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AMEAÇA EMERGENTE
Com a tentativa do governo de frear a economia, processadoras querem diminuir compras e reduzir prejuízos
China pode cortar 50% da importação de soja
DA REDAÇÃO
Pressionados por terem comprado soja a preços elevados,
quando a demanda era maior, e
pela tentativa do governo de enxugar o crédito, os principais processadores da commodity na China propuseram uma redução
conjunta das importações em até
50% no segundo semestre.
A proposta é apenas mais uma
tentativa dos processadores de
tentar diminuir seus prejuízos,
em meio a um ambiente no qual o
governo tenta evitar o superaquecimento da economia. A sugestão
ocorreu no fim de semana, em Pequim, com representantes de cerca de 20 esmagadoras, segundo a
agência de notícias Reuters e o
jornal britânico "Financial Times". Atrasar o pagamento e quebrar contratos também teriam sido hipóteses discutidas.
Mas eles não chegaram a um
acordo. Muitos importadores têm
enfrentado dificuldade para conseguir financiamento de bancos
chineses depois que o governo decidiu adotar medidas para restringir o crédito no país.
Margens menores
Mas outros fatores ajudam a explicar a crise enfrentada pelos
processadores chineses, que têm
atuado com margens reduzidas.
A propagação da gripe do frango
no início do ano reduziu a demanda doméstica pelo farelo de
soja, e a alta da cotação da commodity na Bolsa de Chicago elevou os custos de importação.
Alguns analistas afirmam que
essa crise ajuda a explicar a decisão recente da China de se recusar
a receber dois carregamentos de
soja brasileira, em um total de 110
mil toneladas. Estimativa da Embaixada do Brasil em Pequim
aponta que a decisão causou prejuízo de, no mínimo, US$ 12 milhões aos exportadores do país.
A alegação oficial é a de que os
carregamentos continham sementes tratadas com o fungicida
Carboxin, que não são apropriadas para o consumo como alimento. A China é a maior importadora de soja do Brasil e comprou, só em 2003, cerca de 6 milhões de toneladas do produto.
Ao todo, o país deve importar
cerca de 19 milhões de toneladas
neste ano, queda ante os 20,74 milhões adquiridos em 2003, segundo estimativa de "traders".
Ma Minwang, diretor de uma
empresa que opera contratos futuros na China, disse ao "Financial Times" que processadores
formaram estoques elevados do
produto com compras no período
em que o mercado estava aquecido, em fevereiro e março.
"Existem ainda cerca de 2 milhões de toneladas de soja estocados nos portos, sem incluir as reservas dos processadores", disse
Minwang. "Ouvi sobre pedidos
de cancelamento de compras no
exterior, mas poucos podem quebrar os contratos porque as penas
são severas", completou. Segundo
o "Financial Times", a perda pode
chegar a US$ 1 milhão.
Outros preferem adquirir o produto e operar no vermelho.
Freada
A necessidade de frear o superaquecimento da economia está na
pauta do governo da China.
Membro do comitê de política
monetária do banco central chinês, Li Yang afirmou que a taxa de
juros deverá ser elevada se a inflação ao consumidor superar a barreira de 5% ao ano. Em abril, a alta
chegou a 3,8% em 12 meses, o
maior patamar em sete anos.
A preocupação do banco é a inflação superar a atual taxa cobrada para os empréstimos de um
ano, de 5,31%, o que poderia voltar a encorajar as empresas a tomar mais empréstimos.
Com agências internacionais
e o "Financial Times"
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