São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2006

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AMÉRICA LATINA

País completa 7 trimestres consecutivos de crescimento superior a 8%, mas dados de março ficam abaixo do esperado

Economia argentina tem expansão de 8,6%

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A economia argentina completou em março sete trimestres consecutivos de crescimento superior a 8%, apesar de o nível de atividade daquele mês ter ficado abaixo do esperado pelo mercado.
No primeiro trimestre do ano, o PIB do país vizinho teve expansão de 8,6% em relação a igual período do ano passado. Mas o ritmo de atividade econômica desacelerou para 7,7% em março, depois de registrar índices de 9,0% e 9,3% em janeiro e fevereiro, respectivamente.
Esse movimento levou consultorias econômicas a revisarem para baixo a previsão de crescimento do PIB para o ano, que estava em cerca de 8%. A Fiel (Fundação de Investigações Econômicas Latino-americanas), por exemplo, prevê agora uma expansão em torno de 7,6% em 2006.
"O mercado esperava aumento da atividade econômica próximo de 9% em março", diz Bour, economista-chefe da entidade.
Este será o quarto ano consecutivo de forte crescimento na Argentina, depois de uma retração de 10,9% em 2002. A expansão foi de 8,7% em 2003, 9,0% em 2004 e 9,2% em 2005. Mas só no ano passado a economia recuperou o tamanho que tinha em 1998.
Bour acredita que o atual nível de investimentos não permitirá que a Argentina mantenha o forte ritmo de expansão por longo prazo. No ano passado, o investimento ficou um pouco abaixo de 20% do PIB, índice semelhante ao registrado no Brasil. Neste ano a previsão é que fique em 21%.
"A economia vai crescer um pouco menos nos próximos anos", afirma Bour, destacando que o atual nível de investimento é compatível com uma expansão de 3% a 4% ao ano, depois que houver ocupação da capacidade ociosa das empresas.
A inflação continua a ser um dos principais problemas do governo Néstor Kirchner, que trava uma queda-de-braço com as empresas para obrigá-las a congelar seus preços. No ano passado, a inflação foi de 12,3%, índice que deve se repetir em 2006.
O governo tenta fechar acordos com setores que destinam parte de sua produção à exportação e repassam para o mercado interno os aumentos de preços no mercado externo. Kirchner decidiu em março suspender por seis meses a exportação de carne pelo país.
Ontem, o governo fechou acordo com o setor de eletrodomésticos para manter os preços inalterados até o fim do ano. Os exportadores de trigo aceitaram limitar suas exportações, com o objetivo de garantir o abastecimento do mercado interno e evitar aumento nos preços do pão e da farinha. A medida pode afetar o Brasil, já que a Argentina é o maior fornecedor do produto aos brasileiros.
Alguns economistas vêem com ceticismo esses instrumentos de controle de preços, já que implicam forte intervenção do Estado na economia e uma suspensão das regras de mercado.


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