São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2004

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INFLAMÁVEL

Aumento de preços pode ocorrer a qualquer momento, afirma Dutra

Reajuste não tem data, diz Petrobras

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou ontem que não existe uma data para o reajuste dos preços dos combustíveis no país, mas admitiu que o aumento pode ocorrer a qualquer momento.
"Não tem calendário. Pode ser amanhã, pode ser depois de amanhã, pode ser qualquer dia. A partir do momento em que a Petrobras entender que mudou de patamar [o preço internacional do óleo], a gente vai aumentar", afirmou, durante entrevista para divulgação do plano estratégico da estatal para o período 2004-2010.
Segundo a Folha apurou, é provável que o anúncio do reajuste seja feito ainda neste mês, após o regresso ao Brasil da missão que irá à China na próxima semana, chefiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da qual Dutra fará parte.
A Petrobras vai inaugurar um escritório em Pequim e assinar um acordo com a chinesa Sinopec que inclui exportações de óleo brasileiro para a China.

Parâmetro
Dutra disse que "a competência para definir preço [dos combustíveis] é da diretoria da Petrobras", refutando informação dada pelo jornal "O Globo" segundo a qual o presidente Lula é que dará a última palavra a respeito do reajuste.
O presidente da estatal disse também que a direção da empresa ainda não está convencida de que o preço do petróleo mudou de patamar. Segundo Dutra, quando a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) havia estabelecido que seus preços oscilariam entre US$ 22 e US$ 28 por barril, era mais fácil definir um parâmetro.
Agora, segundo ele, além de a atual aceleração ter começado há pouco tempo, ainda há informações de que a Opep poderá aumentar (em até 2,5 milhões de barris por dia) a sua produção, o que, certamente, traria mudanças no mercado.

Plano estratégico
No plano estratégico divulgado ontem pela Petrobras, que prevê investimentos de US$ 53,6 bilhões até 2010, sendo 70% com recursos da própria geração de caixa da empresa, Dutra disse que os cálculos foram feitos "com a premissa de preços alinhados ao mercado internacional".
Mas ele ressalvou que, com isso, a Petrobras não está dizendo que repassará ao mercado interno de combustíveis a volatilidade do mercado internacional.
Com base em levantamentos feitos com consultores internacionais, a empresa fez o seu plano estratégico tomando por base que o barril de petróleo ficará entre US$ 23 e US$ 28 no período.
Dutra disse que, nos cálculos de rentabilidade dos projetos incluídos no plano, a estatal foi ainda mais conservadora, estimando que, mesmo com o óleo a US$ 16 por barril, os projetos serão viáveis e rentáveis.
Teoricamente, quanto mais o preço do petróleo ficar acima dos valores utilizados nos cálculos, mais rentáveis serão os projetos e maior será a geração de caixa da empresa.
A não ser que os preços dos combustíveis sejam mantidos artificialmente defasados permanentemente. Mas há também um teto para os preços a partir do qual é mais negócio investir em fontes de energia alternativas ao petróleo.


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