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CRISE NO CAMPO
Derrota na Câmara anteontem revela força do setor no Congresso, e custo de renegociação de dívidas deve subir
Governo deve ceder mais à bancada ruralista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de impor nova derrota
ao governo no Congresso anteontem, a bancada ruralista espera a
definição do pacote agrícola, previsto para o dia 25, para retomar
as negociações em torno da medida provisória que beneficia produtores do Nordeste.
Anteontem, os ruralistas, com
apoio dos partidos de oposição,
derrubaram o texto da MP e restabeleceram o texto do projeto
aprovado em fevereiro e vetado
integralmente pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, cujo
custo é estimado pelo Tesouro
Nacional em R$ 11,7 bilhões.
A vitória folgada dos ruralistas
-238 votos a 166- aponta que a
área econômica terá de ceder
mais do que gostaria ao setor.
"O problema é generalizado,
não é de uma cultura ou de uma
região. Por isso, queremos esperar até o dia 25 para avaliar como
serão as negociações com o governo", disse o deputado Abelardo Lupion (PFL-PR), presidente
da Comissão de Agricultura da
Câmara, reduto dos ruralistas.
Os próprios governistas precipitaram a derrota de anteontem,
ao insistir na votação da MP editada como paliativo ao veto presidencial ao projeto aprovado pelo
Congresso. A intenção dos ruralistas era apenas adiar o exame do
texto até a divulgação do pacote
nacional, mas, esgotadas as manobras protelatórias, a bancada
acabou derrubando a proposta
do Executivo, cujo impacto era
estimado em R$ 3 bilhões.
Agora, a nova versão da MP,
que vai ao Senado, dá aos produtores nordestinos 25 anos, com
quatro de carência, para pagar dívidas do crédito rural. Os juros,
dependendo do valor original da
dívida, são de 1,5% (até R$ 35
mil), 3% (R$ 35 mil a R$ 200 mil) e
5% (acima de R$ 200 mil) ao ano.
O governo propunha limitar as
possibilidades de renegociação às
operações com recursos do Fundo Nacional do Nordeste, valores
originais até R$ 50 mil e que não
tenham sido objetos de refinanciamentos anteriores. O prazo
máximo seria de seis anos, sem
carência, e juros de 6% a 8,75%.
Se o pacote agrícola decepcionar os ruralistas, um impasse estará criado: o Senado deve ratificar o texto da Câmara, e um novo
veto de Lula será provável. Nesse
caso, os agricultores perderão os
benefícios hoje em vigor.
(GUSTAVO PATU)
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