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Queda dos juros está perto do fim, diz BC
Ata de reunião do Copom afirma que espaço para novas reduções é "residual", o que exigirá ação mais "cautelosa" do Banco Central
Para o próximo encontro do comitê, no mês que vem, consultorias preveem corte entre 0,25 e 0,5 ponto na taxa Selic, hoje em 9,25%
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após os sucessivos cortes nos
juros desde o começo do ano, o
Banco Central afirma que o espaço existente hoje para novas
reduções é "residual", o que
exigirá da instituição atitude
"cautelosa" de agora em diante.
A avaliação foi feita na ata da
mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), na semana passada. Na ocasião, o BC surpreendeu o mercado ao reduzir a taxa
Selic em um ponto percentual
-de 10,25% ao ano para
9,25%-, quando a expectativa
da maioria dos analistas era de
uma queda de 0,75 ponto.
Dois dos oito membros do
Copom votaram por um corte
de 0,75 ponto. Sem falar em números, porém, o documento divulgado ontem afirma que toda
a diretoria do BC concorda sobre o quanto os juros devem
cair neste ano, e a discordância
estava apenas na velocidade
dessa queda.
O BC afirma que a decisão foi
consequência da desaceleração
da economia, que, embora não
tenha sido tão forte no começo
do ano como se imaginava, ainda é suficiente para conter
pressões sobre a inflação. "O
desaquecimento da demanda,
motivado pelo aperto das condições financeiras e pela deterioração da confiança dos agentes, [...] bem como pela contração da economia global, criou
importante margem de ociosidade dos fatores de produção,
que não deve ser eliminada rapidamente em um cenário de
recuperação gradual da atividade econômica", diz o BC.
Até o início da fase mais aguda da crise, no final do ano passado, a preocupação do BC era
que o consumo crescesse tão
rapidamente que as empresas
não seriam capazes de elevar
sua produção para atender todos os seus clientes, o que poderia gerar inflação.
Agora, a situação é outra:
com os cortes na produção e o
aumento do desemprego ocorridos recentemente, as empresas passaram a ter um considerável grau de capacidade ociosa
em suas plantas, que, segundo o
Banco Central, não será preenchido mesmo com a recuperação da economia atualmente
em curso.
Por isso a decisão de acelerar
o processo de corte nos juros.
Por outro lado, a ata da reunião
ressalta em mais de um momento que, apesar de ainda haver espaço para novas quedas, a
margem é "residual", sendo importante também acompanhar
os efeitos que a "expressiva flexibilização da política monetária implementada desde janeiro [queda de quatro pontos na
Selic]" terá sobre a economia.
Para Octavio Vaz, gestor de
renda fixa da Global Equity, o
documento mostra que o BC
não está preocupado com o
comportamento da inflação, e
sim com o nível de atividade.
"Na próxima reunião [do Copom, marcada para o mês que
vem], deve ter um corte de 0,25
[ponto] ou até de 0,5 [ponto],
dependendo dos indicadores
que forem divulgados até lá."
Para a LCA Consultores, a ata
indica que a Selic deve cair 0,25
ponto em julho. "O processo de
distensão monetária está perto
de se encerrar", diz relatório da
consultoria a seus clientes.
Já o economista-chefe do
Banco Schahin, Silvio Campos
Neto, diz esperar uma queda de
0,5 ponto em julho. "A tendência para a inflação é, de fato, positiva nos próximos meses, com
o IPCA devendo migrar para
um patamar abaixo do centro
da meta [de 4,5% no ano]."
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