São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Denise Abreu queria a quebra da Varig, afirma Teixeira

Advogado compadre de Lula insinua que a ex-diretora da Anac teria trabalhado para defender os interesses da TAM

Teixeira negou ter recebido US$ 5 milhões da VarigLog por três meses de trabalho e que esteve "raramente" com Lula após a eleição


FERNANDA ODILLA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Acusado de atuar como lobista na venda da Varig, o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, acusou ontem a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu de ter trabalhado pela falência da Varig. Ele insinuou que a ex-diretora agiu para defender interesses da TAM. A acusação, até então, era feita de forma velada.
Em entrevista à Folha após o cancelamento do depoimento que iria prestar à Comissão de Infra-Estrutura do Senado, Teixeira disse que a quebra da empresa interessava apenas à TAM e à Gol e que "Denise não tinha relação com a Gol".
O advogado ainda negou ter recebido US$ 5 milhões da VarigLog por três meses de trabalho e disse que somado o montante recebido nos últimos dois anos "vai dar menos".
Afirmou também que depois da eleição de Lula esteve com ele "raramente" e se negou a comentar se defende algum familiar do presidente, além do filho Fábio Luiz Lula da Silva. "Não afirmo nem infirmo." A seguir, trechos da entrevista.

 


PAGAMENTOS
O Audi [Marco Antonio Audi, um dos sócios brasileiros da VarigLog] fez essa afirmação [que pagou US$ 5 milhões em três meses] para tumultuar ou para me atingir. Jamais recebi esse valor. Para não deixar dúvida, nesse período, o escritório recebeu US$ 350 mil. É o valor de mercado, absolutamente de praxe. Audi já mudou a versão duas, três vezes. É um descalabro, uma injustiça, uma ingratidão do tamanho de um bonde. E a VarigLog nos deve pelo menos R$ 230 mil em custas processuais, além de honorários, de julho de 2007 até agora.

CONTRATO DE GAVETA
Era um contrato de opção de compra prevendo que qualquer das partes poderia deixar a sociedade. Não um contrato de gaveta, que é quando uma situação já se apresenta liquidada, consolidada. Nós não sabíamos do contrato porque entramos no processo em abril de 2006 [na época, fevereiro de 2006, o escritório responsável era o XBB (Xavier, Bernardes e Bragança)]. Mas, se soubéssemos, teríamos apresentado à Anac porque não significa nenhuma ilegalidade. Ele define que qualquer mudança societária deve seguir o CBAer (Código Brasileiro da Aeronáutica).

DENISE E A TAM
Milton Zuanazzi [ex-presidente da Anac] disse, na Comissão de Infra-Estrutura do Senado, em alto e bom som, que ela [Denise] jamais escondeu de todos que era favorável à quebra da Varig, que ela queria que a empresa falisse. Esse era o objetivo dela. A falência da Varig só poderia interessar à concorrência. À época, eram dois os grandes concorrentes: TAM e Gol. Denise não tinha tanta relação com a Gol. O resto fica com a dedução inteligente dos senhores repórteres.

RELAÇÃO COM LULA
Não conversei com o presidente Lula no período. Não houve, por interferência ou por intermédio, atuação nem do presidente nem da ministra Dilma Rousseff [Casa Civil].

SUCESSÃO DA DÍVIDA
Só uma mente que desconheça o Direito poderia fazer uma afirmação dessa [que o novo comprador da Varig seria obrigado a herdar as dívidas da companhia]. A decisão do dr. [Luiz Roberto] Ayub [juiz que coordenou o processo de venda da empresa] reconhecendo a não-sucessão foi antes desse parecer [de Luiz Inácio Adams, procurador-geral da Fazenda].


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