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Contra ferrugem, lavoura de soja ficará vazia
Medida, chamada vazio sanitário, valerá por 90 dias a partir de 1º de julho; doença teve 2.980 focos
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
A maioria das lavouras de soja do país deverá permanecer
sem nenhum tipo de plantação
nas próximas semanas como
forma de combate à ferrugem
asiática. O procedimento de vazio sanitário foi recomendado
por uma instrução normativa
do Ministério da Agricultura no
começo do ano e deve durar 90
dias a partir de 1º de julho.
É a primeira vez que a medida é utilizada amplamente no
país. Oito Estados -entre eles
grandes produtores, como Mato Grosso e Goiás- já decidiram que vão aderir ao bloqueio.
No ano passado apenas dois Estados fizeram o procedimento.
Segundo o Embrapa, foram
registrados na última safra
2.980 focos de ferrugem asiática no país -o dobro do constatado em 2005/2006. O prejuízo
na safra foi avaliado em US$
2,19 bilhões. A Bahia foi o Estado com mais focos -846.
As punições para quem furar
o bloqueio serão determinadas
pelos Estados. Em Goiás, por
exemplo, o infrator vai pagar
multa de R$ 2.500 e, se insistir,
pode ter a plantação destruída.
Técnicos dos governos estaduais farão a fiscalização.
O objetivo da determinação é
concentrar o plantio da soja em
uma mesma época do ano como forma de interromper o ciclo da doença. Atualmente, a
ferrugem asiática é transmitida
de uma safra para a outra.
Sem plantas vivas no campo,
o esporo não sobrevive após um
período de 60 dias, segundo o
Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura. O consórcio antiferrugem, um grupo de especialistas
coordenado pelo Embrapa, estima que a doença tenha provocado perdas de 4,5% da última
safra de soja no país.
A doença, provocada pelo
fungo Phakopsora pachyrhizi,
ataca as folhas da plantação e
causa queda precoce dos grãos.
Mesmo com a implantação
do vazio sanitário, a moléstia,
que é disseminada pelo vento,
deve voltar a atingir o país em
poucos meses. Com o procedimento, no entanto, o período
em que a doença afeta as plantações será diminuído.
A Aprosoja (Associação dos
Produtores de Soja do Estado
de Mato Grosso), uma das
maiores entidades representativas do setor no país, apóia a
medida, apesar de os meses de
julho a setembro tradicionalmente serem destinados à produção de sementes.
O governo de São Paulo ainda não decidiu se vai participar
do bloqueio. No Paraná, a adesão só vai acontecer no ano que
vem.
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