São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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COLAPSO DA ARGENTINA

Krueger, número 2 do Fundo, rejeita proposta de Menem

FMI desaprova dolarização no país

France Presse
Empregado do Scotiabank se acorrenta às grades do banco em protesto contra a situação do setor


JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O FMI (Fundo Monetário Internacional) desaprova o plano do ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) de dolarizar a economia argentina caso seja eleito presidente na eleição de março.
Menem defendeu a substituição da moeda local -o peso- pelo dólar durante lançamento de sua pré-candidatura à Presidência pelo Partido Justicialista (peronista), no último sábado. O ex-presidente é até agora o único pré-candidato que falou abertamente sobre a política monetária adotadaria em caso de vitória na eleição.
Apesar da transparência, a proposta não foi bem-recebida pelo FMI. Segundo o jornal "La Nación", a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger, disse a uma platéia de economistas e banqueiros que se opõe ao projeto de Menem durante um seminário sobre a crise argentina realizado em Cambridge (EUA).
A proposta de dolarização também foi atacada na Argentina, desta vez pelo ministro Roberto Lavagna (Economia). Para ele, a livre flutuação do peso se mantém como a melhor opção cambial para o país, já que as reservas internacionais -que caíram de US$ 14 bilhões para US$ 8,96 bilhões neste ano- não seriam suficientes para dolarizar a economia a um câmbio vantajoso.
O ministro também disse que existiria uma conspiração pela dolarização. "Banqueiros, economistas e políticos querem gerar uma situação hiperinflacionária na Argentina para depois impor seus projetos."
Ele afirmou ainda que não é possível reduzir as restrições para o saque dos depósitos bloqueados pelo curralzinho, como teria defendido o presidente do BC, Aldo Pignanelli, durante reunião com Krueger no seminário em Boston.
Lavagna lembrou que mais de 1 bilhão de pesos escapam por mês do curralzinho por meio de processos judiciais. Por isso, abrir o curralzinho neste momento levaria à hiperinflação.
O ministro também negou que as divergências com Pignanelli podem levar a sua renúncia e estimou em 23% a adesão ao plano de troca de depósitos bloqueados por títulos públicos. Os dados oficiais sairiam hoje.
Além de ataques a suas propostas econômicas, Menem também terá de superar a imagem negativa que carrega para vencer a eleição presidencial de março.
Segundo pesquisa do instituto Catterberg & Associados, o índice de rejeição do ex-presidente atingiu 73%. Além disso, Menem não deve ser o maior beneficiado pela desistência do governador Carlos Reutemann (Santa Fé) da corrida presidencial. A pesquisa mostrou que 69% dos eleitores de Reutemann não pretendem votar no ex-presidente.



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