São Paulo, terça-feira, 19 de maio de 2009

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Criação de vagas cresce em ritmo lento

Abril registra 106 mil novos postos formais de trabalho, 3º mês seguido com saldo positivo, puxado por empregos no interior

Na comparação com 2008, criação de vagas cai 64% no mês e 94% de janeiro a abril; desde novembro, saldo é de 647 mil vagas fechadas


JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Puxado pelo aumento das contratações no interior do país, o mercado de trabalho formal registrou em abril o terceiro mês seguido de recuperação, gerando 106.205 empregos com carteira assinada. Com esse resultado, pela primeira vez, o saldo acumulado de vagas criadas em 2009 ficou positivo.
De janeiro a abril, as contratações superaram as demissões em 48.454 postos de trabalho. Mas, nas comparações com 2008, o emprego acusa o golpe da crise. O saldo de empregos formais do quadrimestre janeiro-abril encolheu 94,3% de um ano a outro. Comparando abril passado contra abril de 2008 (saldo de 294 mil vagas criadas), a queda é de 63,9%.
Desde a chegada das turbulências, em novembro, o Brasil perdeu 647.313 postos formais.
Os números de abril animaram o Ministério do Trabalho, que aposta na geração líquida de 1 milhão de empregos formais no ano. Para o ministro da pasta, Carlos Lupi, os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam reaquecimento da economia, pois em abril todos os setores -exceto extração mineral- abriram vagas.
As contratações foram mais expressivas no interior dos Estados. Nos nove maiores mercados (SP, RJ, MG, BA, PE, CE, PR, RS, PA), o desempenho das regiões metropolitanas ficou atrás do no interior. Houve saldo de 20.008 empregos nas regiões metropolitanas, ante 79.199 no interior. O cenário foi o mesmo no quadrimestre.
De acordo com o ministério, o movimento está associado, em grande parte, ao setor sucroalcooleiro do centro-sul do país. É o caso da produção de açúcar e álcool no interior de São Paulo. Além disso, parte da produção nesses locais atende ao aumento da demanda para atender a indústria de alimentação, menos afetada pela crise.
"Ninguém contrata se estiver dando prejuízo. Em 2008, não tinha crise. Agora estamos no auge. O Brasil é o primeiro país do G20, fora a China, a gerar empregos. Nos EUA, só em abril, houve 500 mil demissões", disse Lupi. Ele acrescentou que dados parciais de maio indicam novo saldo positivo.
Na avaliação de especialistas, ainda é cedo para festejar. O economista da Itaú Securities Luiz Cherman afirma que, retirando os efeitos típicos dessa época do ano, os dados de abril mostram deterioração do mercado de trabalho. Segundo ele, houve perda líquida de 30 mil postos no mês passado. "E não foi localizada. A piora atingiu quase todos os setores. Assim, não dá para a taxa de desemprego cair", disse o economista.
Para a analista da Tendências Ariadne Vitoriano, os dados de abril ainda são muito ruins em relação à série histórica do Caged. "Apesar de o saldo ser positivo e ser um pouco melhor que o de março, foi pior para todos os setores na comparação com abril", disse ela.
Lupi admite que a indústria de transformação ainda é motivo de preocupações. Apesar de alguns segmentos já apresentarem maior vigor nas contratação, como o de alimentos e o de borracha e fumo, as indústrias metalúrgica e mecânica mantêm saldos negativos de emprego. Em abril, fecharam, juntas, 14.675 vagas.
"Mas já estão se recuperando. A queda foi menor que nos meses anteriores", disse o ministro. Em abril, houve criação de 183 empregos industriais -foi o primeiro saldo positivo do setor no ano. Tanto no ano quanto no desempenho do mês, o setor de serviços lidera as contratações.
No mês passado, foram contabilizados 59.279 novos postos no setor serviços. O segmento de alojamento (hotéis), alimentação (restaurantes) e reparação foi o destaque, criando 15.249. Agricultura e construção civil aparecem em seguida, registrando 22.684 empregos e 13.338 postos.
O ministro adiantou que parcelas adicionais do seguro-desemprego deverão ser anunciadas nesta semana para mais trabalhadores.


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