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FOLHAINVEST
MERCADO FINANCEIRO
Economistas esperam que BC mantenha a taxa Selic em 16% na reunião do Copom desta semana
Meta dificulta queda do juro, dizem analistas
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária do Banco
Central), que definirá os juros básicos da economia, começa amanhã, com expectativa de manutenção da taxa, mas analistas estão atentos ao que pode ocorrer
mais à frente.
Até setembro, a maioria afirma
esperar que a taxa básica (Selic)
continue em 16%. Mesmo depois
disso, é pequena a chance de redução da taxa básica, segundo
economistas, e, se ocorrer, será
ínfima.
Junho e julho, já se esperava, seriam meses ruins para a inflação,
em razão do aumento de tarifas,
dos preços de commodities industriais, que não caem, e do petróleo, que continua a incomodar.
A preocupação, porém, é como se
dará a passagem dos preços do
atacado para o varejo.
Teme-se que em um ambiente
de aquecimento da economia seja
mais fácil repassar aumentos para
o consumidor. Como o teto da
meta de inflação é de 8%, não sobra muito espaço para acomodar
alta de preços.
Com relação à inflação deste
ano, pouco se pode fazer. Há um
espaço de cinco a seis meses para
que se percebam efeitos da política monetária. A preocupação
transborda para 2005, quando a
meta de inflação será menor, de
4,5%. "O foco agora é 2005", diz
Jorge Simino, sócio-diretor da MS
Consult.
"Não se sabe como será a absorção de preços do atacado com a
demanda aquecida -talvez superaquecida, já que se começa a
considerar que um crescimento
de 4,5% neste ano não será impossível. E aí a pergunta: não deveriam ter mexido na meta?"
A partir de setembro ou outubro, há uma pequena possibilidade, segundo analistas, de alteração nos juros. "Ou não fazem nada, ou baixam muito pouco, ou
sobem. Depende de como virá o
IPCA de agosto e de como estará o
repasse de preços do atacado para
o varejo", afirma Simino.
Para uma parcela de economistas, nos próximos meses, a inflação poderá recuar, apesar do aumento das tarifas e do petróleo,
considerando a apreciação do
câmbio e o arrefecimento de preços livres.
"O cenário externo deu uma
clareada, o real se valorizou, o que
deve ajudar a não pressionar inflação. Se tudo der certo e a situação se mantiver, a inflação deve
vir mais baixa, diz Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management.
"À medida em que as pressões
de preços administrados se dissiparem, as taxas de inflação deverão voltar para patamares próximos aos observados em meses
anteriores", segundo o Departamento de Pesquisas e Estudos
Econômicos do Bradesco.
O banco projeta manutenção de
juros até o final do ano, embora
não descarte "uma redução mais
para o final do ano, que seria modesta de qualquer forma."
Capacidade utilizada
Permanece, segundo economistas, a preocupação quanto ao nível de atividade e a sustentação
das taxas de crescimento, mencionada no último Relatório de
Inflação.
"A grande preocupação é a capacidade de oferta não se expandir. A situação é mais crítica em
alguns setores em que a capacidade utilizada é de 95% a 100%",
afirma Póvoa.
"O Brasil tem problemas regulatórios. Não se vê investimento entrando, e, com crescimento de
3,5%, 4%, pode começar a gerar
problema inflacionário. Sem crescimento da capacidade de oferta,
a possibilidade de cortar juros
não vai ser muito alta", diz.
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