São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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VACA DOENTE

Decisão foi tomada após descoberta de novo foco de aftosa no Pará; para ministro da Agricultura, decisão é temporária

Rússia suspende compra de carne brasileira

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Rússia suspendeu as importações de carne do Brasil, informou ontem o ministro Roberto Rodrigues (Agricultura). A decisão foi uma reação do governo russo à divulgação, anteontem, de focos de febre aftosa no Pará.
Para o ministro, a suspensão é temporária. O governo russo pediu esclarecimentos sobre o caso e, na avaliação de Rodrigues, assim que as autoridades receberem as informações sobre o local do foco e a dimensão do problema, o país deve retomar as compras.
Na quinta-feira, o Ministério da Agricultura confirmou a localização de um foco de febre aftosa no município de Monte Alegre, no Pará. Foi o primeiro caso de aftosa registrado no país desde 2001, quando um foco da doença foi encontrado no Maranhão.
A área não está localizada na região brasileira considerada livre de aftosa -ou seja, a carne produzida no Pará não é exportada-, mas, ainda assim, o país deve informar a OIE (Organização Internacional de Epizootias) sobre o caso.
"As autoridades brasileiras na Rússia vão informar o governo do país de que a área já é considerada de alto risco, que o foco está a 700 km da área livre de aftosa e que o governo já tomou todas as providências para eliminar o foco", disse Rodrigues. O ministro avalia que em poucos dias o caso será solucionado e diz que a Rússia não deve demorar para liberar as importações de carne brasileira.
A Rússia compra o equivalente a 12% das carnes exportadas pelo Brasil, o que a torna a terceira maior compradora do produto, atrás apenas do Egito e do Chile. De janeiro a maio, o valor das exportações para o país foi de US$ 595,2 milhões, informa o Ministério da Agricultura.
Rodrigues disse ontem que, até o final da tarde, nenhum outro país havia notificado o governo sobre medidas de suspensão das compras de carne.
Especialistas do setor dizem não acreditar que o caso descoberto nesta semana prejudique as exportações, mas avaliam que os países compradores passarão a observar a capacidade de ação do governo brasileiro. Rodrigues admitiu que a estrutura da vigilância sanitária precisa melhorar, mas argumentou que o governo acabou de contratar 200 veterinários. Parte do trabalho, no entanto, é de responsabilidade dos Estados, diz o ministro da Agricultura.

Nos EUA
Ontem, o porta-voz do Departamento de Agricultura dos EUA, Jim Rogers, disse que o registro de aftosa não deve interferir na avaliação que o órgão está realizando para liberar as compras de carne brasileira de regiões consideradas livres da doença. O porta-voz, no entanto, não informou o prazo para o fim das análises.
O Brasil não exporta carne "in natura" para os EUA. As autoridades norte-americanas apenas permitem a compra de carne industrializada, que não oferece risco de disseminação do vírus que causa a aftosa.
O Departamento de Agricultura dos EUA analisa a possibilidade de reduzir a proibição, permitindo a compra de carne "in natura" de regiões brasileiras consideradas livres da doença.


Com agências internacionais


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