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VACA DOENTE
Decisão foi tomada após descoberta de novo foco de aftosa no Pará; para ministro da Agricultura, decisão é temporária
Rússia suspende compra de carne brasileira
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Rússia suspendeu as importações de carne do Brasil, informou
ontem o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura). A decisão foi
uma reação do governo russo à
divulgação, anteontem, de focos
de febre aftosa no Pará.
Para o ministro, a suspensão é
temporária. O governo russo pediu esclarecimentos sobre o caso
e, na avaliação de Rodrigues, assim que as autoridades receberem
as informações sobre o local do
foco e a dimensão do problema, o
país deve retomar as compras.
Na quinta-feira, o Ministério da
Agricultura confirmou a localização de um foco de febre aftosa no
município de Monte Alegre, no
Pará. Foi o primeiro caso de aftosa registrado no país desde 2001,
quando um foco da doença foi encontrado no Maranhão.
A área não está localizada na região brasileira considerada livre
de aftosa -ou seja, a carne produzida no Pará não é exportada-, mas, ainda assim, o país deve informar a OIE (Organização
Internacional de Epizootias) sobre o caso.
"As autoridades brasileiras na
Rússia vão informar o governo do
país de que a área já é considerada
de alto risco, que o foco está a 700
km da área livre de aftosa e que o
governo já tomou todas as providências para eliminar o foco", disse Rodrigues. O ministro avalia
que em poucos dias o caso será
solucionado e diz que a Rússia
não deve demorar para liberar as
importações de carne brasileira.
A Rússia compra o equivalente
a 12% das carnes exportadas pelo
Brasil, o que a torna a terceira
maior compradora do produto,
atrás apenas do Egito e do Chile.
De janeiro a maio, o valor das exportações para o país foi de US$
595,2 milhões, informa o Ministério da Agricultura.
Rodrigues disse ontem que, até
o final da tarde, nenhum outro
país havia notificado o governo
sobre medidas de suspensão das
compras de carne.
Especialistas do setor dizem não
acreditar que o caso descoberto
nesta semana prejudique as exportações, mas avaliam que os
países compradores passarão a
observar a capacidade de ação do
governo brasileiro. Rodrigues admitiu que a estrutura da vigilância
sanitária precisa melhorar, mas
argumentou que o governo acabou de contratar 200 veterinários.
Parte do trabalho, no entanto, é
de responsabilidade dos Estados,
diz o ministro da Agricultura.
Nos EUA
Ontem, o porta-voz do Departamento de Agricultura dos EUA,
Jim Rogers, disse que o registro de
aftosa não deve interferir na avaliação que o órgão está realizando
para liberar as compras de carne
brasileira de regiões consideradas
livres da doença. O porta-voz, no
entanto, não informou o prazo
para o fim das análises.
O Brasil não exporta carne "in
natura" para os EUA. As autoridades norte-americanas apenas
permitem a compra de carne industrializada, que não oferece risco de disseminação do vírus que
causa a aftosa.
O Departamento de Agricultura
dos EUA analisa a possibilidade
de reduzir a proibição, permitindo a compra de carne "in natura"
de regiões brasileiras consideradas livres da doença.
Com agências internacionais
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