São Paulo, sábado, 19 de junho de 2004

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Para Lessa, empresários ainda estão inseguros sobre crescimento

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, afirmou que os grandes empresários estão inseguros quanto ao crescimento do país e, por isso, não apresentam projetos.
"Os projetos das grandes empresas são tímidos ainda. Das pequenas e médias, não. Recursos há", disse, para explicar, então, qual o motivo de haver poucos projetos: "As restrições não são pelos recursos. É que o empresário só entra com projeto de ampliação quando está certo de que o mercado vai crescer. O grande empresário quer se certificar de que a economia vai crescer mesmo. Digamos que o grande empresário tem de ser prudente, tem a obrigação de ser prudente. Olha tudo com uma certa cautela".
"A indústria de cimento, por exemplo, tem ociosidade de 30% da sua capacidade de produção, e não temos projetos nessa área", completou Lessa, que falou ontem sobre "arranjos produtivos locais" em evento na Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul).
O presidente do BNDES disse, ainda, que, para o banco, "o céu é o limite". "O BNDES é um banco muito sólido e tem imensa capacidade de alavancagem de recursos. Para este ano, temos um orçamento de R$ 47 bilhões. Somos maiores que o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e vamos passar o Bird (Banco Mundial) no ano que vem", disse.
A respeito da polêmica entre Brasil e China sobre a soja, Lessa reforçou a tese de que os chineses se amparam em supostas misturas de sementes contaminadas com fungicidas a grãos sadios para baixar os preços do produto.
Questionado se haveria algum estudo do BNDES para atenuar os prejuízos causados pela China ao recusar cargas brasileiras do grão, ele afirmou: "A informação que temos é que se trata de uma batalha de natureza comercial. O Brasil tinha contratos bem estruturados para exportação de soja. Como há uma tendência de baixa nos preços da soja, o governo chinês acentuou essa queda, fazendo um exame mais rigoroso [do produto brasileiro]."

Vinícola Aurora
Lessa anunciou que o BNDES concordou em renegociar a dívida mantida pela Cooperativa Vinícola Aurora. As condições foram acertadas em 17 anos, com pagamentos de parcelas anuais corrigidas pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). A Aurora é responsável por cerca de 12% da produção nacional de vinhos deve R$ 3,3 milhões só ao BNDES.


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