São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2004

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Alta da Cofins fará a energia subir de novo

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As tarifas de energia elétrica deverão ter reajuste extra. O aumento acontecerá devido às mudanças na base de cálculo da Cofins e do PIS, duas contribuições sociais. A Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia) estima que o impacto para o consumidor seja de até 4%, além do aumento que já aconteceria na data normal dos reajustes de cada concessionária.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) confirmou que haverá impacto para o consumidor, mas ainda não tinha como estimar o aumento médio nas tarifas. A agência irá elaborar uma metodologia para que as distribuidoras demonstrem as perdas que tiveram e possam fazer o repasse para o consumidor.
Ainda de acordo com a agência, o mais provável é que o aumento seja repassado para o consumidor de forma extraordinária. Ou seja, fora da data normal do reajuste definida em cada contrato.
Em dezembro de 2002, a alíquota do PIS (Programa de Integração Social) aumentou de 0,65% para 1,65%, mas as distribuidoras de energia podiam deduzir da base de cálculo do tributo as despesas financeiras.
A idéia do governo era elevar a alíquota, mas impedir que o tributo fosse cobrado em todas as etapas de produção, sistemática conhecida como "efeito cascata".
O mesmo aconteceu com a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), que subiu de 3% para 7,6% em fevereiro deste ano para acabar com a cumulatividade.

Tarifa tem 32% de tributos
De acordo com Fernando Maia, diretor de regulamentação da Abradee, em abril deste ano, com a lei nš 10.865, gastos financeiros foram excluídos da relação de despesas que poderiam ser deduzidas da base de cálculo do PIS e da Cofins.
Como a base de cálculo do tributo ficou maior, aumentará o impacto da tributação na tarifa paga pelo consumidor.
A associação divulgou nota na qual informa que "o consumidor residencial será o mais punido com uma conta de luz mais alta porque o PIS/Cofins é uma despesa dedutível da base de cálculo para a maioria dos consumidores industriais e comerciais".
Cálculos feitos pela associação indicam que, com as mudanças, o governo irá arrecadar mais R$ 2,7 bilhões neste ano somente no setor elétrico.
Ainda de acordo com a Abradee, impostos e contribuições representam hoje 32% da tarifa de energia elétrica.
Os reajustes das tarifas têm ficado acima da inflação porque, em 2003, o governo "congelou" o impacto da alta do dólar de 2002. Neste ano, o aumento represado em 2003 está sendo repassado parcialmente para as tarifas.
As tarifas têm aumentado mais para as indústrias do que para consumidores residenciais, porque o governo está implantando uma política de realinhamento tarifário para eliminar os subsídios que os consumidores residenciais pagavam para garantir tarifas menores para a indústria.
As tarifas da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), por exemplo, aumentaram 8,45% para consumidores residenciais e 27,3% para a indústria.
Já as da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) subiram 14,78% para os residenciais e 28,31% para a indústria.


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