empresas adotariam 20 minutos.
"Não há regras para o tempo de esfriamento. Pode ser de quantos minutos a empresa quiser. Voamos muito para garantir produtividade", afirma Rocha. O DAC (Departamento de Aviação Civil) afirma que não há legislação que determine um tempo mínimo de esfriamento.

Combustível
A TAM tem sido criticada por abastecer aviões somente com o combustível necessário para o vôo previsto, com pouca margem de folga. As suspeitas aumentaram depois de um Fokker-100 ter feito um pouso forçado em Birigui (SP), em 2002. A TAM afirma que o pouso ocorreu por problemas no sistema de combustível. "Não trabalhamos com pouco combustível. Isso não existe. Trata-se de um boato que surgiu em 1993", diz Rocha.
Segundo ele, numa noite de 1993 um Fokker-100 que vinha de São Paulo pediu autorização para aterrissar em Fortaleza. Um avião da Força Aérea Brasileira e outro da Nordeste estavam na mesma situação, enquanto uma aeronave da Vasp queria decolar.
"A torre de controle perguntou a autonomia de cada avião. Nosso piloto informou corretamente que tinha 15 minutos além das exigências normais [o que garantiria mais de 45 minutos]." Rocha diz que a torre entendeu que o Fokker-100 só tinha 15 minutos de autonomia e lhe deu prioridade de pouso. "Depois disso, virou lenda que nossos Fokker-100 voam sem combustível de reserva. É mentira."


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