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Criação de vagas cresce em ritmo lento
Abril registra 106 mil novos postos formais de trabalho, 3º mês seguido com saldo positivo, puxado por empregos no interior
Na comparação com 2008, criação de vagas cai 64% no mês e 94% de janeiro a abril; desde novembro, saldo é de 647 mil vagas fechadas
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Puxado pelo aumento das
contratações no interior do
país, o mercado de trabalho formal registrou em abril o terceiro mês seguido de recuperação,
gerando 106.205 empregos
com carteira assinada. Com esse resultado, pela primeira vez,
o saldo acumulado de vagas
criadas em 2009 ficou positivo.
De janeiro a abril, as contratações superaram as demissões
em 48.454 postos de trabalho.
Mas, nas comparações com
2008, o emprego acusa o golpe
da crise. O saldo de empregos
formais do quadrimestre janeiro-abril encolheu 94,3% de um
ano a outro. Comparando abril
passado contra abril de 2008
(saldo de 294 mil vagas criadas), a queda é de 63,9%.
Desde a chegada das turbulências, em novembro, o Brasil
perdeu 647.313 postos formais.
Os números de abril animaram o Ministério do Trabalho,
que aposta na geração líquida
de 1 milhão de empregos formais no ano. Para o ministro da
pasta, Carlos Lupi, os dados do
Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados)
apontam reaquecimento da
economia, pois em abril todos
os setores -exceto extração
mineral- abriram vagas.
As contratações foram mais
expressivas no interior dos Estados. Nos nove maiores mercados (SP, RJ, MG, BA, PE, CE,
PR, RS, PA), o desempenho das
regiões metropolitanas ficou
atrás do no interior. Houve saldo de 20.008 empregos nas regiões metropolitanas, ante
79.199 no interior. O cenário foi
o mesmo no quadrimestre.
De acordo com o ministério,
o movimento está associado,
em grande parte, ao setor sucroalcooleiro do centro-sul do
país. É o caso da produção de
açúcar e álcool no interior de
São Paulo. Além disso, parte da
produção nesses locais atende
ao aumento da demanda para
atender a indústria de alimentação, menos afetada pela crise.
"Ninguém contrata se estiver
dando prejuízo. Em 2008, não
tinha crise. Agora estamos no
auge. O Brasil é o primeiro país
do G20, fora a China, a gerar
empregos. Nos EUA, só em
abril, houve 500 mil demissões", disse Lupi. Ele acrescentou que dados parciais de maio
indicam novo saldo positivo.
Na avaliação de especialistas,
ainda é cedo para festejar. O
economista da Itaú Securities
Luiz Cherman afirma que, retirando os efeitos típicos dessa
época do ano, os dados de abril
mostram deterioração do mercado de trabalho. Segundo ele,
houve perda líquida de 30 mil
postos no mês passado. "E não
foi localizada. A piora atingiu
quase todos os setores. Assim,
não dá para a taxa de desemprego cair", disse o economista.
Para a analista da Tendências
Ariadne Vitoriano, os dados de
abril ainda são muito ruins em
relação à série histórica do Caged. "Apesar de o saldo ser positivo e ser um pouco melhor que
o de março, foi pior para todos
os setores na comparação com
abril", disse ela.
Lupi admite que a indústria
de transformação ainda é motivo de preocupações. Apesar de
alguns segmentos já apresentarem maior vigor nas contratação, como o de alimentos e o de
borracha e fumo, as indústrias
metalúrgica e mecânica mantêm saldos negativos de emprego. Em abril, fecharam, juntas,
14.675 vagas.
"Mas já estão se recuperando. A queda foi menor que nos
meses anteriores", disse o ministro. Em abril, houve criação
de 183 empregos industriais
-foi o primeiro saldo positivo
do setor no ano. Tanto no ano
quanto no desempenho do
mês, o setor de serviços lidera
as contratações.
No mês passado, foram contabilizados 59.279 novos postos no setor serviços. O segmento de alojamento (hotéis),
alimentação (restaurantes) e
reparação foi o destaque, criando 15.249. Agricultura e construção civil aparecem em seguida, registrando 22.684 empregos e 13.338 postos.
O ministro adiantou que parcelas adicionais do seguro-desemprego deverão ser anunciadas nesta semana para mais
trabalhadores.
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