São Paulo, sexta-feira, 19 de junho de 2009

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Queda dos juros está perto do fim, diz BC

Ata de reunião do Copom afirma que espaço para novas reduções é "residual", o que exigirá ação mais "cautelosa" do Banco Central

Para o próximo encontro do comitê, no mês que vem, consultorias preveem corte entre 0,25 e 0,5 ponto na taxa Selic, hoje em 9,25%


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após os sucessivos cortes nos juros desde o começo do ano, o Banco Central afirma que o espaço existente hoje para novas reduções é "residual", o que exigirá da instituição atitude "cautelosa" de agora em diante.
A avaliação foi feita na ata da mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), na semana passada. Na ocasião, o BC surpreendeu o mercado ao reduzir a taxa Selic em um ponto percentual -de 10,25% ao ano para 9,25%-, quando a expectativa da maioria dos analistas era de uma queda de 0,75 ponto.
Dois dos oito membros do Copom votaram por um corte de 0,75 ponto. Sem falar em números, porém, o documento divulgado ontem afirma que toda a diretoria do BC concorda sobre o quanto os juros devem cair neste ano, e a discordância estava apenas na velocidade dessa queda.
O BC afirma que a decisão foi consequência da desaceleração da economia, que, embora não tenha sido tão forte no começo do ano como se imaginava, ainda é suficiente para conter pressões sobre a inflação. "O desaquecimento da demanda, motivado pelo aperto das condições financeiras e pela deterioração da confiança dos agentes, [...] bem como pela contração da economia global, criou importante margem de ociosidade dos fatores de produção, que não deve ser eliminada rapidamente em um cenário de recuperação gradual da atividade econômica", diz o BC.
Até o início da fase mais aguda da crise, no final do ano passado, a preocupação do BC era que o consumo crescesse tão rapidamente que as empresas não seriam capazes de elevar sua produção para atender todos os seus clientes, o que poderia gerar inflação.
Agora, a situação é outra: com os cortes na produção e o aumento do desemprego ocorridos recentemente, as empresas passaram a ter um considerável grau de capacidade ociosa em suas plantas, que, segundo o Banco Central, não será preenchido mesmo com a recuperação da economia atualmente em curso.
Por isso a decisão de acelerar o processo de corte nos juros. Por outro lado, a ata da reunião ressalta em mais de um momento que, apesar de ainda haver espaço para novas quedas, a margem é "residual", sendo importante também acompanhar os efeitos que a "expressiva flexibilização da política monetária implementada desde janeiro [queda de quatro pontos na Selic]" terá sobre a economia.
Para Octavio Vaz, gestor de renda fixa da Global Equity, o documento mostra que o BC não está preocupado com o comportamento da inflação, e sim com o nível de atividade. "Na próxima reunião [do Copom, marcada para o mês que vem], deve ter um corte de 0,25 [ponto] ou até de 0,5 [ponto], dependendo dos indicadores que forem divulgados até lá."
Para a LCA Consultores, a ata indica que a Selic deve cair 0,25 ponto em julho. "O processo de distensão monetária está perto de se encerrar", diz relatório da consultoria a seus clientes.
Já o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto, diz esperar uma queda de 0,5 ponto em julho. "A tendência para a inflação é, de fato, positiva nos próximos meses, com o IPCA devendo migrar para um patamar abaixo do centro da meta [de 4,5% no ano]."


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