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Chávez testa popularidade durante Cúpula
Movimentos sociais organizam "comício" do venezuelano paralelo à reunião do Mercosul na Argentina
DE BUENOS AIRES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No Itamaraty, há a expectativa pela Cúpula do Mercosul
que começa amanhã em Córdoba, na Argentina: que espaço
estará disposto a ocupar Hugo
Chávez?
Se depender dos movimentos sociais do continente e das
históricas Mães da Praça de
Maio, não há dúvidas: o presidente venezuelano será o protagonista e encerrará sua passagem pelo país em um evento
paralelo, "de massa", após a
reunião dos presidentes do bloco, na sexta-feira.
O local ainda não foi definido, se o estádio de Córdoba ou a
universidade da cidade, disse à
Folha o conselheiro político da
Embaixada da Venezuela em
Buenos Aires, Federico Ruiz.
"As Mães da Praça de Maio fizeram o convite pela embaixada e diretamente a Caracas e,
como tem acontecido em outras oportunidades, a proposta
é que o presidente participe de
um ato de massa", disse Ruiz.
De Caracas, a equipe de Chávez
afirma que é "provável" que ele
fale aos movimentos sociais.
Para Ruiz, o evento liderado
pelo presidente venezuelano
será uma continuação da Cúpula dos Povos, em novembro
passado, onde Chávez discursou no ginásio de Mar del Plata
condenando a Alca (Área de Livre Comércio das Américas),
impulsionada pelos EUA.
Não deve haver moderação
no discurso confrontativo de
Chávez: "Essa cúpula, de algum
modo, é um festejo, uma comemoração do aconteceu em Mar
del Plata, que foi determinante
para frear a intenção americana de impor a Alca no continente", analisa o conselheiro.
A articulação dos movimentos sociais e Chávez em Córdoba já é reflexo político da entrada da Venezuela no Mercosul.
É a primeira vez que a cúpula
do bloco concorre com uma
agenda paralela de peso. Um
dos organizadores do ato paralelo, o ex-guerrilheiro Enrique
Gorriaran Merlo, disse ao jornal "Perfil" que também discursarão o presidente boliviano Evo Morales e "é provável
que Fidel Castro venha".
Especula-se na Argentina
que o ditador cubano chegaria
entre quarta e quinta-feira. O
Mercosul assinará com Cuba
um acordo de preferências tarifárias para aumentar o comércio com a ilha, sob embargo
americano há décadas. Por
conta da política de segurança
cubana, a regra é não confirmar
a participação de Fidel.
O Brasil terá a Presidência
temporária do Mercosul a partir da sexta-feira e, além do novo fator Chávez, terá de lidar
com novas reclamações dos sócios menores do bloco. Na cúpula, o chanceler Celso Amorim reforçará a mensagem de
que o país quer lançar o "new
deal" para dinamizar as economias de Paraguai e Uruguai.
No caso do presidente Néstor
Kirchner, o ponto crítico da cúpula será coordenar o papel de
anfitrião com a "guerra das papeleiras" com os uruguaios. A
posição do Uruguai é tentar retomar o diálogo, mas Kirchner
afirmou que a luta contra as fábricas de celulose no vizinho
"está apenas no começo".
(FLÁVIA MARREIRO E EDUARDO SCOLESE)
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