São Paulo, sábado, 19 de maio de 2007

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Carga tributária é maior limitador de investimento

Imposto é visto como maior problema por 49% dos industriais em sondagem da FGV

Empresários revelam maior disposição para elevar seus investimentos, e os juros altos perdem espaço entre maiores problemas


CAMILA MARQUES
DA FOLHA ONLINE

A carga tributária é considerada o principal fator de limitação dos investimentos entre os empresários. Segundo a Sondagem Conjuntura da Indústria de Transformação, divulgada ontem pela FGV (Fundação Getulio Vargas), os tributos foram citados como limitação por 49% dos empresários ouvidos -contra 45% há um ano.
O Brasil teve uma carga tributária acima de 35% do PIB em 2006, uma das maiores entre países em desenvolvimento.
Em segundo lugar aparecem "incertezas sobre a demanda", com 32%, superior até ao item "custo de financiamento" (juros altos), com 18%, que atingiu em abril a menor freqüência da série histórica, iniciada em 98.
Apesar disso, a pesquisa constatou que a boa parte dos empresários prevê investir mais nos primeiros seis meses deste ano do que no segundo semestre do ano passado. Entre os dias 2 a 30 de abril, a FGV ouviu 1.075 empresas, distribuídas por 24 Estados, que representam quase R$ 500 bilhões em vendas.
De acordo com a Sondagem, 34% responderam que pretendem aumentar os investimentos na comparação com 2006, enquanto 21% responderam que devem reduzi-los.
O coordenador do levantamento, Aloisio Campelo, afirma que dois fatores explicam a decisão de aumentar os investimentos: a confiança de que a economia continuará estável e a expectativa de que o país manterá a trajetória de crescimento nos próximos anos.
"A indústria está começando uma fase de aceleração mais forte das taxas de crescimento, mas não de forma explosiva como em outros anos, e com uma realização de investimentos."
Para o segundo semestre, as perspectivas também são favoráveis. Na comparação com o que vem sendo investido no primeiro semestre do ano, novamente 34% das empresas disseram que prevêem investir mais, e 14%, menos. A maior parte dos empresários (52%) aponta que deve estabilizar o nível de investimentos.
Entre os empresários que pretendem investir, 47% citaram como objetivo expandir a capacidade de produção. A resposta "expandir a produtividade" foi citada por 31%, seguido pelo item "substituição de máquinas e equipamentos", mencionado por 16%. A proporção de empresas que dizem estar "sem programa de investimentos" registrou o patamar mais baixo da série: 6%.
De acordo com a FGV, os segmentos industriais que planejam investir mais no segundo semestre de 2007, na comparação com o primeiro, são os de vestuário e calçados (37% pretendem elevar os investimentos), mecânica (28%), química (24%), papel e celulose (59%) e metalúrgica (48%).
"Os empresários do setor calçadista e de vestuário, que no primeiro semestre pretendiam investir menos, reverteram a tendência. A sinalização do governo de que vai prover medidas compensatórias ao câmbio provocou essa reversão", explica Campelo.
O governo já anunciou que pretende alterar, entre outros, a contribuição patronal previdenciária para beneficiar setores intensivos de mão-de-obra que sofrem com a valorização do real. E o governo federal já disse que elevará a tarifa de importação de têxteis e calçados.


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