São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2010

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Google é questionado por invadir privacidade

Autoridades alemãs ameaçam processar a empresa se dados privados coletados ilicitamente não forem entregues

Confusão envolvendo o Google se segue a recentes protestos causados por uma redução nos controles de privacidade do Facebook

Jacques Brinon - 7.aug.09/Associated Press
Funcionário do Google pedala triciclo em Paris com equipamento que grava imagens para o serviço Google Street View

DO "FINANCIAL TIMES"

Autoridades alemãs ameaçam processar o Google se a companhia americana não entregar para inspeção, até o dia 26, a coleção de dados privados que foram enviados por usuários via redes desprotegidas de internet sem fio e gravados ilicitamente pelo gigante da web.
A demanda evidencia a ofensiva que os dois lados do Atlântico preparam para investigar o Google, depois que o grupo revelou, na última sexta-feira, ter coletado informações pessoais enquanto operava seu serviço Google Street View.
Por meio de um porta-voz, o Google reiterou sua oferta de destruir os dados WLAN em conjunto com os reguladores, mas não chegou a dizer que entregaria um disco rígido com os dados, o que permitiria às autoridades saber que tipo de informação fora coletada.
Peter Schaar, o comissário de proteção de dados do governo alemão, havia afirmado na segunda que a explicação da empresa, que definiu a coleta de dados como "acidental", é "altamente incomum". "Uma das maiores empresas do mundo simplesmente desobedeceu às regras normais de desenvolvimento e uso de software."
Nos Estados Unidos, a Comissão Federal do Comércio (FTC) também deve lançar uma investigação, segundo pessoas que conversaram com dirigentes da agência.
Os defensores da privacidade afirmam que as investigações deveriam considerar se a coleta de dados representou violação das regras quanto ao acesso não autorizado a computadores e a comunicações privadas.
"Podemos estar diante de um dos maiores incidentes já ocorridos de vigilância conduzida por uma corporação privada", disse Marc Rotenberg, diretor-executivo do Electronic Privacy Information Centre, organização sem fins lucrativos.
"Você consegue imaginar o que aconteceria se uma empresa alemã tivesse em operação uma frota de veículos em Washington que capturasse tanta informação?", indagou.
Os veículos do serviço Street View registram imagens para serviços de mapas e fotos, mas também estavam sendo empregados para montar um banco de dados eletrônicos, cujo objetivo seria melhorar o sistema de mapas e outros serviços relacionados à localização.
O Google informou que os líderes do projeto ignoravam que os veículos estavam registrando também fragmentos de dados de redes wi-fi e que os dados jamais foram disponibilizados a usuários fora da empresa. "Não queríamos recolher esses dados, para começar, e gostaríamos de destruí-los o mais rápido possível", disse Peter Barron, porta-voz do Google.
Mas a credibilidade da empresa foi abalada, especialmente porque só revelou agora que os veículos, em uso há anos, tinham essa capacidade.
No Reino Unido, o gabinete do comissário da Informação anunciou que o Google parecia ter violado as leis nacionais de proteção a dados. Mas a organização afirmou que, após garantias do Google de que os dados seriam apagados "tão logo possível", o comissário decidira não tomar medidas adicionais.
A controvérsia pode alimentar o desenvolvimento de leis de proteção à privacidade nos EUA, onde poucas das regras mais comuns na Europa são adotadas. Um projeto de lei que imporia regulamentação mais ampla foi apresentado nas últimas semanas.

Facebook
A confusão envolvendo o Google se segue a recentes protestos causados por uma redução nos controles de privacidade do Facebook. Nos últimos meses, a rede de relacionamentos passou a considerar a maior parte das informações sobre usuários como automaticamente pública, e alguns dados pessoais passaram a ser fornecidos a outros sites.
"Tanto Google como Facebook fizeram uma contribuição não solicitada à causa das organizações que defendem a privacidade", disse Jeff Chester, do Center for Digital Democracy.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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