São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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Bolsa cai 2% com cenário externo negativo

Resultados ruins de empresas nos EUA afetam mercado

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem a ajuda das siderúrgicas, a Bovespa acompanhou o mau desempenho do mercado internacional e terminou o pregão de ontem com recuo de 1,97%. Com isso, as perdas acumuladas no mês foram a 7,58%.
O cenário negativo, marcado pela alta da inflação pelo mundo, o temor de elevação dos juros e o receio em relação às perdas e às dificuldades que ainda rondam o setor bancário, derrubou as Bolsas nas principais praças financeiras.
Em Wall Street, o índice Dow Jones recuou 1,08%; a Bolsa eletrônica Nasdaq teve perdas de 1,14%. Na Europa, houve quedas de 1,79% em Londres, de 1,44% em Paris e de 0,99% na Bolsa de Frankfurt.
O resultado ruim da empresa americana FedEx, importante referência para avaliar como anda a economia do país, pesou nos pregões. A empresa teve prejuízo de US$ 241 milhões no trimestre encerrado em maio e suas ações encerraram em baixa de 2,05%.
No setor bancário, ontem foi a vez de o Morgan Stanley anunciar um recuo de 60% em seu lucro líquido trimestral, que ficou em US$ 1,026 bilhão.
A nova alta do petróleo também colaborou para o dia desanimador. O barril de petróleo encerrou em alta de 1,99% em Nova York, vendido a US$ 136,68. O encarecimento do produto representa uma fonte extra de pressão inflacionária.
O pessimismo tem feito as Bolsas estrangeiras acumularem perdas relevantes em 2008. O índice Dow Jones tem baixa acumulada de 9,32% no ano; a Nasdaq sofre com queda de 8,39%. A Bolsa de Londres tem perda anual de 10,70%.
A Bovespa ao menos ainda opera no azul, com alta de 5,02% no ano.
Nesse cenário desfavorável, o Royal Bank of Scotland aconselhou seus clientes a se prepararem para momentos ainda mais críticos no mercado nos próximos três meses. Bob Janjuah, estrategista do banco, afirmou em relatório que o índice S&P 500, de Wall Street, pode recuar 300 pontos até setembro -o que representaria uma queda superior a 22% no índice no período.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, nem o "investment grade" (grau de investimento) concedido por duas agências de classificação de risco tem elevado a atratividade do mercado. Tanto que os investidores estrangeiros têm vendido pesados lotes de ações na Bovespa, em movimento inverso ao esperado. O saldo líquido das operações feitas com capital externo na Bolsa paulista neste mês, até sexta-feira, está negativo em R$ 4,74 bilhões.
As ações das companhias siderúrgicas, que haviam sustentado a alta da Bovespa na terça-feira, devolveram os ganhos ontem. Entre as maiores companhias do segmento, houve queda nos papéis Usiminas PNA (-2,76%), CSN ON (-2,70%) e Gerdau PN (-1,32%).
Uma exceção foi a ação preferencial "A" da Vale, que subiu 0,82%.
O pregão de ontem foi bastante movimentado, como demonstra o volume girado: R$ 12,2 bilhões. O vencimento de opções sobre o Ibovespa inflou um pouco o giro financeiro, mas respondeu por apenas R$ 2,8 bilhões.

Dólar depreciado
Apenas o mercado de câmbio tem mantido sua rota, com o real se apreciando. Ontem, o dólar desceu mais um pouco diante do real, 0,06%, para encerrar vendido a R$ 1,607, o que representa seu menor patamar desde janeiro de 1999.
Se o dólar tiver uma queda 0,45% hoje, romperá o piso de R$ 1,60, o que não ocorre desde 20 de janeiro de 99.


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