São Paulo, sábado, 19 de julho de 2008

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Petrobras investirá mais na Bolívia, promete Lula

Em evento no país vizinho, brasileiro anuncia apoio para construção de rodovia local

Entre os projetos citados por Lula, estão a exploração de poços, a implantação de um pólo gás-químico e uma hidrelétrica binacional

Aizar Raldes/France Presse
Os presidentes Lula, Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela) durante evento em que o Brasil anunciou investimentos

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RIBERALTA (BOLÍVIA)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, em Riberalta (norte da Bolívia, no departamento de Beni), que a Petrobras volte a fazer investimentos em território boliviano. O presidente disse que o Brasil "pode, deve e quer" contribuir "para a prosperidade de seus vizinhos", mas ressaltou que, para que isso se torne realidade, deverá prevalecer uma "visão de longo prazo".
"Nós apostamos no desenvolvimento da Bolívia. Está clara a nossa decisão de aprofundar a nossa cooperação no campo energético. Por isso decidimos que a Petrobras tem que realizar novos investimentos na Bolívia", disse Lula, que citou a possibilidade de exploração conjunta de poços de gás com a YPFB (estatal boliviana de hidrocarbonetos).
A afirmação foi feita diante dos presidentes Evo Morales (Bolívia) e Hugo Chávez (Venezuela), em evento em que foi assinado um protocolo que destinará US$ 231 milhões, via financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para a construção de uma rodovia de 508 quilômetros ligando o norte e o sul bolivianos.
Em seu discurso, o presidente citou, ainda, os planos de uma hidrelétrica binacional e da implantação de um pólo gás-químico em parceria. "Isso depende apenas de nós dois", disse Lula, em discurso direcionado ao presidente boliviano. "Não depende de adversários ou de outros países. Basta a minha gente trabalhar com a sua gente", afirmou o brasileiro.
Em maio de 2006, tropas do Exército boliviano invadiram uma instalação da Petrobras no país no dia em que o presidente Evo Morales anunciou a chamada nacionalização da exploração do gás e do petróleo. Em 2007, o governo boliviano adquiriu por um valor considerado abaixo do de mercado duas refinarias da empresa brasileira. A Petrobras chegou a anunciar que não colocaria mais dinheiro em projetos na Bolívia, mas voltou atrás. Em dezembro, Lula foi ao país para anunciar investimentos de US$ 750 milhões até 2012.

Evo cumpre
A assinatura do convênio com o Brasil foi preparada como um comício em defesa de Evo Morales. O departamento -o equivalente a Estado no Brasil- de Beni é um dos principais focos de oposição ao seu governo. No dia 10 de agosto, está marcado "referendo revogatório" que colocará em questão os mandatos de 8 dos 9 governadores, 6 deles opositores, e do presidente, Evo Morales.
Realizado em um estádio de futebol, o evento com os presidentes tinha palanque, claque e faixas de apoio a Morales. Para proteger os presentes do sol escaldante, chapéus de papel com a inscrição "Evo cumpre" foram distribuídos.
Os discursos dos presidentes visitantes seguiram na mesma linha. Lula ressaltou a importância "simbólica" da eleição de "um índio" para a presidência da Bolívia. "Sua eleição foi muito mais significativa do que a eleição de um metalúrgico para a presidência do Brasil".
Chávez citou em discurso a "generosidade" do Brasil. "Este é um aporte [o financiamento para a construção da rodovia] que não veio do FMI, mas da mão generosa do Brasil", disse.


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